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SALVADOR

Comerciante é morto por se negar a guardar armas de bandidos

No início da manhã de ontem, quando passava na Caixa d'Água, Neivaldo foi assassinado com vários tiros na cabeça. A vítima estava numa moto, que foi fechada por um Fiat Uno, ocupado pelos criminosos

• 23/07/2011 às 9:42 • Atualizada em 29/08/2022 às 1:22 - há XX semanas

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Implacável, a lei do tráfico no IAPI não é aplicada apenas aos usuários e às quadrilhas rivais. Aqueles que desafiam o regime também são sentenciados à morte. Assim aconteceu com o comerciante Neivaldo de Jesus, 38 anos. Morador da invasão do Brongo, ele vinha recusando fazer de sua mercearia um depósito de armas dos traficantes da região. No início da manhã de ontem, quando passava na Caixa d'Água, Neivaldo foi assassinado com vários tiros na cabeça. A vítima estava numa moto, que foi fechada por um Fiat Uno, ocupado pelos criminosos. O delegado Alex Gabriel Chehade, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que iniciou as investigações, foi informado por familiares de que o comerciante vinha sendo ameaçado por traficantes do Brongo, local onde a vítima morava e mantinha a Mercearia do Araketu. “Ele vinha sendo pressionado para colaborar com o tráfico”, declarou o delegado. Agentes da 2ª Delegacia, na Lapinha, informaram que as bocas do Brongo são controladas por Anderson Souza dos Santos, o Baco, Alessandro Santos, o Marreco, e um rapaz apelidado de Sem Dente. Os três impõem o terror na região e querem se expandir para o bairro de Santa Mônica, localidade vizinha. Na ocasião do crime, os bandidos fugiram com a pochete de Neivaldo, com dinheiro e documentos. No entanto, para o delegado Alex Chehade, a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) está descartada. “Impossível alguém ter sido vítima de latrocínio com tantos tiros, todos na cabeça”, declarou. Execução Na sexta-feira, Neilvado saiu de casa rumo à Feira de São Joaquim, como de costume. Ele acordou cedo para comprar produtos para sua mercearia. Por volta das 6h, ele passava de moto na Rua Saldanha Marinho. Em circunstância não definida, a moto foi interceptada pelo Fiat Uno no início da ladeira do Hospital Ana Nery, sentido Largo do Tamarineiro. “Estava para abrir a borracharia, quando escutei os primeiros tiros. Quando fui ver o que estava acontecendo, o cara já tinha disparado mais de dez vezes e depois entrou no Uno. O carro fez a volta e seguiu em disparada no sentido Liberdade”, contou o borracheiro Edcarlos de Souza, 28 anos. Neivaldo tombou em frente a uma residência e posteriormente foi levado por populares ao Hospital Ernesto Simões Filho, no Pau Miúdo, onde chegou morto. Impressionado com a ação, Edcarlos revelou detalhes da cena do crime. “Quando cheguei perto do local onde ele foi baleado, só encontrei a sandália dele e um rio de sangue. Então, joguei água, a pedido do dono da casa, que não queria passar com o carro por cima do sangue”, contou. Edcarlos não conhecia o comerciante . “Não conheço ele , mas ouvi dizer que ele é trabalhador, que não é envolvido com coisas erradas”, disse. CâmeraComo poucas pessoas testemunharam a execução, policiais da DHPP esperavam contar com uma câmera de segurança posicionada em uma das casas próximas à cena do crime. “Porém, não será possível. O dono do imóvel disse que a câmera filma, mas não grava, porque estava sem fita”, disse o delegado Alex Chehade. Pouco depois das 9h, parentes e amigos do comerciante chegaram ao Ernesto Simões. Como os bandidos tinham levado a pochete da vítima, Neivaldo chegou à unidade médica como indigente. “A mãe e mulher dele não estavam em condições emocionais para fazer o reconhecimento. Então, quem entrou e resolveu todos os trâmites para levar o corpo para IML (Instituto Médico-Legal) foi a cunhada da vítima, que ficou chocada com a cena”, contou um policial civil que trabalha no hospital. A moto de Neivaldo foi levada para o pátio da DHPP, onde posteriormente será encaminhada para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT). Polícia só entra no Brongo com reforçoComunidade Brongo, no IAPI, às 11h da manhã. Um carro do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) chega à localidade com quatro policiais, entre eles o delegado Alex Gabriel Chehade. Horas depois do crime, os policiais da DHPP foram em busca de pistas, na mercearia e na residência de Neivaldo, que pudessem levar aos autores do crime. No entanto, pouco depois de conversar com alguns moradores da área, a guarnição desistiu de realizar a incursão até a casa e a mercearia da vítima. A princípio, a equipe havia solicitado apoio à sede do departamento , mas não tiveram êxito. “Aqui, a articulação do tráfico é muito forte. Existem várias bocas espalhadas e existe uma grande possibilidade de sermos surpreendidos. Somos apenas quatro. Já percebemos que ao nosso redor tem pessoas infiltradas deles (traficantes)”, declarou o delegado Chehade, que decidiu retornar ao local às 14h, mas com reforços. Por volta das 13h30, o CORREIO manteve contato com o delegado, que confirmou que a incursão à residência e mercearia de Neivaldo contaria com o apoio de agentes da 2ª Delegacia, na Lapinha. Às 14h, o CORREIO procurou a delegada Heleneci Nascimento, titular da 2ª DP. A delegada informou que a unidade foi comunicada pela manhã, mas que à tarde não houve confirmação. Em seguida, a equipe manteve contato com familiares do comerciante, que aguardavam a perícia nos dois imóveis no Brongo. Nos locais estão os documentos de Neivaldo, necessários para a realização do enterro. Diante do impasse, os familiares usaram o cartão de benefício do INSS para liberar o corpo do Instituto Médico Legal. O enterro do corpo do comerciante será hoje, às 11h, na Quinta dos Lázaros 1 Anderson dos Santos , o Baco, é líder do bando e já foi preso duas vezes por agentes da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE). Também preso por tráfico, ele passou um bom período no xadrez da 23ª Delegacia, em Lauro de Freitas. Ele é acusado de tentativa de homicídio contra o policial militar Emerson de Andrade Pereira, em outubro do ano passado. O PM abordava um suspeito numa lanchonete quando Anderson apareceu e atirou. 2 Alessandro Santoso Marreco também já foi preso por agentes Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE). Ele é o homem de confiança de Baco. É o gerente das bocas do Brongo e responsável por montar as estratégias de ataques aos rivais Gel e Bucha de Sena, que controlam o tráfico na Santa Mônica. 3 Rapaz identificado como Sem Dente é um matador implacável, segundo a polícia, apesar do corpo franzino e da estatura mediana. Moradores relatam que, sob o comando de Baco, ele já praticou vários homicídios. 4 Um jovem apelidado de Quel é considerado ão impiedoso quanto Sem Dente. Quel é apontado como autor de alguns execuções na região. Há informações de que ele já esteve preso na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), na Baixa do Fiscal.

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