icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
BAHIA

Águas dos rios chegam poluídas às praias da capital baiana

A situação das águas de todos os 12 rios que cruzam Salvador está entre regular e péssima, de acordo com um estudo

foto autor

24/07/2011 às 11:40 • Atualizada em 29/08/2022 às 16:27 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
Poluição atinge paria do Rio Vermelho
A água é barrenta, o cheiro é péssimo e, mesmo de longe, dá pra ver todo o tipo de sujeira boiando. Esse é o estado de diversos rios que desembocam nas praias de Salvador e acabam emporcalhando as águas do mar. A situação das águas de todos os 12 rios que cruzam Salvador está entre regular e péssima, de acordo com um estudo realizado, no ano passado, em conjunto entre órgãos do município e do estado com a Universidade Federal da Bahia (Ufba).A situação compromete o banho de mar de moradores e turistas e o trabalho de pescadores que sonham voltar a trabalhar em águas limpas.Não muito longe do emissário submarino inaugurado em maio deste ano, na Boca do Rio, o azul do mar é substituído pelo tom alaranjado do Rio das Pedras. “Essa água traz até cachorro e rato mortos”, lamenta Antônio Carlos Teles, pescador há mais de 40 anos.“A depender do dia, ainda tem peixe ousado que consegue aguentar essa água, mas normalmente temos quer ir lá pra frente pra conseguir tirar alguma coisa”, conta Crispim Ribeiro Santos, 40 anos, que ganha a vida no mar desde os 12. Banho de mar? “Só os malucos tomam”, diz.Costa azul - Na orla do Costa Azul, o canal popularmente conhecido como “Cocô Beach”, chama-se, na verdade, Rio Camarajibe. Para o professor de Engenharia Ambiental da Ufba Luiz Roberto Santos Moraes, esse é um erro comum que deveria ser esclarecido entre a população. “Os rios de Salvador são vistos como meros canais que transportam esgoto. Numa turma de 45 alunos, por exemplo, perguntei e não houve nenhum que soubesse o nome de um rio”, conta. No local, o cheiro é tão forte que invade até os carros que passam com vidros fechados e restaurantes. “Há mais de 20 anos é assim. Aqui o pessoal nem toma banho”, afirma o pescador Dário Souza.Rio Vermelho - No Rio Vermelho, o mau cheiro é do Rio Lucaia. Na região do Mercado do Peixe, o fedor é garantido - e não é culpa dos peixes. Da balaustrada da calçada é possível enxergar, mesmo através da água barrenta, até pneu velho e pedaços de madeira.
Na Boca do Rio, acima, o Rio das Pedras chega já com tom escuro
“Isso é um absurdo. A gente paga imposto, mas falta investimento”, reclama a paulista Eliene Maria Santos, 35 anos, que, depois de um ano e meio em Salvador, não consegue se acostumar com a situação das águas. “Até vou à praia, mas nessa aqui não dá”, comenta. Para o professor de Biologia da Ufba Eduardo Mendes da Silva, a degradação dos rios se dá por conta do lançamento de esgotos. “O problema maior é a ausência do poder público em assumir suas responsabilidades”, diz. Tanto município quanto estado se isentam de culpa. Segundo o superintendente municipal do Meio Ambiente, Luiz Antunes Nery, o órgão é responsável apenas pelo licenciamento ambiental das construções na cidade. “A situação chegou a esse ponto por causa da ocupação desordenada do solo”, diz. Já a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa) afirma que o problema é consequência do lançamento indevido de esgoto doméstico na rede de drenagem da água da chuva. E cita a Lei Estadual 7.307/1998 para dizer que a ligação de um imóvel à rede coletora é responsabilidade do morador ou proprietário. Paciência sem limite - Na praia da Paciência, um lago de sujeira cobre parte da areia. O mau cheiro toma conta do lugar, mas impressionante mesmo é ver o que se “guarda” por lá. Entre um sofá quebrado e uma mala de viagem, latas, garrafas e tudo o mais se perdem. “É péssimo. Já quase não venho aqui por causa disso”, conta o carpinteiro Edgar Lima Luz. Os garçons Jorge Melo e Wellington Macedo, que há 12 anos mantêm a tradição de tomar uma todas as segundas-feiras na praia, também reclamam. No dia de folga deles, a única tristeza é ver a situação da praia. “Aqui nada melhora, só piora. Quando a maré está baixa, fica a maior fedentina, e quando enche traz tudo quanto é porcaria para o mar”, diz Jorge. “Sem contar que aparece mosca, mosquito e até rato”. O lago é alimentado pela água da chuva e pela alta da maré. De acordo com a Limpurb, a limpeza das praias, inclusive com varrição, é realizada diariamente. Só duas praias impróprias para banho - Na última análise de balneabilidade das praias de Salvador, realizada no dia 11 de julho pelo Instituo de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), foi constatado que, das 30 localidades analisadas, apenas duas estavam impróprias para banho: a praia de Roma, que fica em frente à rua Prof. Roberto Correia, e a praia da Penha, em frente à Igreja Nossa Senhora da Penha. Para realizar a análise, o instituto colhe amostras de 100ml nas praias durante cinco semanas. São consideradas próprias aquelas que tenham 80% ou mais das amostras com menos de 1.000 coliformes fecais. O Inema aconselha evitar o banho de mar em tempo chuvoso, já que há aumento na concentração bacteriana.

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Bahia