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Pertinho de Salvador, Ilha de Maré vai ganhar clube de luxo

Recanto de belas praias, vegetação exuberante e cultura popular, ilha te convida para uma visita

• 26/08/2014 às 16:00 • Atualizada em 30/08/2022 às 11:27 - há XX semanas

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Desde os 3 anos, eu ia a Ilha de Maré todo Verão e ficava na casa de um amigo dos meus pais. Tinha 7 anos quando pisei naquela areia pela última vez. De lá pra cá, mudei tanto que dificilmente alguém que me viu criança, brincando na praia de Itamoabo, poderia me reconhecer hoje. Não é o caso da ilha. Voltei lá e, 20 anos depois, ela continua a mesma. Como não tem Inverno, dá para visitar a qualquer momento e eu sugiro ir logo, antes que o tempo perceba que esqueceu de passar por ali. Como uma cidade dentro de um globo, tudo naquele lugar ainda é igual às minhas melhores memórias. A casa onde eu veraneava está lá, branca como sempre foi. A areia continua limpa, as praias tranquilas e a paisagem paradisíaca.
Vista da praia de Itamoabo, perto da subida para a comunidade de Santana. As casas coloridas ficam entre o mar e a vegetação exuberante composta por Mata Atlântica
Daqui do continente eu via a ilha de longe e nas páginas dos jornais. Recentemente, o Oratório Eco Club Spa, um clube de alto luxo, anunciou que vai abrir por lá em dezembro. Antes disso, li quando os cadernos de turismo mostraram o artesanato de palha de cana brava, que vira cestas e bolsas nas mãos dos moradores. Os saveiros que mestre Nem restaura e constrói não mereceram apenas reportagem: ganharam livro ilustrado da Associação Viva Saveiro. O doce de banana de Dona Véia é outro que já foi divulgado para todo mundo, assim como o sorriso bonito da senhora de 89 anos.Depois de ler tanta notícia, achei que tudo teria mudado. Que a influência de Salvador transformaria Maré, como fez com Itaparica. Por sorte, me enganei. Ela está igual, tal qual um monumento sobre minha infância.O caminhoCheguei lá pelo caminho que fazia aos 7 anos: terminal marítimo de São Tomé de Paripe. Os barquinhos coloridos saem do píer e o preço é negociado. Se a intenção é só ir a um ponto da ilha e voltar no mesmo dia, dá para fazer o passeio com uns R$ 30. Mas eu quis explorar. Um barco para chamar de meu, durante a manhã e parte da tarde, saiu por R$ 150. O preço é o mesmo para uma ou seis pessoas, então é melhor ir com mais gente e dividir. A viagem dura menos de meia hora. É a ilha mais próxima de Salvador e a segunda maior da Bahia. Logo na saída, dá para ver a praia de Inema, onde os presidentes tiram férias. O mar estava calmo. Mas, apesar do tempo nublado, Iemanjá estava de bom humor e abriu os meus caminhos. Mulheres rendeirasFoi fazendo renda que Leninha, como Marlene de Jesus é conhecida, aprendeu a namorar: conheceu o marido Dermeval de Jesus enquanto costurava na porta e ele saía para pescar. Casaram e tiveram sete filhos, que sustentou tramando seus fios. Leninha virou rendeira aos 7 anos. Até hoje, aos 68, ainda senta na frente da casa 30 de Itamoabo para tecer. Faz coletes, saias, toalhas de mesa. Ensinou a arte às duas filhas e para as noras - volta e meia, sentam juntas para trabalhar. Além de ganhar dinheiro tecendo, é graças a isso que Leninha vê o tempo de forma mais suave. “Nem penso em parar de fazer renda. Minha rendinha me distrai muito”, afirma.
A tradição familiar da renda vai parar em Sílvia, porque só teve filhos homens que não aprenderam a tecer
Uma das suas companheiras é a filha Marilea de Jesus, 33 anos, conhecida como Léa. Ela aprendeu a costurar com a mesma idade da mãe, mas confessa que gosta mesmo é do mar, de mergulhar e mariscar. A tradição vai parar nela: só teve um filho, a quem não vai ensinar os caminhos dos fios. Sua irmã, Nélia de Jesus, também não pretende ensinar a filha única a fazer renda.Ao contrário da nora, a sogra de Léa, Silvandira de Jesus, 65 anos, que responde pelo apelido de Sílvia, é uma negação na maré. “Não sou boa mariscando e faço renda desde que me entendo por gente. Ela já me ajudou muito. Tinha época que não tinha nada em casa e o dinheiro vinha dela”, lembra. Mas a renda também vai parar nela. Sílvia teve quatro filhos homens e nenhum quis aprender. Mas ela continua na ativa, em Neves, no número 66. As peças custam de R$ 20 por um pano pequeno, que demora cinco dias para ficar pronto, a R$ 200 por uma toalha de mesa que pode tomar até dois meses de trabalho.
