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Família respeitou pedido de Dona Canô de morrer em casa

O filho Rodrigo Velloso contou que Dona Canô ficou abalada após a morte de Oscar Niemeyer, no 5 de dezembro. “Ela ficou muito caladinha'

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26/12/2012 às 9:34 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:39 - há XX semanas
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O que Dona Canô falava ou pedia sempre foi recebido como ordem e com respeito. Enquanto ainda estava internada no Hospital São Rafael, em Salvador, após sofrer uma isquemia cerebral, a matriarca dos Velloso fez um pedido: “Quero morrer em casa”. Apesar dos riscos, familiares e médicos acataram o desejo e a levaram de volta para casa na última sexta-feira (21). O filho Rodrigo Velloso contou que Dona Canô ficou abalada após a morte de Oscar Niemeyer, no 5 de dezembro. “Ela ficou muito caladinha por causa da coincidência de ela ter nascido no mesmo ano que ele. Eu liguei pra Bethânia e contei o que estava acontecendo. Ela sugeriu que a gente fosse passar uns dias no Othon (hotel), porque minha mãe tinha ficado lá no último show de Bethânia e tinha gostado muito de ficar na varanda”. Ainda de acordo com Rodrigo, no dia 15, ela havia acordado bem. “Ela tinha dito que o dia estava lindo e ainda comentou a previsão do tempo, que dizia que ia chover. Eu arrumei ela na cadeira e quando virei, ouvi os gritos da enfermeira”, lembrou. Dona Canô havia sofrido a isquemia e foi levada pelo Samu para o Hospital São Rafael.
Dona Canô pediu para morrer em casa, ao lado da família (Foto: Reprodução)
Na unidade, mesmo sem conseguir falar direito, ela insistia para deixar o local. Uma das filhas, Mabel Velloso, lembrou que a vontade de retornar para casa era tamanha que ela teve uma leve melhora. “Ela já previa que ia morrer e estava muito angustiada. Melhorou só para ter a possibilidade de vir morrer na casa dela. Pediu o vestido branco de que mais gostava para voltar do hospital e é com essa mesma roupa que será enterrada”, relatou. Outra filha, Clara Velloso contou que ela chegou em casa lúcida. “Lá (no hospital), não conseguia falar e pegava o roupão, balançava, como forma de pedir para trocar de roupa. Colocamos o vestido e ela fez uma viagem muito boa. Fizemos a vontade dela”, recordou. Quando visitou a comadre no hospital, o educador Jorge Portugal a ouviu dizer: “Tô indo pro céu!”. Quarta de manhã, ele esteve em Santo Amaro. “Nesses 105 anos que ela viveu, a gente tinha a impressão de que ela era eterna. A cidade inteira ficou órfã”, disse ele, lembrando que a matriarca batizou um de seus filhos quando tinha 80 anos. “Quando ela completou 100 anos, eu disse: ‘100 anos, hein, minha comadre?’ Ela respondeu: ‘Meu compadre, quem tem 100 anos é o meu corpo. Minha cabeça não tem idade, não’, rememorou. NatalCatólica fervorosa, Dona Canô adorava Natal. Porém, diferente dos anos anteriores, dessa vez não houve comemoração. “Não celebramos porque ela estava sedada. Mas todos ficaram em casa. Minha mãe gostava muito da festa e morreu num grande dia de festa”, completou Clara. Moradores choram a perda da 'mãe dos santo-amarenses'Quando soube que havia perdido sua filha mais ilustre, Santo Amaro, no Recôncavo, chorou. Desde o primeiro instante em que a notícia correu pela cidade, uma peregrinação se iniciou em direção à casa de Dona Canô. Câmeras, celulares, orações, choro. Uma multidão se aglomerou sob a sombra das acácias que, ontem, estavam repletas de flores amarelas. A comoção na cidade foi traduzida em palavras de moradores e pessoas mais próximas. A bióloga Camila Carvalho, 29, enxerga em Dona Canô um exemplo a ser seguido. “Não é todo mundo que chega a 105 anos com a vitalidade dela. Faço questão de ir amanhã (hoje) prestar uma última homenagem. O Natal não será o mesmo. Vou me inspirar nela. Não tem rancor, não tem mágoa, por isso que vive 105”, enfatizou. A manicure Iná das Mercês de Souza, 55, lembra que já cuidou das mãos da matriarca dos Velloso, a quem definiu como “mãe dos santo-amarenses”. “Sempre que precisava estava disposta a ajudar. Sempre esteve envolvida em tudo em nossa cidade e projetou o nome junto com os filhos para o mundo. Nunca soube dizer não. A cidade chora. Era uma mãe, estamos órfãos”, lamentou. A dona de casa Elta Pereira, 57, destacou o trabalho de Dona Canô junto às gestantes. “Ela fazia enxovais e doava. Minha filha mesma recebeu. Era uma pessoa muito boa. Não tem outra palavra”, ressaltou. Matéria original do Correio Família respeitou pedido de Dona Canô de deixar hospital para morrer em casa

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