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Carlos Vinicius Silva será estagiário da NASA a partir de junho |
O estudante soteropolitano Carlos Vinicius Andrade Silva conseguiu o que pode parecer um sonho distante para muitos brasileiros. A partir de junho deste ano, o graduando em Ciências da Computação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), de 22 anos, começa um estágio na NASA, a Agência Espacial Americana. Carlos Vinícius conseguiu o estágio por causa de sua dedicação e sua iniciativa. Não foi necessário passar por seleção. Sua história, sua persistência, seu esforço para atingir seus objetivos e uma troca de e-mails foram os passos para a sua conquista. Filho de pais oriundos do interior baiano, o soteropolitano está estudando na Stevens Institute of Technology, na cidade de Hoboken, no estado americano New Jersey desde janeiro deste ano. O estudante está fazendo uma “graduação sanduíche” através do programa do governo federal 'Ciência Sem Fronteiras', que tem como objetivo promover a expansão, consolidação e internacionalização da inovação, da ciência e tecnologia e da competitividade brasileira através do intercâmbio e da mobilidade internacional. Em entrevista ao
iBahia, Carlos Vinicius Andrade Silva conta como conseguiu esta oportunidade, detalhes sobre o o estágio e quais os planos para o futuro. Confira!
Como surgiu a oportunidade de estagiar na NASA?Foi através de uma simples troca de e-mail. Eu tinha interesse no trabalho de pesquisa na NASA e eles se interessaram pela minha história.
Por qual história a NASA se interessou? Sua trajetória acadêmica, algum sonho de trabalhar lá?Eu não era tão aplicado aos estudos até o 3º ano do Ensino Médio. Eu mudei muito a partir daí e, principalmente, na universidade. Seguir a carreira que a gente gosta faz muita diferença. Acho que essa transição foi algo que eles se interessaram. Eu não pertenço ao protótipo “nasceu inteligente e está conquistando coisas”, mas estou para o tipo “não era ninguém, família de interior, se esforçou e conseguiu alcançar muitas coisas”. Isso me deixa muito contente, e acho que nos parabéns que recebi no meu Facebook, isso é outra coisa que deixa as pessoas muito contentes.
A que você atribui a ter conseguido esta oportunidade?Certamente ao Ciência sem Fronteiras. No nosso termo falava que durante o período de férias teríamos que fazer pesquisa, estágio ou pegar matérias. O Ciência sem fronteiras não fez nada em relação à NASA para mim, eu precisava optar por um dos três e saí à procura. Quis tentar estagiar na NASA e entrei em contato com eles. Evidente que o projeto me ajudou indiretamente, porque está me dando suporte agora que consegui. Então, atribuo esta oportunidade ao Ciência Sem Fronteiras. Eles bancaram as passagens, alimentação, dormitório, dão uma bolsa mensal de $300. As matérias são evidentemente de graça por causa do programa também. O custo é zero. É um verdadeiro sonho. Agradeço também a meu orientador de pesquisa. Afinal, estou indo para a NASA para pesquisar em minha área. Sem ter feito iniciação científica com ele, certamente não teria conseguido essa oportunidade também.
Onde será o estágio?Neste momento estou tendo aulas em Hoboken. Vou me deslocar para California, Mountain View onde devo ficar em outra universidade anfitriã para o estágio. Sem a bolsa do Ciência sem Fronteiras, não seria possível mudar de cidade, nem eu teria condição de bancar comida e dormitório, então o suporte deles foi fundamental.
Onde você está estudando em Hoboken?No Stevens Institute of Technology. O foco do Ciência sem Fronteiras é a faculdade. Eu vim para estudar um ano aqui nas matérias de meu curso. É que nem cursar na UFBA as matérias de Ciências da Comuputação. Depois eu volto e me formo na UFBA. Por isso se chama “graduação sanduíche”, assim como já temos o bem conhecido doutorado sanduiche. O estágio é só uma oportunidade para fazer algo nas férias e não ficar parado. Já estamos aqui, então temos que aproveitar o máximo possível.
Quanto tempo vai ficar nos EUA?Eu cheguei no dia 13 de janeiro e volto em dezembro.
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Carlos Vinicius e outros brasileiros bolsistas do Ciência sem Fronteiras que estudam no Stevens Institute of Technology |
Quanto tempo dura o estágio?O estágio é de junho até agosto. É a duração das férias da gente na universidade.
Em qual centro de pesquisa você vai estagiar?Nasa Ames Research Center, localizado no Vale do Silício, na Califórnia. Ficarei com o grupo RSE (Robust Software Engineer).
Como sua família recebeu a notícia?Eu acho que eles ficaram muito felizes. Os colegas deles de trabalho lhes parabenizaram pela educação que me deram e eu fiquei muito contente por eles terem compartilhado da conquista também e por ter compensado os sacrifícios que fizeram por mim sem ser com dinheiro.
Como será a sua rotina a partir de agora? Eu tenho uma orientadora de pesquisa, que é quem vai me escoltar o tempo todo sempre que eu estiver na base, pois não tenho a cidadania americana. Terei um projeto de pesquisa também, mas desse só posso dizer que será na minha área de pesquisa (Engenharia de Software).
Quais os planos quando voltar ao Brasil, tanto profissionais quanto acadêmicos? Eu tenho um projeto de pesquisa aqui (EUA) por conta de outra bolsa do Ciência sem Fronteiras do Cnpq que não foi efetivada por causa de tempo. Eu pretendo usar esse projeto como base para meu projeto final de curso de graduação. O mesmo orientador desse projeto me convidou a fazer mestrado e já discutimos sobre planos para o PhD. Então eu gostaria muito de, assim que terminar a graduação, voltar aos EUA para concluir o doutorado. Depois do PhD eu quero voltar para o Brasil e passar um tempo como professor na UFBA e, se Deus quiser, cultivar o interesse em mais estudantes pela minha área e, principalmente,por pesquisa.
Qual conselho que você daria para estudantes que sonham em estagiar ou trabalhar na NASA?Para NASA ou qualquer outra coisa da vida, acho que ter objetivos, se esforçar para consegui-los e ser grato aos passaram por seu caminho e lhe deram conhecimento e suporte para tal. O mais importante: saber lidar com fracassos ao longo do caminho e como utilizá-los para se esforçar ainda mais.