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EDUCAÇÃO

Personagens infantis são os vilões da lista de material escolar

O mundo encantado dos desenhos animados, como Peppa Pig e Hello Kitty, encarece os itens da volta às aulas em até 76%

• 25/01/2015 às 10:44 • Atualizada em 30/08/2022 às 0:52 - há XX semanas

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Filha de Mônica queria estojo da Peppa, mas ganhou um da Lilica
O mundo encantado dos personagens infantis encarece, e muito, o material escolar. Pais que agradam aos filhos comprando mochilas, cadernos, lápis, entre outros produtos, ilustrados com os personagens 'da moda' pagam caro.
O CORREIO foi às ruas e montou kits com os ídolos mais badalados do momento. Um kit com uma mochila, lancheira, estojo, caderno, borracha, tesoura, lápis, caneta e apontador de personagens como Peppa Pig, Minions (do filme Meu Malvado Favorito) e até mesmo com os veteranos Homem Aranha, Minnie e Hello Kitty chega a custar até 76,31% a mais que os mesmos itens sem nenhum desenho (veja ao lado).
Apesar do conjunto de itens do Homem Aranha estar no topo no ranking dos produtos mais caros, totalizando R$ 513,14, em itens individuais quem desbanca qualquer super-herói é a Peppa. Uma mochila da porquinha rosa chega a custar R$ 271,30, na Livraria Monteiro, no Centro. Nas Lojas Americanas, o preço varia de R$ 134,91 a R$ 251,10. Na Le Biscuit, uma mochila da Peppa Pig com rodinhas custa R$ 215. Já na Papel & Cia, o valor do item vai de R$ 125,50 a R$ 229,68. Os modelos são variados: tem a porquinha em três dimensões, com e sem rodinhas e muito brilho.
O estojo da mesma personagem custa entre R$ 29,61 e R$ 62,91 nas Lojas Americanas. Para completar o conjunto, o preço da lancheira da Peppa varia de R$ 143,91 a R$ 161,91 nas Lojas Americanas, R$ 113,99 na Le Biscuit, de R$ 101,50 a R$ 118,50 na Papel & Cia, e R$ 131,10 na Livraria Monteiro. Levando os três itens da porquinha, os pais gastam mais de R$ 400.
A mais pedida Mesmo com os altos preços, a personagem continua sendo a mais querida, pelo menos pelo público até 6 anos. Filha da contadora Mônica Menezes Passos, de 27 anos, a pequena Maria Clara Menezes, de 1 ano e 9 meses, foi com a mãe fazer as compras para seu primeiro ano na escola. "A primeira coisa que ela viu e pegou quando fomos na loja foi um estojo da Peppa, que custava mais de R$ 50 reais. Como ela é muito novinha, tirei da mão dela. Depois até falei: 'Filha, isso não é pra sua idade' Acredita que ela não parou de chorar? Mesmo assim, não levei" conta.
No final, no entanto, a contadora comprou um conjunto da coala Lilica Ripilica, que custou R$ 407,90, quase o mesmo preço que um conjunto da porquinha Peppa. "A mochila custou R$ 219,90, já a lancheira foi R$ 109 e a garrafa térmica R$ 79,90. Levei porque eu gostava muito da Lilica e ela também gosta", diz.
O primeiro ano de Maria Clara na escola já lhe rendeu uma despesa de mais de R$ 1 mil, incluindo mochila, lancheira e outros itens de livraria, que foram mais de R$ 300, além do uniforme, que custou R$ 288. "Me espantei com os preços. Achei muito caro, ainda mais que ela está começando a escola. No caso da mochila, lancheira e garrafa, com certeza, paguei mais caro por ser da Lilica Ripilica, mas, em contrapartida, a qualidade do material é diferenciada", afirma a mãe.
Valor da marca
Segundo o economista Antonio De Julio, o que ocorre com os material escolar é a mesma coisa que acontece com as marcas. "Para os adultos, existe o custo da etiqueta. Uma calça de uma determinada marca custa R$ 100, outra calça, do mesmo material e sem ser de uma marca conhecida, custa R$ 60. Você paga pela marca. Com os produtos infantis é mesma coisa. O produtor também tem que pagar o royalty, a licença, pelo personagem", explica.
De acordo com o publicitário Jorge Martins, o alto preço dos produtos com personagens famosos pode ser explicado pelo modelo econômico atual. "A gente vive em economia de mercado baseada em escassez. Se você tem uma coisa que todo mundo quer, é natural que o preço aumente. Tudo faz parte de uma lógica de mercado", afirma. "Pagamos pela criação, pelo desenvolvimento das marcas como Peppa Pig, Galinha Pintadinha, entre outras. Pagamos para ter uma qualidade de consumo que é construída de forma simbólica. Não vejo problema nisso, no criador ganhar dinheiro em cima de sua invenção", complementa.
Já o publicitário Kiko Kislansky concorda e vai mais fundo: "As pessoas não compram produtos. Elas compram o que a marca representa naquela circunstância. O material escolar tem o público infantil. Os fabricantes atrelam uma imagem que já é consolidada a um produto e se torna mais caro. Você paga pelo status: é como se fosse criada uma relação com aquele produto", argumenta.
Segundo a professora e pedagoga Carolina Sibio, a relação que a criança cria com os personagens é ainda mais forte. "Eles não aceitam nada diferente. Tem um marketing muito forte, uma publicidade que os capta. Na maioria dos casos, não adianta fazer um material customizado, porque tem a questão do status está envolvida", diz. Ela, inclusive, conta que todo ano compra produtos de personagens específicos para sua filha Lorranne Timoteo, 8 anos. "Quando ela não tinha o conhecimento do consumo, a gente comprava o que era mais barato. Mas desde os 4 anos ela indica a personagem que ela quer. Compro porque sei que os coleguinhas vão ter. Mas se você fosse comprar uma mochila normal, boa, gastaria uns R$ 100. Com a marca, fica R$ 250", explica.
Negociação
Na hora da compra de volta às aulas, além da negociação com a criança, o economista Antonio De Julio recomenda que os pais tenham um diálogo com seus filhos, explicando o real motivo de adquirirem ou não uma coisa. "A criança precisa fazer parte do ritual da compra e entender que ela pode ajudar os pais dela a pagar menos", diz.
É isso que faz a fisioterapeuta Adriana Barbosa, 37 anos. Com duas filhas, Mariana Barbosa, 4 anos, e Beatriz Barbosa, 8 anos, ela conta que prefere não levá-las na compra dos material escolar. "Sempre faço o bruto do material escolar sozinha, porque se não me perco. Preciso estar concentrada para analisar o que vale mais a pena, já que nem tudo que está mais barato é bom. As vezes vale a pena comprar uma coisa um pouco mais cara para durar o ano inteiro", explica.
A fisioterapeuta conta, ainda, que sempre conversa com as filhas para ter um direcionamento do que elas querem. "Pergunto a cor de estojo que preferem, o estilo da capa de caderno, etc. Além disso, dou a opção delas escolherem um item que tenha o personagem que elas querem. Sempre tem um personagem que é o da moda, se eu for comprar tudo, sai muito mais caro", diz. Além de ouvir as filhas e tentar adquirir os produtos com o melhor custo-benefício, Adriana revela que sempre faz orçamentos em ao menos três lojas, para ter certeza que garantirá os melhores preços.
Correio24horas

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