O estado da Bahia está prestes a receber um dos seus mais importantes investimentos dos últimos tempos: o estaleiro Enseada do Paraguaçu, que será construído em Maragogipe, Recôncavo Baiano. O custo do projeto é de R$ 2 bilhões e terá como responsável um consórcio formado pelas construtoras Odebrecht, OAS e UTC. Está prevista, com o projeto, a geração de oito mil empregos. Durante as duas audiências públicas realizadas em Nazaré das Farinhas e Maragogipe, a população local pôde opinar a respeito da ida do empreendimento para a região. Presente em ambas audiências, Roberto Benjamin, secretário da Secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária (Seinp), diz que cerca de 1,4 mil pessoas compareceram às audiências para conhecer as vantagens e desvantagens da proposta. “A comunidade conheceu o projeto e tomou uma decisão. Optou pela construção do estaleiro”, conta.
Mão-de-obra - De acordo com o secretário, a previsão é de que aproximadamente oito mil empregos sejam gerados. “Na fase de construção, são cerca de 3,8 mil e na operação 4 mil, sendo que entre esses estarão disponíveis cargos de melhor remuneração como para engenheiros, por exemplo”. A maior parte da mão-de-obra utilizada será local. Ou seja, moradores de Maragogipe, Nazaré das Farinhas, Itaparica, Saubara, Cachoeira, São Félix, Salinas de Margarida serão beneficiados após receberem os devidos treinamentos. Atualmente, a maior parte das pessoas que vive no entorno da área onde será construído o estaleiro, tem apenas a pesca ou agricultura de subsistência como sustento. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade de Maragogipe tem aproximadamente 50 mil habitantes. Com a chegada do estaleiro esse número subirá, pois, moradores de outros lugares se deslocarão para o entorno do futuro trabalho com suas famílias. “A ideia do consórcio que nós endossamos é que o alojamento dessa população se dê distribuído nos vários municípios vizinhos, ao invés de ficar tudo concentrado num só. Isso vai minimizar, certamente, o impacto de mais quatro mil pessoas nessa área”, explica Roberto Benjamin.
Construção - O prazo para o estaleiro ficar pronto é de dois anos mas, de acordo com o secretário, em um ano e meio ele pode ser utilizado, pois já terá algumas partes prontas. A princípio, o estaleiro irá construir plataformas de petróleo e navios-sonda. “Um navio desse porte custa em média R$ 1 bilhão”. A estratégia do governo está sendo idealizada através de um triângulo. Numa ponta dele será o estaleiro Enseada do Paraguaçu, na outra é o canteiro de São Roque, que hoje constrói duas plataformas. “Esse contrato foi de $ 700 milhões e tem 2,5 mil homens trabalhando”, revela Benjamin. Na outra ponta será o futuro estaleiro, que deverá gerar quatro mil empregos na sua operação e outros tantos na construção. Os canteiros para a instalação de módulos, na Baía de Aratu, serão a próxima bola da vez. Esse será um canteiro de menor tamanho, de 100.000 m². A Bahia pensa em ter pelo menos três canteiros como esse em 2011, cada um empregando uma média de seis mil pessoas.
Petrobras - A Bahia, através de um consórcio formado pelas construtoras Odebrecht, UTC e OAS, participará uma concorrência que a Petrobrás está realizando para suprir suas demandas na área da exploração de petróleo. Inicialmente, caso vença a disputa, a primeira demanda que o estaleiro atenderá será da estatal. “A demanda da Petrobrás para o desafio do pré-sal é monumental. O Brasil terá dificuldades em responder tudo que eles precisam construir nos próximos dez anos”, explica o secretário. Mas, nesse momento, há um impasse. A área onde será construído o estaleiro já pertenceu à Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape e, sendo assim, o estado depende de uma licença do Ibama para iniciar a obra. Dessa maneira, a Bahia só poderá participar da concorrência se essa licença sair até o dia quatro de maio, que é o prazo dado pela Petrobrás para os estados interessados enviarem suas propostas.