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Coluna ValoRH: Um pouco mais sobre o fim do Emprego

Especialista fala sobre o avanço tecnológico e a velocidade com que os empregos vêm sendo destruídos

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19/03/2014 às 7:44 • Atualizada em 01/09/2022 às 20:50 - há XX semanas
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Tema que, volta e meia, reúne especialistas e resulta em bastante material jornalístico, o fim do emprego torna a entrar em pauta e merece novas discussões. Alguns analistas e estudiosos preveem o fim do conceito do emprego, aquele que julgávamos certo e garantido. Para a geração atual, a garantia do emprego, ou de que haverá empregos formais parece um fato líquido e certo, porém é preciso lembrar que nem o emprego, nem a televisão, nem o celular ou telefone eram itens amplamente disponíveis e “garantidos” antes da Segunda Guerra Mundial. Na verdade, o emprego formal, amplamente divulgado e disponível praticamente não existia no final do século XIX. Não faz cem anos e o mundo vivia em constantes e sangrentos conflitos e, há não muito tempo atrás a escravidão era considerada um forma perfeitamente regular e legítima de “recrutar” mão de obra.
"Dizem que o avanço tecnológico ajuda a criar empregos, o que é verdade, mas também os destrói", diz especialista
Voltando um pouco mais na história, há alguns séculos atrás não havia muita opções além de ser um clérigo, soldado, camponês-em-estado-de-servidão, ou um profissional autônomo associado a uma guilda qualquer. Se considerarmos um período da história do homem moderno como a cobertura de 10.000 anos, veremos que o conceito de emprego tal como o conhecemos hoje corresponde a 1% do período histórico. O que isto significa ? Se atentarmos para o panorama geral, fica fácil inferir que nada garante que o conceito de emprego continuará existindo, ainda que no Brasil tal conceito venha cada vez mais sendo associado ao emprego público, garantido por lei. No entanto, nada disto garante prosperidade, e esta garantia pode ser facilmente rompida com a depreciação da moeda – via processo inflacionário, ou hiper-inflacionário, como já ocorreu no passado e poderia voltar a acontecer. Retornando ao tema, o que vem sendo discutido atualmente é a velocidade com que empregos vêm sendo destruídos. Aqui no Brasil, ainda podemos nos julgar protegidos por uma legislação trabalhista rígida e paternalista, que vem contribuindo, para o bem ou para o mal, para a preservação de empregos que já não existem em países ditos desenvolvidos. Para quem já viajou para a Europa e Estados Unidos, salta aos olhos a falta de funcionários de atendimento e sobretudo aqueles dedicados à venda de tickets, além da inexistência da figura do frentista de posto de gasolina. Vários dos empregos que nos orgulhamos de preencher, aqui no Brasil, já não mais existem nestes países. Foram completamente varridos pela automação. Dizem que o avanço tecnológico ajuda a criar empregos, o que é verdade, mas também os destrói. Quem já não viu um filme em preto e branco antigo, onde a figura da telefonista interconectando duas partes trabalhava diligentemente ? Este foi o tipo de emprego que foi a liberação de muitas mulheres que tiveram nesta atividade a possibilidade de ganhar dinheiro fora de casa. Com o advento do PBX automático e digital este tipo de emprego desapareceu por completo. Na virada do século XIX um exército de trabalhadores era responsável pela iluminação pública, a querosene. A rede de distribuição de eletricidade os eliminou por completo. Nos Estados Unidos, neste momento, até mesmo a maior rede de livrarias físicas, as mega-stores da Barnes&Noble começaram a fechar, uma a uma. A Amazon engoliu todas elas. Com exceção de uma ou outra livraria especializada ou de nicho, os empregos dos livreiros foram eliminados quase que por completo. No Brasil ainda não chegamos a este estágio. Quando falamos do fim do emprego talvez devamos pensar na transformação do emprego. Coletamos, a título de ilustração, alguns exemplos, que são referenciados frequentemente em publicações americanas como exemplos de atividades condenadas. Nesta lista constam o agente de viagens, o gráfico, livreiro, o reparador de computadores e o telefonista. Seja por motivos econômicos, onde o consumidor prefere trocar o equipamento por um mais novo do que reparar o antigo, seja pela substituição devida ao surgimento de serviços Web especializados, uma série de empregos está condenada a desaparecer. Por outro lado, o programador de computador, desenhista gráfico, relações públicas (PR) profissional, e o nutricionista são apontados como profissões promissoras. Por outro lado, uma visita a uma grande livraria revela muito sobre a vocação dos brasileiros. Uma parede de livros estampa a oferta infindável de publicações dedicadas ao direito. Olhando para a mirrada estante de livros dedicados a programação de computadores, qual lhe parece a área mais carente ? No futuro, uma inevitável saturação do mercado ameaçará aqueles empregos considerados clássicos e bem conceituados. Talvez o nerd mal ajambrado venha a ganhar, no final das contas, muito mais dinheiro do que o conceituado advogado, e talvez este nerd sequer faça questão de ter um emprego fixo ou trabalhar em um escritório ricamente decorado. Pense muito nisto, antes de escolher a sua profissão.

Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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