Com o incêndio na central da operadora de telefonia Oi, os serviços da empresa nos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Maranhão e Piauí, foram interrompidos desde o início da manhã da terça-feira (21). Na tarde de ontem, um sistema alternativo para retornar o sinal dos celulares foi instalado, porém, a previsão é que os problemas com o acesso à internet e telefones fixos devem levar dias para serem solucionados.
Enquanto isso, milhares de pessoas ficam incomunicáveis, é o caso da estudante de jornalismo, Dady Carrera, que não está conseguindo conectar a internet em casa. “O principal problema para mim é ficar tanto tempo sem acessar meu e-mail”, afirma. No último semestre da faculdade, Dady depende do correio eletrônico para trocar informações com sua orientadora, e com pessoas que estão lhe auxiliando no seu Trabalho de Conclusão de Curso. “Troco e-mails com um médico e o presidente de uma associação de São Paulo, é a única forma que temos para trocarmos informações”, explica a estudante.
O consultor de mídias sociais, Roberto Camara, diz que a falta da internet causa muita ansiedade nos usuários. “Hoje em dia, você se relaciona com pessoas do mundo inteiro, durante todo o ano, é praticamente impossível para essas pessoas ficar um dia sem utilizar os serviços da internet”. Camara compara a queda da conexão com uma greve de ônibus. “Para mim, o problema com a queda da conexão é mais preocupante porque dependo dela para realizar o meu trabalho. Se eu fico sem internet, não vou conseguir entregar meu trabalho no prazo que preciso. É como um trabalhador que precisa do transporte público para se locomover e os motoristas entram em greve”.
A falta de telefone e internet também se tornou um problema na casa da administradora Olívia Dalcum, Apesar de ter acesso à internet no trabalho, é de casa que ela resolve questões pessoais, como o planejamento de uma viagem que fará com o marido. “Está sendo terrível porque somos acostumados a resolver as coisas quando chegamos de noite em casa. Também estou pesquisando o roteiro de uma viagem que farei em abril”, conta. A filha de Olívia, a estudante Natália Dalcum, também está encontrando dificuldades com a comunicação pela internet. “Tenho um amigo que virá de Paris para as férias e não consigo saber o dia que ele chegará”, reclama.
A advogada Vivian Saback, também vem enfrentando sérias dificuldades com a falta de conexão da Oi. Vivian está estudando para concursos e precisa acompanhar com bastante frequência os sites que divulgam os resultados e divulgação de novas oportunidades. “Estou aguardando o resultado de alguns concursos que fiz e que podem sair a qualquer momento. Ontem tive que ir à casa do meu noivo checar algumas informações”. A advogada também contou estar preocupada com uma inscrição que ela tem para realizar até o dia 29 deste mês. “Preciso concluir a inscrição e fazer o pagamento, se até o final da semana o problema continuar, vou procurar uma outra operadora”, conclui.
Em meio a tantas dificuldades que a falta da conexão da internet está causando, o analista de sistemas, Vinícius Barros, acredita que esta seja uma oportunidade para as empresas refletirem em relação à contingência de armazenamento de dados e informações sobre suas atividades. “Hoje cai a ficha que a gente vai colocando cada vez mais na internet e quando acontece um desastre desses, as pessoas se dão conta de como são dependentes”. Os custos imprevistos que foram gerados, e o isolamento das empresas, só reforçaram o pensamento de Barros. “Quando propomos uma alternativa, as empresas se recusam, pois o custo fica um pouco mais pesado, hoje elas entendem que essas perdas que o comércio está tendo, justificaria com apenas um ano de contingência”, explica.
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