Menu Lateral Buscar no iBahia Menu Lateral
iBahia > diversão > nem te conto
Whatsapp Whatsapp
NEM TE CONTO

Jennifer Nascimento relembra preconceito: 'achou que eu ia roubar

Filha de nordestinos, atriz ingressou na carreira artística aos 5 anos, e aos 8 foi levada por uma tia a uma agência de publicidade onde começou a fazer campanhas

Redação iBahia • 21/10/2018 às 8:30 • Atualizada em 28/08/2022 às 22:07 - há XX semanas

Google News siga o iBahia no Google News!

Quem vê Jeniffer Nascimento arrasando no "Popstar" e se surpreende com o vozeirão da moça nem imagina que a atriz, cantora e bailarina ralou muito para chegar até ali. Liderando o ranking da competição desde a estreia do programa, há um mês, e grande favorita a vencer o reality comandado por Tais Araújo, a paulista de 25 anos, nascida e criada até os 18 na Cohab, na periferia de São Paulo, batalha e sonha desde pequena por uma oportunidade como essa. Filha de nordestinos, um cearense eletrotécnico aposentado e uma baiana dona de casa, ela ingressou na carreira artística aos 5 anos, e aos 8 foi levada por uma tia a uma agência de publicidade onde começou a fazer campanhas. Aos 13, também incentivada pela família, fez o seu primeiro teste para um musical, foi aprovada e não parou mais de trabalhar.

"Eu sempre soube aonde eu ia chegar, mas, para mim, tudo isso era uma realidade muito distante. Corri atrás e consegui bolsas para estudar canto e teatro. Se não fosse isso, eu não teria condição de ter a formação que eu tenho hoje. Fico muito chateada quando alguém comenta: 'nossa, é muito injusto ela estar ali (no programa)'. Eu falo: 'não, você não sabe o que eu passei para chegar aqui'".

Com quatro grandes musicais no currículo, Jeniffer apareceu pela primeira vez na TV numa participação em "Toma lá da cá", em 2009, levada por Miguel Falabella, com quem trabalhou em "Hairspray". Quatro anos depois, disputou e venceu o reality musical "Fábrica de estrelas", exibido pelo canal Multishow, formando, com mais quatro garotas, a banda Girls, que durou menos de um ano. Nesse tempo, trabalhou como bailarina do DVD do cantor Daniel, se apresentou em circo, fast food, banda de baile, em salão de automóvel, e fez alguns testes na TV até conseguir o papel de Sol na temporada 2014/2015 de "Malhação".

“Apesar do produtor de elenco falar que tinha 99% de chance de eu fazer a personagem, uma outra atriz havia sido escalada para o papel, só que ela morava fora do país. Ou seja, nada foi fácil na minha vida, sempre teve uma emoçãozinha", lembra Jeniffer, que de lá pra cá emendou trabalhos em "Êta mundo bom", "Pega pega" e, agora, "Verão 90", próxima novela das 7, em que dará vida à melhor amiga da protagonista vivida por Isabelle Drummond. As gravações, aliás, já começaram.

Orgulho da Cohab
Enquanto via o sonho de sobreviver como atriz se tornar realidade, Jeniffer foi desafiada a mostrar o seu lado como cantora num programa de TV. A atração, que vai ar nas tardes de domingos na Globo, tem sido o grande cartão de visita da artista e proporcionado a ela uma projeção jamais atingível, além de novos fãs e seguidores.

Foto: Reprodução

"Muita gente me olha e diz: 'Nossa, ela canta', só que nem imaginam o quanto eu lutei para um dia estar perto de estar pronta. Eu não era uma criança que cantava bem nem era uma boa atriz. Tudo o que aconteceu na minha vida foi fruto da minha determinação e dedicação. Mas confesso que eu não esperava essa repercussão e nem acreditava em mim como cantora".

Hoje, a realidade da atriz é bem diferente daquela menina sonhadora que cantava na casa simples de um conjunto habitacional na Cohab 1, em Arthur Alvim. Jeniffer virou orgulho e exemplo de vida e de determinação na comunidade e mantém contato com os amigos de infância. "As minhas duas avós moram lá, e o meu pai coordena uma Ong para jovens carentes. Estamos sempre em contato com todos", conta. Há sete anos, quando o pai foi afastado do trabalho, Jeniffer incentivou os pais e o único irmão (que canta com ela na banda do "Popstar") a vender a casa que possuíam e se mudar para o bairro da Moca.

"Quis morar na Moca para ficar mais perto do trabalho”, explica. “O meu pai sempre trabalhou dobrado e se esforçou para que eu e meu irmão estudássemos em colégios particular. Então, não sei conquistar e ter as minhas coisas e olhar para o lado e ver que as pessoas estão passando por dificuldades. Hoje, minha situação financeira melhorou um pouco, eu pago o financiamento do apartamento do meus pais e ajudo minhas avós”.


Preconceito
Jeniffer mora a duas quadras de distância dos pais, numa casa alugada com o noivo, o também ator Jean Amorim. Os dois planejam se casar em junho, numa cerimônia de princesa. A atriz gosta de realizar sonhos, os dela e de pessoas próximas, e batalha muito pra isso. "Sempre fui determinada. Mesmo não podendo, nos meus 15 anos, eu falei para os meus pais que eu ia fazer uma festa e fiz. Guardei dinheiro e o meu pai pegou um empréstimo no banco. Fiz uma festa dos sonhos, com três vestidos", lembra, orgulhosa.

Jeniffer conta que o noivo, o ator Jean Amorim, a ajudou a enfretar o preconceito Foto: Reprodução/Instagram

Pé no chão, ela não se deixar levar pelo clima de "já ganhou" do programa e confessa (acredite!) que fica bastante nervosa a cada apresentação. "Fico apavorada (risos). Acredito muito em energia e no universo. Quando uma coisa tem que ser, ela vai ser. Quero me superar em cada apresentação. Para mim, nenhuma semana é uma semana ganha. Sempre fico nervosa e preocupada em mostrar coisas novas. Sou muito ansiosa e já tive até insônia (risos)", admite.

Além da humildade, ela aprendeu com os pais a nunca deixar se abater pelo preconceito. Mas nem sempre é fácil. “Comecei a entender que o preconceito existia quando assumi o cabelo black power, logo depois de ‘Malhação’. Aos poucos, e com a ajuda do meu namorado, fui aprendendo a lidar com algumas situações e não deixar me abater. Uma vez, estava num ponto de táxi à noite com o meu namorado, quando eu levantava para entrar no táxi, o motorista acelerava, achando que eu ia assaltar. Comecei a sofrer muito. Teve uma vez de eu ir ao banco e apresentar o RG de cabelo liso e a atendente achar que eu tinha roubado aquele documento. E de eu esbarrar numa mulher no aeroporto e de ela achar que eu tinha roubado a bolsa dela. Eu chorava muito”, diz. Mal sabiam essas pessoas que já estavam, na verdade, diante de uma popstar.

Leia mais:

Venha para a comunidade IBahia
Venha para a comunidade IBahia

TAGS:

RELACIONADAS:

MAIS EM NEM TE CONTO :

Ver mais em Nem Te Conto