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Mulher sofre racismo na praia e filma parte da agressão

Segundo Sulamita, a mulher conversava com o marido e duas jovens num volume alto o suficiente para ser escutado com clareza

Redação iBahia • 30/08/2016 às 20:47 • Atualizada em 01/09/2022 às 11:52 - há XX semanas

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Era para ser um domingo de sol e diversão na Praia da Reserva, mas o passeio de Sulamita Mermier, de 31 anos, se transformou num verdadeiro transtorno quando frases como “Nasça branca da próxima vez” e “Você é uma complexada por ter cabelo duro” entraram em cena. As “pérolas” foram ditas por uma mulher que se revoltou quando percebeu que a agente de viagens gravava alguns de seus impropérios racistas, tornando-se alvo da fúria da banhista. Por fim, policiais da 16 ª Delegacia de Polícia levaram a mulher para prestar esclarecimentos, e ela foi presa em flagrante por injúria e injúria por preconceito, mas liberada provisoriamente após pagar fiança de R$ 500.
Segundo Sulamita, a mulher conversava com o marido e duas jovens num volume alto o suficiente para ser escutado com clareza. E, enquanto relatava orgulho de ser descendente de alemães, chegou a chegou a repetir a famosa saudação nazista “Heil, Hitler”. Foi quando decidiu registrar o que presenciava.
"Ela não parava de falar os maiores absurdos racistas e comecei a ficar incomodada. Até o marido dela chegou a alertá-la que acabaria presa, mas ela não parou. Não falei nada com ela, mas decidi gravar um áudio. Quando o marido dela percebeu, ela ficou exaltada e decidiu voltar os insultos para mim", explicou Sulamita.

				
					Mulher sofre racismo na praia e filma parte da agressão
A agente de viagens conta que decidiu fazer o vídeo quando a polícia já estava a caminho, e acabou gravando cerca de um minuto da confusão que, segundo ela, já contabilizava mais de duas horas. A mulher parte em direção à câmera de maneira desafiadora e joga um beijo antes de começar a falar: “Eu não tenho culpa de você se sentir agredida por ser mulata, amor. Você é uma complexada. Nasça branca. Entendeu? Você nasceu mulata, fazer o quê?”, diz.
"Eu não tenho nenhum problema em ser mulata, mas eu não entendi toda aquela raiva com pessoas de outra cor. A maneira como ela julgava a cor da pele das pessoas era mais do que absurda, especialmente num país como o Brasil. Eu não sabia o que fazer, então gravei o que ela dizia, mas quando ela veio falar comigo eu não sabia nem como me defender. Não queria ofendê-la", diz Sulamita, lembrando de alguns dos momentos que considerou mais ofensivos: "ela chegou a dizer para eu tomar sol no penico, que tinha nojo do meu marido, que é estrangeiro (suíço), que tinha nojo dele por tocar em mim", contou.
Em outro trecho da gravação, a mulher nega que tenha se dirigido a Sulamita. “Eu não chamei você de mulata, eu estava conversando com a minha família e você se ofendeu. Sorry, você é mulata. Eu não tenho culpa. Dá graças a Deus que você pegou um alemão (em referência ao marido de Sulamita, um suíço)”. Depois, desafia a agente de viagens a ir à delegacia: “Você vai pagar mico, porque eu não sei quem você é. Eu sei quem eu sou. Você, nunca vi. Tem que vir pra cá por quê? Faz um penico no fundo da sua casa para pegar sol!”.
Já era fim de tarde quando policiais chegaram à praia e a levaram prestar esclarecimentos na 16ª Delegacia de Polícia da Barra, onde o caso foi registrado.
"Não tinha como ouvir tudo aquilo sem fazer nada, e não quero de verdade que ela apenas tenha que pagar cestas básicas no final do processo. Quero justiça. Não a agredi, mas procurei meus direitos. O pior é que, na internet, as pessoas têm comentado o vídeo como se fosse exagero meu, e como se eu não tivesse gostado de ser chamada de mulata. Tenho orgulho da minha cor, não é 'mimimi'", afirma.
Os últimos momentos do vídeo são marcantes. "Nasça branca da próxima vez. Você é uma complexada, entendeu? Por ter cabelo duro", disparou a mulher. Postado no Facebook por um amigo de Sulamita, o registro já tem mais de trinta mil compartilhamentos e foi visto mais de duas milhões de vezes.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, a suspeita não poderá deixar a cidade do Rio de Janeiro sem autorização judicial durante o processo e terá que se apresentar ao juiz todo mês.

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