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Coluna ValoRH: Os empregos mais ameaçados pela tecnologia

Pesquisadores buscaram inferir que profissões estariam ameaçadas pelo crescente poder computacional das máquinas

• 16/04/2014 às 8:50 • Atualizada em 29/08/2022 às 3:26 - há XX semanas

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A discussão acerca do futuro do emprego vem sendo motivadora recorrente de numerosos estudos, notadamente na Academia, ou seja, dentro das Universidades. Dentre vários trabalhos publicados a este respeito, chama atenção um estudo divulgado, em Setembro de 2013, por dois pesquisadores da Oxford Martin School e da Universidade de Oxford, que se preocuparam em fazer uma pesquisa que correlaciona o impacto computacional das novas tecnologias e sua influência no emprego. Em outras palavras, através de intensa pesquisa e métodos científicos de análise eles buscaram inferir que profissões estariam ameaçadas pelo crescente poder computacional das máquinas.
Se você nunca se preocupou se poderia perder o seu emprego para uma máquina, seria interessante estudar um pouco de história. Recuando aproximadamente 100 anos na história, veremos que o próprio conceito de emprego é algo muito recente na história da humanidade. Na verdade, antes do século XX, eram muito poucos aqueles que poderiam contar com um emprego formal, e mesmo assim sem qualquer direito ou garantia. As opções então não eram muitas, restritas a uma carreira militar, à batina ou então uma posição na corte, se tivesse sorte. Se não se fosse dono de terras, não restavam muitas opções a não ser trabalhar para um fazendeiro ou se aventurar em atividades como tropeiro ou garimpeiro. O conceito de emprego tal como o conhecemos não é, portanto, garantido e muito menos assegurado na história da humanidade. Diante do alerta de que nada está garantido, e de volta ao nosso mundo atual, não é difícil perceber o grande avanço tecnológico que vem tomando conta das “coisas”. Pense no seu Smartphone e nas aplicações ali embutidas. Tomando como exemplo os dados da Apple, que podem ser similares ao dos sistemas Android, na época do seu lançamento estavam disponíveis apenas 500 aplicações. Hoje são 1 milhão ou mais. O que isto significa exatamente ? Se você parar para pensar um pouco não será difícil concluir que você pode fazer quase tudo com o seu smartphone, desde comprar bilhetes aéreos, reservar hoteis, chamar um taxi e comprar coisas. Tudo isto envolve você e o Smartphone e pode ter certeza de que alguns empregos foram eliminados neste processo. Por exemplo, quando você chama o taxi por um serviço online será que uma atendente telefonista não perdeu o seu emprego ? Se você compra sua passagem e acerta seu hotel pela internet, é um agente de viagem a menos. E este poder computacional todo está concentrado em um aparelho de mão ! O que mais poderá vir à frente ? Estamos diante do desenvolvimento de máquinas que aprendem, isto mesmo, “máquinas que aprendem”, ou Machine Learning em inglês – ML. Elas ganharam maior notoriedade quando um sistema desenvolvido pela IBM, nomeado como Watson, demonstrou ser capaz de derrotar humanos em um programa de perguntas e respostas nos USA. Mais ainda, este mesmo sistema é capaz de correlacionar dados de milhares de pesquisas, tratamentos, dados e registros de pacientes de... câncer ! Ora, se este sistema, um poderoso sistema computacional é capaz de analisar os dados de um paciente, e comparar estes dados, sintomas, tratamentos e medicamentos disponíveis, ele poderá ser capaz de sugerir uma terapia ! Por mais herético que possa parecer, um sistema deste tipo já vem sendo empregado como sistema-oncologista, que a partir de exames e dados do paciente consegue sugerir o tratamento de câncer mais adequado com precisão e rapidez impressionante, mais rápido do que um médico humano. E não estamos falando apenas do tratamento de câncer, que é mais complexo, mas de vários outros tipos de doenças que muitas vezes os médicos não conseguem diagnosticar. O computador pode. A medicina diagnóstica está prestes a sofrer uma revolução e em poucos anos não se surpreenda se você se consultar com um computador. E este computador poderá estar localizado até mesmo em outro país. Sistemas que compreendem linguagem natural já são capazes de entender as perguntas do ser humano e interagir com ele e responder com grande precisão ao que é questionado. Isto é Inteligência Artificial disponível no mercado. É portanto questão de tempo até que quase todo o sistema baseado em busca de informação por parte do usuário seja completamente automatizado. A Amazon, maior varejista online do mundo adquiriu, não por acaso, recentemente um fabricante de robôs, chamada Kiva. Tais robôs são capazes de movimentar prateleiras e peças em grandes armazéns sem qualquer intervenção humana. O mesmo ocorre em colheitadeiras especiais e grandes caminhões de minério. Mas não se exaspere, pois muito disto não chegou aqui ainda, pelo menos não em uma escala que possa causar preocupações imediatas. O fato, contudo, é que tais tecnologias já existem e, já foram provadas economicamente viáveis. Com a redução de custo derivado da economia de escala, terminarão por chegar até nós, cedo ou tarde. Se você duvida, não custa lembrar que