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Cientistas identificam dois genes relacionados à homossexualidade

Mas isso não significa que herança genética é determinante na orientação sexual

Redação iBahia • 08/12/2017 às 9:30 • Atualizada em 31/08/2022 às 20:42 - há XX semanas

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Há muito a comunidade científica suspeita que a orientação sexual tem relações com a herança genética, e um estudo publicado nesta quinta-feira na revista “Scientific Reports” revelou a evidência mais consistente para a tese. Pesquisadores liderados por Alan Sanders, da NorthShore University, em Evanston, Illinois, realizaram o primeiro estudo de associação do genoma completo comparando o DNA de 1.077 homens homossexuais e 1.231 homens heterossexuais. Os resultados identificaram dois genes aparentemente relacionados com a homossexualidade.
— Como a sexualidade é uma parte essencial da vida humana, para indivíduos e para a sociedade, é importante compreender o desenvolvimento e a expressão da orientação sexual — explicou Sanders. — O objetivo deste estudo foi buscar as bases genéticas da orientação sexual masculina e, portanto, aumentar o nosso conhecimento dos mecanismos biológicos subjacentes à sexualidade.
Todos os participantes eram de ascendência europeia e forneceram amostras de DNA por sangue ou saliva, que foram sequenciados. Para a análise, os pesquisadores identificaram regiões genéticas de ocorrência do polimorfismo de nucleotídeo único, variações que afetam apenas uma base, ou “letra” (A,T,C ou G) do ácido desoxirribonucleico. E duas regiões chamaram a atenção dos cientistas, nos cromossomos 13 e 14.
— Os genes mais próximos desses picos têm funções plausivelmente relevantes para o desenvolvimento da orientação sexual — apontou Sanders.
No cromossomo 13 os cientistas identificaram o gene SLITRK6, que se expressa no diencéfalo, região do cérebro que contém uma estrutura que varia de tamanho de acordo com a orientação sexual, segundo estudos anteriores. No cromossomo 14, as associações mais significativas foram no gene TSHR (Thyroid Stimulating Hormone Receptor), uma dos genes que se expressam na tireoide, mas também em outros tecidos, especialmente no cérebro.
Contudo, os pesquisadores ressaltam que a identificação de genes possivelmente relacionados à homossexualidade masculina não significa que todos que possuam essas variações genéticas sejam gays. No estudo, os cientistas ressaltam que a orientação sexual masculina é apenas “moderadamente herdada”, com a genética respondendo por 30% a 40% da explicação.
“(A orientação sexual) é multifatorial, com evidências de contribuições genéticas e ambientais múltiplas”, destaca o estudo. Essa é a mesma percepção de outros especialistas.
— Traços como ser gay parecem envolver muitos genes e influências ambientais, talvez tanto no útero como após o nascimento, que podem ter efeitos fortes — comentou Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick. — Além disso, correlação não significa causalidade. (...) Se uma variante genética mostra alguma correlação com a orientação sexual, isso não significa que o gene é, de forma alguma, responsável por ser gay. Só significa que tem alguma associação com um traço que é mais provável de ser encontrado.
Para a comunidade científica, o estudo realizado em NorthShore é inicial, e precisa ser replicado em amostras maiores. Para serem considerados robustos, os estudos de associação do genoma completo normalmente envolvem mais de cem mil participantes.
— Esse estudo analisou um número relativamente pequeno de homens — comentou Nina McCarthy, da Universidade de Western Australia. — Resultados de estudos pequenos são menos prováveis de serem robustos e generalizáveis.
Para Ilan Dar-Nimrod, da escola de Psicologia da Universidade de Sydney, na Austrália, pesquisas como a realizada por Sanders e sua equipe são delicadas por serem incorporadas aos discursos sobre a homossexualidade. Ativistas argumentam que se a orientação sexual é influenciada pelos genes, a atração por pessoas do mesmo sexo é imutável, determinada no nascimento, não uma escolha.
— Mas (esse discurso) pode levar as pessoas com pensamento anti-gay a polarizarem suas visões em vez de mitigá-las — analisou Dar-Nimrod. — Nesse caso, resulta numa pessoa heterossexual sentir claramente um “nós” e “eles”, que leva ao distanciamento do “eles”. E esse sentimento pode alimentar o preconceito.

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