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Facção Bonde do Maluco amplia atuação na Bahia e alarma polícia

Nascida em presídio, facção criminosa disputa à bala áreas de traficantes rivais na Região Metropolitana

• 22/03/2016 às 8:43 • Atualizada em 29/08/2022 às 9:00 - há XX semanas

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Como de costume, no início da manhã, uma moradora de Cajazeiras X põe o café do filho, rega as plantas e ao jogar o lixo fora, fica pasma. O muro da casa dela estava pichado com a sigla BDM. O espanto foi maior ao perceber que outras casas e até postes de iluminação pública na localidade da Curva do Boi também traziam as iniciais da facção Bonde do Maluco.As pichações apareceram há cerca de mês na localidade, onde duas pessoas foram mortas a tiros semana passada, em horários distintos.

Pichação em Cajazeiras X, acompanhada de Tudo 3 - código que surgiu no sistema prisional que faz referência à facção Caveira, ex-aliada (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

A BDM surgiu entre os pavilhões do Presídio Salvador, no complexo prisional da Mata Escura, como uma ramificação da facção Caveira, comandada por Genilson Lima da Silva, o Perna, atualmente preso no Presídio Federal de Catanduva, no Paraná. Fontes da Secretaria da Segurança Pública (SSP) informaram ao CORREIO que a BDM foi formada há pouco mais de um ano, no pavilhão V. A intenção é ampliar a área de atuação dos caveiras em alguns pontos estratégicos do tráfico de Salvador, como Subúrbio e Cajazeiras, e principalmente na Região Metropolitana.
LiderançaTrês nomes estão na liderança da facção. O principal deles é Antônio Dias de Jesus, o Colorido, que de dentro do Conjunto Penal de Serrinha, considerado de segurança máxima, continua dando ordens. “Infelizmente a unidade não pode impedir o acesso dele aos advogados. É um direito”, disse o investigador do serviço de inteligência da SSP ao CORREIO, sobre o canal de comunicação entre o traficante e seu exército.

Colorido: preso em 2015, é apontado como líder da BDM. Natural de Pojuca, tem forte atuação na cidade
(Foto: SSP/Arquivo CORREIO)

Colorido foi preso em junho do ano passado em São Paulo e responde a cinco processos – três por homicídio, um por tráfico de drogas e outro por porte ilegal de arma. Chegou a ocupar a carta 10 de Ouros do Baralho do Crime, ferramenta usada pela polícia para ajudar na memorização e captura dos bandidos mais procurados no estado. O traficante ainda é acusado de ser o mandante da morte de um PM em Dias D’Ávila e de um comissário de menores, há cerca de um ano. Ele também é apontado como responsável por várias outras mortes em Catu, Pojuca, Madre de Deus e cidades vizinhas. Promotora em Pojuca, Marina Meira disse que há outros processos em que Colorido é citado. “Existem inquéritos que o nome dele aparece, inclusive, como uma liderança”, declarou a promotora. Colorido já cumpriu pena de sete anos por homicídio, mas solto em 2011, voltou à vida do crime. Os outros dois líderes da BDM ainda estão soltos. Um é o traficante identificado apenas pelo nome de Cristiano, instalado na Baixa do Soronha, em Itapuã. Já o terceiro no comando, é conhecido pela polícia como Moringa Amorim, e a área de atuação do traficante ainda é mapeada.
Pojuca
A cidade de maior atuação de Colorido é Pojuca – onde o traficante nasceu e a SSP designou, no último dia 12, uma força-tarefa para apurar cinco mortes ocorridas no intervalo de 12 horas. A sequência de mortes ocorreu três dias após o assassinato do PM Roberval dos Santos Conceição, morto com três tiros em um suposto assalto. Ao CORREIO, a delegada titular da cidade, Edeílda Góes, disse que ultimamente a região vem sofrendo com ações da facção. Questionada se a BDM é um problema nas investigações e se Colorido ainda exerce domínio do tráfico em Pojuca, a delegada disse: “Positivo, ele (Colorido) é problema, mas estamos empenhando esforços no combate ao tráfico, com atuação diária de nossos policiais”. Para Jorge Figueiredo, diretor do Departamento de Combate ao Crime Organizado (Draco), a BDM é uma quadrilha – e não uma facção – e desorganizada. “A maioria dos que dizem que são da BDM é por puro status, mas como forma de autoafirmação. Quase não tem liderança”, minimizou. Figueiredo, no entanto, ponderou sobre perfil violento dos integrantes do grupo. “O perfil é de violência, são mais agressivos. A maioria é formada por pessoas com histórico prisional, como homicidas”, declarou Figueiredo.

Inscrição em muro na Rua Climéria Montanha, Campinas de Brotas, onde lavadeira e filho foram mortos por homens armados dentro de casa (Foto: SSP/Arquivo CORREIO)

MedoE é por conta da violência, que moradores da localidade conhecida como Curva do Boi, em Cajazeiras X, onde há uma forte atuação da BDM, estão assustados. No dia 15 deste mês, dois homens foram assassinados no local. Há cerca de um mês, a BMD passou a comandar o tráfico no local, após uma aliança com os antigos traficantes da área. “Antes, os traficantes daqui a gente conhecia e não mexia com a gente. Hoje, são pessoas que ameaçam os próprios moradores, andam armados a qualquer hora e vendem droga a todo instante, principalmente no Largo da Igrejinha. A gente nem pode falar muito por aqui”, disse um morador, que pediu anonimato. Titular da 13ª Delegacia (Cajazeiras), o delegado Roberto Alves disse que a investigação sobre os homicídios está sendo feita em conjunto com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). São atribuídas ainda a integrantes da facção as duas mortes na Rua Climéria Montanha, em Campinas de Brotas, onde muros exibem a pichação BDM. No último dia 15, sete pessoas conversavam na rua quando foram surpreendidas por dois homens armados. O mecânico Marcelo Araújo Melo Souza, 20, e a mãe dele, a lavadeira Ana Araújo Melo Souza, 45, foram executados. Já no Subúrbio, os irmãos Elias Nascimento Brito dos Santos, 19, João Mateus, 17, e Tiago Nascimento, 16, também foram mortos dentro de casa, no dia 17 de fevereiro, em São João do Cabrito. O traficante Ednelson Nascimento, 28, gerente da BDM no Lobato, Plataforma, Alto de Coutos e Boiadeiro, é apontado como um dos autores das mortes.
Correio24horas

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