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Universitários acusam a polícia de abuso de poder e agressão em Cachoeira

Estudante da UFRB teria sido presa por desacato após pedir identificação de PM

• 16/08/2011 às 17:02 • Atualizada em 29/08/2022 às 15:47 - há XX semanas

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Uma estudante de artes visuais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) reclama de ter sido agredida por Policiais Militares durante a Festa da Boa Morte de Cachoeira. A discussão aconteceu durante um show de reggae na madrugada de domingo, dia 14, em Cachoeira. Flávia Pedroso foi levada a delegacia por desacato à autoridade.Os universitários estavam na Praça 25 de junho no centro de Cachoeira/BA quando uma viatura da polícia passou e teria dado um prazo limite para que o som fosse desligado. Por volta das 2 horas da manhã a viatura parou novamente e os policias desceram, solicitando que o som fosse interrompido. Os presentes sentiram-se indignados, manifestando-se através de vaias e frases de protesto, alegando que outros carros também estavam com som no volume altíssimo.Segundo o Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB (NNNE), a estudante teria sido presa após pedir a identificação de policiais que participavam da abordagem. Na carta pública, os estudantes dizem que os policiais também agrediram verbalmente Flávia: “Usaram de violência física e psicológica, utilizando palavras de baixo calão, como vadia, puta e vaca. Mostraram também todo o preconceito em relação às tatuagens no corpo da estudante, usando disso para fazerem mais ameaças tais como 'você que gosta de marcas vamos deixar mais marcas em seu corpo'”. A produtora cultural Saliha Rachid, que testemunhou o ocorrido postou um protesto no Facebook. "Diversas agressões aconteceram: uma policial feminina saiu da viatura para bater com cassetete em um senhor; Flávia ao ir perguntar aos policiais quais eram os seus nomes foi pega pelos braços por dois militares para ser colocada no camburão", disse na rede Social.A Flávia foi levada pela polícia, juntamente com outro estudante presente, Luis Gabriel, que também questionou a ação dos policiais. Ambos foram conduzidos para o Posto Policial Militar do 2º Pelotão da 27ª CIPM - CPR LESTE, localizado na Rua Direta do Capoeiruçu/ Cachoeira e depois conduzidos para a Delegacia de Santo Amaro. Segundo o comunicado, Flávia tentou registrar ocorrência contra a violência e o abuso de autoridade, mas foi informada que não poderia fazê-lo pois, em Cachoeira faltava escrivão, e em Santo Amaro “não havia tinta na impressora”. O outro ladoProcurada pela equipe de reportagem do iBahia, a delegacia de Santo Amaro alegou que as ocorrências deveriam ser registradas no local onde ocorreu o incidente. Eles confirmaram que os estudantes passaram pela delegacia, mas todas as informações deveriam ser passadas pela delegacia de Cachoeira. Na Delegacia de Cachoeira, o plantonista informou que eles não se recusaram a registrar nenhuma ocorrência. Eles informaram que Flávia esteve na delegacia na última segunda-feira (15), e que ela será ouvida na próxima quinta-feira (18). Segundo um militar, neste depoimento ela poderia registrar a reclamação contra os policiais presentes na abordagem e por isso não haveria a necessidade de abertura de um novo boletim de ocorrência. De acordo com o plantonista, o policial teria dado a ordem de prisão para os estudantes após eles jogarem cerveja nos oficiais. Ele informou ainda, que Flávia fez o exame de Corpo de delito mas que não tinha nenhum hematoma. A estudante deixou registrado que sentia dores na cabeça. Leia a Carta do NNNE na íntegra"Sábado, 13 de agosto, noite de início da Festa da Boa Morte, festividade que atrai muitos visitantes à cidade, a comunidade se reuniu em torno de um movimento cultural. A Praça 25 de junho agrupava na mais recente edição do Reggae na Escadaria – no centro de Cachoeira (BA) – um grande número de pessoas (famílias, crianças, estudantes, idosos), onde por diversas vezes a viatura da polícia de número 9 2702 placa NTD 8384 passou vagarosamente observando de forma ameaçadora alguns espectadores, dando um prazo limite para que o som fosse desligado. Por volta das 2 horas da manhã, quando o trânsito foi parado por uma colisão de carros, a viatura que passava no momento parou e os policias desceram, solicitando que o som fosse interrompido. Alegaram que muitas pessoas se reuniam no local atrapalhando o trânsito na via e também alegaram que os organizadores do evento não tinham autorização para realizar aquela atividade. Os presentes sentiram-se indignados, manifestando-se através de vaias e frases de protesto, pois ao mesmo tempo inúmeros carros tocavam outros tipos de som em volume altíssimo. Os policias reagiram de forma agressiva e opressora. A PM Ednice iniciou a