A matriz energética brasileira tem buscado cada vez mais soluções sustentáveis para ampliar ainda mais a participação de fontes renováveis. Primeiro foi com as hidrelétricas e, agora, com a produção eólica e solar. Mas há espaço também para tirar energia do lixo. Com potencial para gerar até 30 megawatts (MW) de energia a partir do aproveitamento de lixo urbano, o Grupo Solví inaugura hoje em São Paulo a Termoverde Caieiras. É a terceira usina do grupo e a maior termelétrica movida a biogás de aterro sanitário do Brasil. “É um projeto que vai garantir que o biogás que está sendo gerado no aterro possa ser tratado e em vez de ser jogado para a atmosfera se transforme em energia limpa”, pontua o diretor da térmica, Carlos Bezerra.
Com investimentos na ordem de R$ 100 milhões, a nova usina está situada na Central de Tratamento e Valorização Ambiental (CTVA) e teve autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para iniciar a operação no mês de julho. “A energia gerada é direcionada para venda no mercado livre, diretamente para o consumidor ou uma comercializadora com zero de custo no transporte por ser uma energia renovável”, explicou Bezerra.
O que vai ser novidade para São Paulo já é realidade na Bahia desde 2011. A Termoverde Salvador, que também integra o Grupo Solví, tem capacidade de geração de energia de 19,73 MW e diariamente transforma cerca de 2,8 mil toneladas de lixo em energia elétrica. Tanto a térmica e o Aterro Metropolitano Centro (AMC), no bairro de São Cristóvão, utilizam a energia gerada pela usina. “O potencial de Salvador está sendo explorado em toda sua plenitude. Operamos em plena capacidade”, afirma o gerente operacional da Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos (Battre), Bruno Tyaki. Só para se ter uma ideia, a energia gerada pela usina equivale ao suprimento de consumo de energia para 200 mil pessoas. “Somos pioneiros. A Termoverde Salvador foi a primeira térmica do Nordeste. Hoje, a energia que sai daqui é nacionalmente comercializada no mercado de energia”, pontua o gerente de operação da usina, Danilo Laerte.
O combustível necessário para a geração de energia é decorrente da decomposição dos resíduos orgânicos depositados no aterro, o que torna a biomassa uma energia limpa e renovável (veja o processo no infográfico acima). “As residências geram o resíduo. Fazemos esta coleta. A partir disso há a separação dos resíduos. O material orgânico vai para o aterro até entrar em decomposição e gerar o gás metano e sai da térmica em forma de energia”, explica Bruno Tyaki sobre como é gerado este tipo de energia.
O diretor da Termoverde Caieiras, que também foi responsável pela implantação da Termoverde Salvador, Carlos Bezerra, ressalta o potencial da Bahia em termos de geração de energia a partir do biogás. “O potencial do segmento é enorme. A Bahia tem outros aterros com condições de gerar mais energia limpa e também estamos começando a olhar a possibilidade de geração de energia a partir da vinhaça, do álcool e do açúcar, que têm uma forte produção em todo Nordeste”.
