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MÚSICA

Percpan destaca a percussão intimista em Santo Amaro e Salvador

Festival começa em Santo Amaro, dia 18, e segue para o Teatro Castro Alves e o Terreiro de Jesus, com mais de dez atrações

Redação iBahia • 14/01/2017 às 10:54 • Atualizada em 29/08/2022 às 19:08 - há XX semanas

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O que um instrumento feito com taças de cristal tem em comum com uma harpa, baldes, apitos e gestos corporais? A percussão. Na contramão do senso comum, é isso o que destaca o Panorama Percussivo Mundial (PercPan) em sua 21ª edição, cuja proposta é realçar o lado delicado da percussão que, na maioria das vezes, é lembrada apenas por sua grandiosidade e força rítmica.

Mais de dez atrações da Polônia, Mongólia, Gâmbia, Espanha, República Democrática do Congo e Brasil compõem o festival que começa dia 18, em Santo Amaro, e segue para o Teatro Castro Alves, nos dias 19 e 20, e Terreiro de Jesus, dia 21, onde tem edição gratuita. Nessa edição, o evento tem como mestre de cerimônias o cantor Mateus Aleluia, remanescente dos Tincoãs.

O grupo polonês GlassDuo apresenta instrumento feito com taças de cristal(Foto: Divulgação)

Para fazer jus à proposta intimista, o PercPan traz artistas como o grupo polonês GlassDuo que se apresenta com um instrumento feito de taças de cristal. Com cinco oitavas de alcance, o Glass Harp possui afinação profissional que permite que seja tocado sem a água no interior das taças. Formado por Anna e Arkadiusz Szafraniec, egressos da Orquestra Sinfônica de Gdansk, o GlassDuo é uma das atrações da primeira noite de shows no TCA, batizada de Rime – Ritmo e Melodia.

“A gente tem três atrações na primeira noite que convidam o público à fruição de uma música percussiva mais delicada. Pensamos em uma coisa mais intimista, na contramão do que se espera da percussão: grandiloquência, grandiosidade, agito. Obviamente tem toda a questão percussiva, mas tem o lado melódico”, realça o produtor Alê Siqueira, 44 anos, curador do PercPan.

A cantora e instrumentista Sona Jobarteh toca kora,harpa africana com 21 cordas(Foto: Divulgação)
A segunda atração da noite de estreia é a cantora e instrumentista Sona Jobarteh. Nascida no Reino Unido, Sona é descendente de uma das cinco mais importantes famílias Griot da Gâmbia, cujos membros são os únicos autorizados a tocar Kora: harpa africana com 21 cordas. A tradição hereditária de mais de sete séculos tem sido passada de pai para filho e Sona se destaca por ser a primeira mulher a tocar o instrumento.

Quem encerra o primeiro dia é o sexteto Khusugtun, da Mongólia, cujo trabalho une instrumentos tradicionais da cultura nômade ao canto Tuvan Throat Singing, declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. Os atabaques brasileiros se unem à apresentação que tem participação de percussionistas baianos e ogãs do candomblé: Luizinho do Jêje, Kainã do Jêje, Iuri Passos e Gabi Guedes.

“A grande importância do PercPan é possibilitar a troca de experiências ao vivo entre instrumentistas de várias partes do mundo e apresentar ao público baiano concertos que ele dificilmente veria em Salvador, pois a programação não se guia pelo apelo comercial, mas pela originalidade musical. O sucesso do PercPan, que tem reconhecimento internacional, reafirma aquilo que sabemos: o povo também gosta de biscoito fino”, destaca o jornalista e editor do CORREIO Hagamenon Brito, 56, consultor artístico do PercPan.

Novidades

A novidade dessa edição é que o PercPan será realizado fora de Salvador pela primeira vez. A cidade de Santo Amaro (a 80km da capital) foi escolhida para abrir o evento, dia 18, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Assim, nos dias 18 e 20, Santo Amaro recebe encontros culturais com os três artistas do primeiro dia do TCA e mesa-redonda sobre acessibilidade musical com a percussionista baiana Mônica Millet, a Banda Coração de Tambor - do Instituto de Cegos da Bahia - e o grupo Staff Benda Bilili, da República Democrática do Congo.

Outra novidade é que o festival terá, pela primeira vez, uma noite dedicada às novas gerações da música brasileira oriundas de bem-sucedidos projetos sociais. Dessa forma, a noite batizada de Inclua tem apresentação do Grupo de Referência de Ourinhos, formado por músicos do Projeto Guri; do Coletivo Rumpilezzinho, regido pelo maestro Letieres Leite; e do Trio MultiFaces, oriundo do Neojiba.

