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Baianas de acarajé ficam em 1º lugar em pesquisa de qualidade

Já o último lugar ficou para o serviço nas agências bancárias

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13/01/2013 às 11:45 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:31 - há XX semanas
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Na Avenida Sete, quem precisa ir às agências bancárias em busca de algum serviço já se prepara para as longas filas. É mau humor certo. No caminho, porém, tem uma grande possibilidade de dar de cara com o sorriso de Neinha. “Pra mim, ela é a melhor baiana de acarajé de Salvador”, sentencia a administradora Avanir Dantas, que há dez anos frequenta a barraca.
A qualidade do atendimento das baianas da cidade e dos bancos foi medida pelo Instituto Futura, em parceria com o CORREIO. Elas ficaram em primeiro lugar. Eles, em último. De acordo com o levantamento, sete em cada dez soteropolitanos avaliam o atendimento das baianas como bom ou ótimo. Com 73,8%, elas são seguidas dos garçons (54,3%), taxistas (48,6%), cobradores de ônibus (36,7%), policiais (30,9%) e servidores públicos (29,4%) (veja tabela). Por último, estão os bancos. Apenas 26,4% dos entrevistados acham que as instituições atendem pelo menos bem. Três em cada dez pessoas que responderam à pesquisa consideraram ruim ou péssimo o serviço prestado. No total, 401 pessoas foram entrevistadas. Há 22 anos, a freira Maria do Rosário Siqueira já havia descoberto a simpatia que levou as baianas ao primeiro lugar no atendimento. Em 1991, ela foi pela primeira vez à barraca de Neinha e, desde então, sempre que passa pela Avenida Sete não dispensa o quitute da baiana. “Deixei o pão de queijo pelo acarajé. Esse canto aqui não dá pra esquecer”, brinca a freira. Neinha revela o segredo: “É o sorriso e o bom atendimento”. Na pesquisa, apenas 7,2% dos entrevistados se disseram insatisfeitos com o serviço das baianas. Já a médica Fernanda Galiano, 31 anos, prefere o acarajé de Regina, no Rio Vermelho. Ela, que mora no Rio de Janeiro, veio a Salvador para visitar a mãe, Dirlene Galiano, 71 anos, e já foi para a banca de Regina relembrar o sabor da iguaria baiana. “O atendimento é excelente e o acarajé é melhor ainda”, contou Dirlene. Opiniões à parte, mãe e filha concordam que as baianas de acarajé são as mais simpáticas dentre os profissionais de Salvador. “Isso mostra que a gente está fazendo um bom trabalho”, opina a presidente da Associação das Baianas, Rita Santos, 53 anos. “A baiana, por natureza, já atende bem. A gente só complementa, dando cursos de qualificação. Colocamos elas na sala de aula”, garante Rita, que reclama do poder público. “Não podemos contar com o poder público. A prefeitura não faz muito e o governo do estado só quer fazer curso de inglês”, afirma. A superintendente de Serviços Turísticos e coordenadora do Programa de Qualificação da Secretaria de Turismo da Bahia, Cássia Magalhães, confirma o curso de línguas, mas não só para as baianas. “Sentimos a necessidade de capacitar também taxistas e ambulantes. Serão promovidos cursos de inglês e espanhol no primeiro semestre”. Mau humor Engravatados, trabalhando no ar-condicionado e sem um caldeirão de dendê para mexer durante todo o dia, os atendentes de banco estão longe de alcançar a mesma popularidade das baianas. “Eles (os atendentes dos bancos) são mal-humorados”, criticou Dirlene. “Mas o perfil dos bancos sempre foi esse”, complementou a securitária Lurdes Gomes, 43, amiga da aposentada. Para Lurdes, o maior problema das instituições é a demora no atendimento. “Ninguém aqui respeita a lei dos 15 minutos”, afirmou a securitária. Em Salvador, desde 2001 está em vigor a lei municipal 5.978, que estipula o tempo máximo de atendimento de 15 minutos nos bancos. “Já passei mais de quatro horas esperando para tirar dúvidas ou fazer financiamentos”, lembra a pedagoga Márcia de Ceutas Melo, 47, na agência da Caixa Econômica da Avenida Sete. “Geralmente demora mais de 15 minutos”, conclui. Em véspera ou após feriados prolongados, o limite passa a ser de 25 minutos. Os bancos que descumprem a lei podem ser advertidos, multados de R$ 200 a R$ 400 ou até ter o alvará de funcionamento suspenso, caso seja a 5ª reincidência. “A multa devia ser paga ao cliente. Se a gente esperasse mais de 15 minutos, já devia receber o dinheiro no caixa. Quando eles tiverem que tirar do bolso, vai melhorar”, disse o funcionário público Wellington Nascimento, 56, na fila da agência do Bradesco, na Avenida Sete, para efetuar pagamentos. Depois de 45 minutos esperando para ser atendida no Bradesco do Canela, a técnica de enfermagem Rosângela Costa, 25, não pensou duas vezes antes de apontar o principal problemas das instituições bancárias. “É uma demora terrível pra resolver uma bobagem. Vim abrir uma conta”, reclamou Rosângela. Já o funcionário público Osmário Júnior, 60, não se queixa da demora, mas gostaria de mais conforto na esperar. “Dia de pagamento é muito cheio. Não adianta cobrar os 15 minutos, porque a regra não funciona. Fica todo mundo em pé. Só colocaram três cadeiras”. Mau serviço é culpa das empresas, diz sindicato No ranking dos melhores serviços da cidade, os bancos são os que têm menor aprovação entre os soteropolitanos. Mas, além dos apenas 26,4% que consideram bom o serviço das intituições, há outros índices que confirmam a imagem ruim desse tipo de atendimento. Segundo o Instituto Futura, quase 40% consideram os serviços bancários ruins ou péssimos. O resultado da pesquisa não chegou a surpreender a categoria. O Sindicato dos Bancários da Bahia (SBBA) acredita que o mau atendimento é motivado pela estrutura deficitária das empresas. Segundo Augusto Vasconcelos, vice-presidente do sindicato, o aumento significativo da clientela bancária nos últimos anos e a redução do número de funcionários nas agências são dois dos principais motivos para o desgaste da imagem do atendimento. “Não há quem dê conta. Na década de 1990, existiam mais de 800 mil bancários no país. Em 2002, isso caiu para 400 mil”, explicou Augusto. “Enquanto isso, todo mundo passou a ter conta em banco”. Ao mesmo tempo que o trabalho aumentou, a pressão para bater metas também, diz Augusto. “Como é que o cara vai trabalhar feliz da vida se tem que bater uma meta imbatível e ainda precisa vender os produtos dos bancos?”, pergunta. O CORREIO tentou ouvir a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mas não obteve resposta. Na verdade, acredita o sindicalista, a insatisfação do cliente está muito mais relacionada com as empresas que com os funcionários. “Não é que os bancários atuem de forma ineficiente. Os bancos é que cobram tarifas, têm taxas de juros, filas e, o pior de tudo, burocracia. Quem gosta disso?”, pergunta Augusto. De fato. Melhor comer um acarajé na esquina.
Matéria Original: Correio* Baianas de acarajé ficam em primeiro lugar em pesquisa de qualidade de atendimento

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