agressão contra um espectador que estava acompanhado por sua esposa e filho, o que causou ainda mais revolta entre os cidadãos. Os policias pararam a viatura ao lado da praça e permaneceram em formação fora do veículo. Uma parte dos policiais estava sem identificação. A residente Flávia Pedroso Silva se aproximou dos soldados e perguntou os nomes dos agentes que participavam da atuação. O que é direito de todo cidadão resultou numa ação ainda mais agressiva. Dois policiais homens a seguraram pelo braço dando voz de prisão por “desacato à autoridade”. A vítima alegou irregularidade na atuação, pois sabido é que um policial homem não pode autuar mulheres. Os presentes reagiram e tiraram a menina da mão dos policias, que agrediram muitos dos presentes com empurrões quando o PM Elias atirou para cima ameaçando as pessoas que estavam próximas. Pouco tempo depois chegaram mais duas viaturas e vários soldados que partiram para cima da estudante agredindo a ela e Glauber Elias, também negro e estudante da UFRB. No caso da estudante Flávia Pedroso Silva, o mais grave em nosso entendimento, os agressores usaram de violência física e psicológica, utilizando palavras de baixo calão, como vadia, puta e vaca. Mostraram também todo o preconceito em relação às tatuagens no corpo da estudante, usando disso para fazerem mais ameaças tais como “você que gosta de marcas vamos deixar mais marcas em seu corpo”. Ela foi colocada dentro do camburão, juntamente outro estudante presente, Luis Gabriel, que também questionou a ação dos policiais. Os mesmos soldados continuaram ameaçando outras pessoas, perguntando de forma sarcástica quem mais queria ser detido. Ambos foram levados para o Posto Policial Militar do 2º Pelotão da 27ª CIPM – CPR LESTE, localizado na Rua Direta do Capoeiruçu/ Cachoeira. No local a garota foi agredida com tapas no rosto e agressões verbais em frente ao funcionário que registrava a ocorrência, e que ao ser solicitado o registro de tal agressão o mesmo declarou que não havia visto nada. Enquanto isso, do lado de fora da delegacia, testemunhas que estavam no momento da agressão permaneceram sob tensão com os policiais. A advogada que acompanhou todo o caso permaneceu pelo menos 30 minutos em frente a delegacia sendo impedida de entrar. A vítima, ao expressar sua vontade de abrir ocorrência contra a violência e o abuso de autoridade, foi informada que não poderia fazê-lo pois, no local, não havia delegado e nem escrivão. Assim sendo, os envolvidos foram encaminhados para a DEPIN – 3ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior – Delegacia Circunscricional de Policia de Santo Amaro – BA. Mesmo com a alegação da advogada de que seus clientes não poderiam ser transportados na parte traseira da viatura e que ela deveria acompanhá-los, os policias os colocaram no camburão e seguiram dizendo que não esperariam ninguém. Ao chegar em Santo Amaro, as vítimas nada puderam fazer, pois os policiais que receberam o caso disseram que não havia tinta na impressora para registrar a ocorrência da mesma e que esta voltasse num outro momento, atrasando desta forma todo o processo e a possibilidade de se fazer um exame de corpo de delito. Após uma espera ambos foram liberados e convocados para depoimento no dia 15 de agosto, às 10 horas. Vale ressaltar que mesmo com a alegação de não haver tinta na impressora, os policiais agressores registraram a ocorrência de desacato à autoridade. Como podemos perceber, inúmeras irregularidades ocorreram no procedimento da abordagem policial. Desde o aparente desrespeito por parte destes policiais ao estilo musical Reggae, às reações de extrema violência da polícia para com a população, até os atos de violência ao longo do processo. Enfatizamos a repressão ao reggae como demonstração de racismo da polícia cachoeirana, lembrando que a maior parte das pessoas que compunham o grupo local eram homens e mulheres negras. Também o tratamento contra a Flávia, desde as agressões físicas cometidas por policias do sexo masculino até os obstáculos postos diante da tentativa de prosseguir com a denúncia contra as ações destes policiais, tanto que até o presente momento ainda não foi possível o registro legal do caso, sendo que há apenas o processo da polícia contra os envolvidos. Denunciamos assim a opressão explícita, ao saber que este não é o único e nem o primeiro caso de abuso e violência gratuita da polícia militar contra os cidadãos cachoeiranos, e exigimos desta forma providências do Estado contra os crimes praticados de violência policial, abuso de poder e violência do estado contra a população negra, a qual resultou na prisão irregular dos estudantes negros Flávia Pedroso Silva e Luis Gabriel, configurando crime de racismo institucional. Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB (NNNE)"

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