Enquanto o primeiro transita entre erudito e popular, o segundo é fundamentado nas matrizes africanas que forjaram a música brasileira. Já o Trio Multifaces se dedica à percussão em cena, com gestos, luzes e projeções. “Gestos do corpo, baldes, plásticos, apitos ou qualquer coisa que seja ‘percutida’ a gente inclui no nosso repertório”, explica o músico do Trio Multifaces, David Martins, 29.

Enquanto a segunda noite de shows tem como tema a inclusão, o terceiro e último dia convida o público a entrar no clima do tema que batiza a noite: Celebre. Assim, as atrações do dia 21, único que tem entrada gratuita, propõem uma noite dançante: Lucas & Orquestra dos Prazeres, de Pernambuco; Patax, da Espanha; o bloco afro Muzenza, de Salvador; o cantor e compositor santo-amarense Roberto Mendes; e o grupo Staff Benda Bilili, da República Democrática do Congo.

“Será uma noite festiva, de comunhão através da música, celebração. O Bilili, por exemplo, fenômeno genuinamente da rua, reúne músicos que eram moradores de rua e viraram uma febre na África e na Europa. São quatro cadeirantes na banda, animadíssimos. Uma festança!”, garante o curador Alê Siqueira.

Com passagem pela curadoria do PercPan e atração deste ano na regência do Coletivo Rumpilezzinho, o maestro Letieres Leite, 57, destaca que um evento como o PercPan é fundamental. “A música da Bahia é baseada nos princípios da percussão, herdados pela cultura negra. Ter um festival que coloque em evidência os grandes protagonistas da música, na Bahia, é necessário. Nada mais justo do que darmos destaque a esses agentes transformadores da música”, elogia.

Noite destaca inclusão social pela música

“A música, assim como o esporte, tem força como instrumento de inclusão”. A fala do curador do PercPan, Alê Siqueira, 44, é usada para justificar a decisão de ter, pela primeira vez, uma noite do festival dedicada aos grupos oriundos de projetos sociais.

Batizada de Inclua, a noite de sexta reúne apresentações de três grupos: o Trio MultiFaces, formado pelos percussionistas David Martins, Aquim Sacramento e Fábio Santos, integrantes da Orquestra Juvenil do Neojiba; o Grupo de Referência de Ourinhos, do interior de São Paulo, composto por destaques da percussão do Projeto Guri; e o Coletivo Rumpilezzinho - Laboratório Musical de Jovens, regido pelo maestro Letieres Leite.

“A música muda o comportamento da pessoa: a questão do respeito, da educação... Ela provoca sentimentos únicos”, relata David Martins, 29, músico do Trio Multifaces.

O Trio Multifaces é um grupo formado por integrantes da Orquestra Juvenil do Neojiba(Foto: Taylla de Paula/Divulgação)

Programação Percpan 2017

Santo Amaro (UFRB)

Quarta (18/1), às 11h: Encontros Musicais com os artistas

Sexta (20/1), 14h: Mesa-redonda: Acessibilidade Musical. Convidados: Staff Benda Bilili (RD Congo); Mônica Millet (Bahia); e Banda Coração de Tambor do Instituto de Cegos da Bahia.

Encontros culturais em Santo Amaro | UFRB

18/1, das 11h às 13h: Sona Jobarteh (Gâmbia/UK)

18/1, das 15h às 17h: Khusugtun (Mongolia)

20/1, das 10h às 12h: Glass Duo (Polônia)

TCA

Quinta (19/1), às 20h - Noite Rime – Ritmo e Melodia

Atrações: Glass Duo (Polônia), Sona Jobarteh (Gâmbia/ UK), Khusugtun (Mongólia) convida Gabi Guedes, Luizinho do Jêje e Iuri Passos (BA)

Sexta (20/1), às 20h - Noite Inclua

Atrações: Trio MultiFaces (BA), Grupo de Referência de Ourinhos (SP) convida Ari Colares (SP), Coletivo Rumpilezzinho (BA)

Terreiro de Jesus

Sábado (21/1), às 20h - Noite Celebre

Atrações: Roberto Mendes (BA), Lucas & Orquestra dos Prazeres (PE), Staff Benda Bilili (República Democrática do Congo), Bloco Muzenza (BA), Patax (Espanha)

Ingresso: R$ 40 | R$ 20 (shows no Teatro Castro Alves, Campo Grande); vendas na bilheteria do TCA, nos SACs Barra e Bela Vista e nos sites ingressorapido.com.br e htbit.ly/Percpan_ingressos. Entrada gratuita no Terreiro de Jesus.

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