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Assaltos crescem e taxistas usam códigos para pedir ajuda

A falta de malícia na praça foi apontada como fator decisivo para o assassinato do taxista Luciano da Silva Santos, 24 anos, morto na madrugada de desta sexta

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31/05/2013 às 12:46 • Atualizada em 27/08/2022 às 18:42 - há XX semanas
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Os casos de violência contra taxistas em Feira de Santana têm acontecido com frequência. Nos últimos 11 meses, pelo menos 5 casos foram noticiados pela imprensa local – um assaltante e dois taxistas morreram. “Aqui, a cada dia que passa, a situação fica pior”, disse o taxista Hildefonso Batista Lima, 61, que trabalha na cidade há 20 anos. Experiente, ele já foi assaltado quatro vezes, roubado outras duas. “Na última vez, eu rolei no chão com o cara uns 15 minutos, foi a pior ideia que eu tive. Ele estava com um pedaço de pau na cintura, dizendo que era uma arma. Perdi o celular e R$ 50”, contou.
Segundo ele, a categoria vem usando meios para evitar assaltos ou pelo menos pedir ajuda em casos suspeitos, mas nem sempre as medidas são eficazes. “Tem alguns paliativos que, às vezes, ajudam. A gente trabalha com rádio amador, que é sempre em código, mas às vezes o cara já entra no táxi e a primeira coisa que faz é mandar desligar”, disse. Luciano, que não participava de cooperativa, também não tinha um rádio no carro.
Embora os casos apareçam com mais evidência quando resultam em morte, os assaltos são quase diários. O presidente da Associação Metropolitana de Taxistas de Salvador, Vandeilson Miguel, diz que muitos têm deixado de rodar durante a noite ou passaram a usar o serviço de rádio. “Os crimes acontecem mais com quem pega cliente na rua”, disse.
Ladrão mata taxista
A falta de malícia na praça foi apontada como fator decisivo para o assassinato do taxista Luciano da Silva Santos, 24 anos, morto na madrugada de ontem, em Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador. Luciano rodava há apenas cinco meses no município e aceitou transportar um assaltante que havia tentado a corrida com outros quatro taxistas veteranos.
Ao chegar no destino, ele foi baleado com dois tiros na nuca. O criminoso fugiu com a carteira e o celular da vítima. O latrocínio (roubo seguido de morte) está sendo investigado pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Feira. O criminoso entrou no veículo por volta das 3h, na rua São Domingos, e pediu para que Luciano o levasse até o bairro Santo Antônio dos Prazeres.
De acordo com um sargento do Comando de Policiamento Regional Leste da Polícia Militar, quatro taxistas já haviam recusado a corrida porque o passageiro estava malvestido numa região badalada de Feira. O local é área de bares bastante frequentados por jovens. Outro motivo foi o destino solicitado pelo bandido: na rua Ubajara, bairro Santo Antônio dos Prazeres.
O endereço é tido como perigoso devido a assaltos favorecidos pela iluminação precária, em beira de pista. “O que faltou nele (Luciano) foi a experiência. Rapaz novo na praça, queria fazer dinheiro e acabou sendo atraído para uma área muito perigosa”, disse o policial, que preferiu não se identificar.
Para o taxista José Ramos Bezerra, presidente de duas cooperativas na cidade, além de experiência, faltou comunicação. “Eu conheço esse menino desde criança. Já era para ele ter essa malícia, porque ele rodava antes como mototaxista. Eu acho que influenciou também a falta de informação. O rapaz já foi chegando no carro dele e entrando, não deu tempo de eles avisarem que o cara era suspeito”, ponderou.
Mobilização
O corpo de Luciano foi encontrado, ontem pela manhã, na rua Ubajara, fora do Voyage de placa NYM-4291, conduzido por ele. O veículo estava numa estrada sem asfalto e parado em um acostamento. A morte do rapaz mobilizou vários taxistas. “O pai dele é taxista e já trabalha há mais tempo na praça, só que ele é novo”, afirmou o taxista Hidelfonso Batista Lima, 61 anos.
De acordo com Batista, há lugares da cidade onde taxistas evitam ir, por conta do risco de assaltos e do alto índice de violência: os bairros de Jussara, Conceição II, a Queimadinha e o final de linha da Mangabeira são exemplos. “De noite, taxista nenhum vai. No Conjunto George Américo, onde tem uma base da Polícia Militar, tem gente que se recusa a ir até durante o dia”, contou. O CORREIO tentou falar com a DRFR, mas nenhum policial atendeu as ligações.
Vulneráveis
A profissão costuma deixar os taxistas vulneráveis. O presidente da Associação Metropolitana de Taxistas de Salvador, Vandeilson Miguel, diz que muitos colegas preferem abrir mão de rádios amadores, sons de carro e até aparelhos de DVD para não atrair assaltos. “Hoje, o taxista tem que se proteger de qualquer forma. A gente não fica vulnerável só com o trânsito. A gente não pega qualquer um na rua”, afirmou.
Para José Bezerra, o fato de não conhecer o passageiro aumenta o risco. “O passageiro dá a mão e você para, você não conhece ele, então você tem que ter malícia para pegar o passageiro na rua”, disse. Segundo ele, o maior perigo é o retorno da corrida, quando o taxista volta com o carro vazio e não tem um destino certo.
Medidas
Em outros estados brasileiros, associações adotaram medidas de segurança, mas nem todas são eficientes. Em Porto Alegre (RS), as associações de classe adotaram GPS e máquinas de cartão para evitar a circulação de moeda. No entanto, na primeira etapa de testes, cinco equipamentos foram roubados.
Em Manaus (AM), pelos menos 500 taxistas começaram a usar, a partir de junho do ano passado, cabines blindadas que os separam dos passageiros. Cada cabine custa, em média, R$ 3,8 mil. Matéria original: Correio 24h Assaltos crescem e taxistas usam códigos por rádio para pedir ajuda

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