Dona Leninha conheceu o marido e criou sete filhos fazendo peças de renda na ilha
Uma tarde no museuO Museu do Recôncavo Wanderley Pinho não fica em Ilha de Maré: está em Caboto, região de Candeias. Mas é mais rápido chegar lá vindo da ilha, de barco, direto de Botelho, do que do centro de Candeias. O casarão, erguido no Século 16, viu os holandeses invadirem o Brasil, o auge e o declínio da produção de cana e a abolição da escravidão. Desde 1971 virou museu.Ao redor dele está uma igreja erguida para Nossa Senhora da Conceição da Freguesia, ruínas de um antigo engenho de açúcar, uma locomotiva e um trator cobertos de ferrugem. O museu tem no acervo pinturas, esculturas, fotografias, móveis e roupas da época. Há algum tempo, está fechado para reformas. Mesmo assim, é possível andar ao redor e imaginar o que pode ter acontecido em cada um dos seus 55 quartos. Clube de luxoDos 5 aos 12 anos, Fábio Chemmes passou os Verões na praia de São Tomé de Paripe. Foi quando conheceu Ilha de Maré. Se passaram 25 anos até ele voltar à ilha novamente. Dessa vez, como empresário. Ele é dono da Doss Company - Solução em Originação e anunciou, na semana passada, a abertura do Oratório Eco Club & Spa, um clube de Verão que vai funcionar de 6 de dezembro a 1º de março. Na área de 200 mil metros quadrados são prometidos serviços cinco estrelas, piscinas naturais, restaurante com comida regional, contemporânea e internacional, bares, quadras, esportes aquáticos, trilhas pela vegetação preservada da ilha, spa e área infantil. O serviço é de luxo e só é possível entrar no espaço pagando a cota de 13 fins de semana. Quem comprar até 1º de setembro paga R$ 2.500 e tem direito a três convidados. O acesso será feito em minicatamarãs fechados, que sairão da Bahia Marina, ou em lanchas particulares. Nos outros dias, o espaço será utilizado para eventos. Para criar o projeto, Fábio visitou pessoalmente as nove comunidades da ilha. “Apesar de não ter mudado em estrutura, a população cresceu. Hoje são nove mil habitantes que não têm quadras de esporte, praças nem pavimentação”, afirma.
O Oratório Eco Club & Spa é um clube de alto luxo que vai ficar aberto de 6 de dezembro a 1º de março
O Oratório vai dar contrapartidas sócioambientais para os nativos: vai criar 70 empregos e montar uma loja de artesanato com rendas, peças em palha de cana brava e doces de banana. Outras ações também estão sendo preparadas: em abril, um cinema itinerante vai visitar as comunidades, já que alguns moradores nunca viram um filme na telona. “Com isso, mostramos que não somos forasteiros que só querem sugar a ilha: queremos melhorar o lugar”, explica. Para comprar o cartão de acesso é preciso ligar para o número 71 9704-7101 ou enviar um e-mail para [email protected].Praia, sol e água de cocoÉ melhor chegar na praia de Itamoabo cedo, antes das 9h, para achar um pedaço de praia sem pedras se a maré estiver baixa. A região tem pedras em praticamente toda a extensão. Mas vale a pena procurar pelas áreas abertas. A praia é bonita e, nos fins de semana, a mais movimentada da ilha. É a melhor opção para quem quer conhecer gente nova e interagir com os outros. Quem já cansou do movimento e procura paz pode andar um pouco até a Praia de Neves. A passo lento, se chega lá em 20 minutos. A areia é branca e a parte do mar sem pedras é grande. As casinhas coloridas dão mais charme a tudo. A estrutura é pequena, mas existe: as duas praias têm pequenos restaurantes e a maioria só funciona a partir de quinta-feira.Matéria original: Correio 24h Pertinho de Salvador, Ilha de Maré vai ganhar clube de luxo

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