o sistema da Apple começou com apenas 500 aplicativos e hoje ultrapassou 1 milhão. O que o estudo dos dois pesquisadores de Oxford fez foi levantar o grau de vulnerabilidade que as profissões apresentariam diante do avanço da “computerização”. Ou seja, eles procuraram prever que empregos estariam ameaçados diante do avanço das tecnologias de robôs e máquinas inteligentes, que são capazes de aprender. O resultado foi surpreendente. Na verdade, eles analisaram 702 profissões e elencaram desde as mais vulneráveis até aquelas mais vulneráveis. Se não podemos espelhar exatamente o que ocorre na Europa ou Estados Unidos para o Brasil, podemos ainda assim fazer algumas previsões. Quem já viajou para os Estados Unidos e Europa já deve ter percebido que vários empregos que requerem assistência humana direta foram eliminados nestes países, tais como frentistas de posto de gasolina e numerosas ocupações relacionadas com o receptivo e a venda de bilhetes. No Brasil tais empregos foram preservados, visto que nos encontramos em um estágio de desenvolvimento diferente. Tomando como base estes exemplos, podemos supor que a onda representada pela “computerização” deve levar algum tempo para se fazer sentida em um país como o Brasil. O lado bom desta tendência é que isto nos dá tempo de sobra para nos prepararmos. O alerta, contudo, está dado. Quem está investindo em uma profissão hoje deve tomar cuidado com o que esta evolução tecnológica poderá representar para o seu emprego. De forma geral, os empregos que estão sob ameaça agora são aqueles que envolvem tarefas rotineiras, principalmente em escritórios, como gerar relatórios, fornecer informações que estão em banco de dados e muitas das tarefas manuais que envolvem o setor de logística. A novidade que este estudo trouxe é que até mesmo atividades dadas como sagradas, como as dos médicos, podem estar sob ameaça. Os profissionais que se encontrarem no nível mediano de formação, principalmente aqueles que se dedicam a diagnosticar e prescrever, somente, podem estar ameaçados. Mesmo em UTI´s a previsão é que os pacientes sejam cuidados exclusivamente por máquinas inteligentes, que seriam capazes de monitorar, dosar medicamentos, controlar e aplicar medidas emergenciais. Independemente da barreira que venha a ser imposta pelas classes profissionais e suas corporações, é uma tendência mundial. Com o envelhecimento da população nos países desenvolvidos não haverá profissionais humanos suficientes para tomar conta dos idosos, sobretudo em idade muito avançada. Quem tomará conta deles ? Ora, as máquinas. Tudo isto pode parecer herético, e envolverá muitas discussões éticas e morais. É certo que debates, disputas, divergências e lutas serão travadas quando a máquina finalmente começar a tomar o lugar do homem em profissões que antes requeriam estudo mediano e habilidade com execução de rotinas. É por isto que se discute tanto a questão do fim do emprego. Já se sabe que não é preciso um piloto de avião para pilotar um avião de passageiros. A tecnologia para isto está disponível. Mas seria aceitável ? Quem voaria em um avião sem piloto ? Não teríamos como elencar todas as profissões que estariam mais protegidas e guarnecidas contra o avanço da tecnologia, nem quais estariam sob maior ameaça, mas podemos elencar alguns grupos que estariam mais ou menos protegidos. Dentre os grupos mais vulneráveis, segundo o estudo, estariam os trabalhadores em telemarketing, auxiliares e ajudantes de escritório em geral, caixas, agentes de viagem, corretores em geral, operadores de máquinas, bibliotecários e reparadores de equipamentos, como relógios, telefones e computadores. Os grupos menos vulneráveis incluiriam Terapeutas em geral, trabalhadores ligados à saúde mental, fonoaudiólogos, engenheiros de vendas, microbiologistas, cientistas em geral, coreógrafos, artistas, professores. Destacamos algumas profissões nesta extensa lista para demonstrar que dentre as profissões que não podem ser substituídas estão aquelas que envolvem os especialistas em lidar com pessoas, idosos e crianças, bem como aquelas profissões relacionadas às artes e à criatividade. Por outro lado, pela primeira vez estão sob ameaça as profissões que envolvem o pessoal administrativo, que realiza tarefas rotineiras em escritórios, bem como médicos não-cirurgiões limitados à medicina de diagnóstico. Muitas tarefas hoje são realizadas em escritórios agora se encontram sob ameaça. Portanto, a ameaça agora é a eliminação – por redução, de empregos na faixa média de especialização em qualquer profissão, mesmo na área médica. Ainda estamos muito nos primórdios desta nova era de mudanças e é bastante provável que o reflexo desta nova etapa da revolução tecnológica seja sentido somente daqui a alguns anos. Porém, não seria seguro apostar em profissões de caráter rotineiro e não especializadas. E uma das primeiras profissões a ter a sua morte decretada é a do profissional de telemarketing. Não aposte muito nela como uma profissão de longo prazo. Mas você pode tomar medidas para se proteger destas ameaças. O aprimoramento contínuo é a única forma de manter-se à frente da máquina. Aprenda mais rápido do que ela.

Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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