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SAÚDE

Estímulo precoce permite superar o isolamento do espectro autista

Entre os dias 24 e 26, Salvador receberá um encontro que vai discutir as novas abordagens para tratar o autismo. Iniciativa pretende fortalecer as políticas públicas de estímulo e inclusão

• 06/04/2014 às 13:21 • Atualizada em 31/08/2022 às 5:32 - há XX semanas

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A descoberta do autismo ocorreu na vida de Janaína Brás quando o seu filho havia completado 2 anos. Até então, o pequeno Adonai apresentava um desenvolvimento normal para a idade. Desde então, ela abandonou o trabalho e, sozinha (o pai do garoto morreu), tem enfrentado uma cruzada pessoal para que o pequeno, hoje com 5 anos, tenha direito de crescer e se desenvolver. Na última terça-feira, ela esteve num ato, realizado por um grupo de mães, em frente à antiga escola de puericultura Raimundo Pereira de Magalhães, localizada no Campo Grande, onde estão sendo finalizadas as obras para implantação de um centro de referência para atendimento da pessoa com espectro autista. A manifestação pedia a continuidade dos trabalhos, uma vez que a obra está parada em virtude de um impasse entre o governo do estado e a Liga Álvaro Bahia/Martagão Gesteira. A gestão pública - através da Secretaria da Saúde - argumenta que todo o valor da obra, orçado em R$ 1.126.837,41 bilhão, já foi todo transferido.
Janaína Brás trava uma luta diária para que Adonai tenha seus direitos de assistência assegurados (Foto: Robson Mendes)
A Liga diz que ofereceu um imóvel, acompanhou a obra e que precisa de um aditivo para que a mesma seja concluída, pois novos gastos surgiram no processo de requalificação do prédio. Com a implantação do Centro, mães como Janaína não precisariam brigar na Justiça para ter atendimento multidisciplinar nem passar pelo constrangimento de não conseguir matricular o filho autista em escolas regulares. O filho de Janaína, por exemplo, recebe o suporte pedagógico da Associação Amigos do Autista (AMA) e tem o acompanhamento psiquiátrico mensal, através do Hospital das Clínicas (Hupes/Ufba). Antes, ela havia tentado matricular o filho numa escola municipal no bairro de Nazaré e teve o pedido rejeitado em razão da condição da criança. “Se o Centro já tivesse em funcionamento, nós teríamos a possibilidade de contar com um melhor suporte para tratar e oferecer melhor qualidade de vida e desenvolvimento”, diz. Estímulos O protesto de Janaína tem o apoio dos profissionais de saúde que tratam o autista. De acordo com a psicóloga Cláudia Mascarenhas, que integrou a Comissão responsável por elaborar a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, aprovada em 2012, é possível fazer com que crianças com espectros autísticos consigam sair do chamado fechamento ou cegueira mental, que é o total isolamento com o mundo. Para tanto, é fundamental que a detecção e as intervenções comecem cedo, sempre acompanhado de profissionais experientes na área da psicologia e na especialidade onde a dificuldade for mais evidente, a exemplo do da linguagem ou da expressão corporal e sensorial.
Na frente do futuro Centro, a expressão da indignação dos pais (Foto: Robson Mendes)
Ela salienta que mesmo quando a identificação do autismo é feita de forma tardia, há chance de estimulação e, consequentemente, de uma evolução positiva. “O autismo é uma perturbação multifatorial de causas desconhecidas pela ciência, no entanto, sabe-se que o transtorno costuma se manifestar precocemente e que a identificação é feita quando a capacidade de comunicação, a interação social ficam comprometidos e o indivíduo apresenta interesses restritos e repetitivos”, explica a especialista que, nos dias 24 a 26, participará do encontro internacional Perturbações Autísticas: dos Novos Conhecimentos às Novas Abordagens Clínicas. O autismo ou transtorno global do desenvolvimento surge, geralmente, acompanhado de outras manifestações como as fobias, perturbações do sono ou da alimentação, agressividade contra o próprio indíviduo. Estima-se que existam 70 milhões de portadores do transtorno em diversos níveis e que, para cada cinco portadores, quatro sejam masculinos, porém, a tendência é que o problema seja mais grave no sexo feminino. No Brasil, não há estatísticas sobre a incidência do autismo. Todo o tratamento é realizado por meio de equipe multidisciplinar que atua com intervenções psicoeducacionais, orientação familiar, desenvolvimento da linguagem e comunicação. Impasse As dificuldades na finalização da obra - que começou por meio de uma parceria entre o governo do estado e a Liga Álvaro Bahia, assinada em 5 de setembro de 2012 – do Centro de Atenção Psicossocial à Infância e Adolescência (CAPSia), destinado ao atendimento e capacitação dos profissionais para a clínica dos Transtornos do Espectro do Autismo, divide opiniões. De acordo com a diretora de projetos da Liga, a médica Adriana Cardoso, a obra física está 85% concluída. “Os 15% restantes necessitam desse aditivo para ser entregue”, esclarece a representante do Martagão Gesteira, ressaltando que a reforma é apenas um terço do investimento necessário para abertura do centro. “É preciso que o governo assine ainda um contrato de trabalho que garanta a organização do atendimento e a montagem do equipamento para assistência”, completa a médica, lembrando que a solicitação do recurso foi encaminhada há um mês para a Secretaria Estadual da Saúde. “O nosso projeto já foi entregue e estamos cumprindo o que nos propusemos a realizar”, diz. O temor dos familiares e amigos dos autistas, e motivo que os mobilizou para o ato um dia antes do Dia da Mobilização Mundial a Favor dos Autistas, é a proximidade das eleições, que pode terminar por protelar ainda mais a entrega do espaço. O advogado especializado em Direito Público José Souza Pires, no entanto, lembra que o estado não pode parar por conta do processo eleitoral e que, mesmo não havendo mais recursos para a obra, uma vez que todo e qualquer investimento precisa ser previsto no orçamento anual, é possível fazer um remanejamento de dotação orçamentária. “A lei só impede que a autoridade que se candidate inaugure obras”, conclui. Dia da Voz: Campanha promove atendimento gratuito para a população Entre os dias 14 e 16 será realizada mais uma edição da Campanha da Voz promovida pela Associação de Fomento da Otorrinolaringologia da Bahia e pelo Inooa. A iniciativa oferece assistência gratuita. Para agendar atendimento, ligue no 71 3036 4885. A ação será feita na sede do Ambulatório Docente Assistencial Deputado Isaac Marambaia, na Rua Metódio Coelho, nº 55 – Cidadela. Livro ajuda a lidar com o cotidiano do portador de espectro autista Em comemoração ao mês do autismo, a Editora Íthala lança a obra Autismo: Perspectivas no Dia a Dia. A fim de ajudar crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) a conquistarem autonomia, essa obra apresenta informações atualizadas da parte médica, educacional e terapêutica para auxiliar pais e profissionais a trabalharem no seu desenvolvimento. Com linguagem simples e clara. Matéria original: Correio 24h Estímulo precoce permite superar o isolamento do espectro autista

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