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Nininha Problemática revela ter sido desencorajada por produtores a seguir no pagode: 'Escolhi o caminho mais difícil'

Cantora confessou que por anos não teve confiança para investir na área musical por falta de representatividade e baixa autoestima

Bianca Andrade • 25/08/2022 às 6:30 • Atualizada em 26/08/2022 às 17:36 - há XX semanas

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					Nininha Problemática revela ter sido desencorajada por produtores a seguir no pagode: 'Escolhi o caminho mais difícil'
Foto: Bahia FM

Dezoito mil habitantes, aproximadamente, compõem a população de Sete de Abril, bairro da capital baiana localizado na Av Aliomar Baleeiro. O número exato utilizado no Plano Plurianual da Casa Civil de Salvador (2018-2022) é de 18.215, extraído do último Censo Demográfico do IBGE de 2010.

E é em meio a essas milhares de pessoas na periferia baiana que se encontra Digo Santos, de 25 anos e a criação que o fez ter projeção nacional, a cantora drag queen Nininha Problemática.

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"Nininha Problemática nasce de uma necessidade minha de fazer humor no YouTube. Comecei com esse canal em 2016, que era um canal de entrevistas para artistas novos, então, eu usava da minha visibilidade, que era pouca, para dar visibilidade para esses artistas também. Fiz várias esquetes no YouTube e um vídeo dançando a batedeira da La Fúria, foi quando ele viralizou que me chamaram para TV, para os shows".

Nininha Problemática

Ser mais uma no meio da multidão nunca esteve nos planos da artista, convidada do quadro 'Veio da Periferia', do programa Atitude da Bahia FM no último domingo (21). Mas até alcançar os feitos que a fizeram ter reconhecimento de grandes ídolos da música local e brasileira, a performer inspirada em grandes divas da cultura brasileira como Ivete Sangalo, Joelma e a dançarina e cantora trans Leo Kret do Brasil, passou por alguns muitos anos de batalha.

Em entrevista ao iBahia, a artista, que lança seu novo EP, 'PAGODRAG', relembrou o início da carreira no gênero em que se tornou uma referência e confessou que por anos não teve confiança para investir na área musical, que só teve início na sua vida em 2018, após o boom das drag queens na música.


				
					Nininha Problemática revela ter sido desencorajada por produtores a seguir no pagode: 'Escolhi o caminho mais difícil'
Foto: Bahia FM

"Eu não me aceitava como cantora, não me aceitava como artista completa. Eu sempre me subestimava. Nunca acreditei fielmente na minha potência, porque me faltava a autoestima. Nunca me deram essa autoestima. Eu sou uma bicha preta, sou de comunidade, o meu corpo é feito para ser chacota. Eu cresci muito ouvindo isso".

Artista de dois gêneros marginalizados, a cultura do pagode e a cultura drag, Nininha afirma que sua dificuldade em se aceitar como uma artista veio da ausência de mais nomes além do grande marco no pagode baiano e para a cultura local que foi Leo Kret.

"Eu nunca tive uma representatividade perto, nunca tive um espelho alguém que eu olhasse nas grandes mídias e falasse 'Poxa, parece comigo'. Entre eu e Leo Kret do Brasil existe um buraco enorme. Ela foi a primeira, a pioneira, uma grande inspiração para mim e hoje é uma grande amiga e parceira musical. Mas não tinha outros nomes, então voltar com esse movimento de afirmação, de empoderamento, é muito massa, mas também é uma responsabilidade muito grande para mim também".

Nininha Problemática

				
					Nininha Problemática revela ter sido desencorajada por produtores a seguir no pagode: 'Escolhi o caminho mais difícil'
Foto: Divulgação

Nininha conta que para investir no pagode como uma cantora drag queen, ela precisou bater o pé e ir contra opiniões fortes de grandes empresários, que desacreditaram do potencial dela em estourar com o chamado 'PAGODRAG', termo que também dá nome ao seu novo trabalho.

"Eu escolhi o caminho mais difícil, porque eu já ouvi de produtores muito famosos, que são responsáveis por discos de grandes cantores, que era para seguir por outro caminho e fazer o que a Pabllo Vittar estava fazendo, o que Ludmilla fazia, que daria mais dinheiro. Mas se eu fizesse isso, eu seria só mais uma no meio da multidão. Foi o que me fez segurar com força no pagodão, porque eu acredito muito na potência que esse ritmo tem. Muitas pessoas de fora estão fazendo o pagodão indiretamente, mas não dão os créditos para o nosso ritmo".

"Até quando vamos ter que ver pessoas sendo protagonistas de uma cultura de uma história que não pertence a elas? Quando nossos rostos serão protagonistas da nossa própria cultura?"

Nininha Problemática

				
					Nininha Problemática revela ter sido desencorajada por produtores a seguir no pagode: 'Escolhi o caminho mais difícil'
Foto: Everton Carvalho/ Divulgação

Em seu novo álbum, Nininha conta que teve como proposta reforçar a cultura local, tanto no visual, onde na capa do 'PAGODRAG' a artista surge "pintada para a Timbalada" e com uma lace loiro pivete, quando na musicalidade, que tem produção de Apache Abdala.

"Quando eu me pinto na capa do álbum tem toda uma questão estética, mas também de protesto. De mostrar que a gente que tem que ser protagonista da nossa história, e não uma pessoa de fora que vai sugar. O 'PAGODRAD' começou a ser pensado em 2021, foram 12 meses nesse processo de produção de ir para estúdio gravar e mudar arranjo que eu não gostei mais e atualizando. Eu ainda sou uma artista independente que trabalho para investir no meu próprio sonho".

Ao iBahia, Nininha revelou um dos seus maiores sonhos profissionais, um trio elétrico no Carnaval de Salvador. "Pode parecer clichê como baiana, mas eu queria muito ter um bloco para trazer outros artistas independentes da cena baiana que são pessoas potentes demais, mas que não tem espaço. Tem muita gente boa aqui na cidade, no estado, que as pessoas precisam conhecer".

Quanto aos sonhos já realizados, a cantora relembra seus encontros com artistas que já era fã e um dos melhores momentos de sua carreira profissional e da vida pessoal, o reconhecimento do seu trabalho por sua mãe.

"Imagine, uma pessoa que era fã de carteirinha de Ivete Sangalo, que se vestia dela, ia para porta do prédio no aniversário dela para tentar tocar nela, conseguir um autógrafo debaixo de sol quente, hoje estar subindo no palco e sendo reconhecida? Isso é muito louco para administrar. Márcio Victor me chamando para dançar, eu já conheci Joelma, já conheci Anitta. É algo que só viveria nos meus sonhos mais loucos", contou aos risos.

"Mostrei para minha mãe que minha arte está dando certo. Porque naquele primeiro momento sempre acaba tem aquela desconfiança. Hoje ela é a minha maior fã, minha admiradora, me elogia. São pequenas coisinhas que vão aquecendo meu coração e me dando força para continuar".

Confira a participação de Nininha Problemática no Atitude da Bahia FM:

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