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Fora a parcela, automóvel gera uma despesa mensal de R$ 900

É bom pensar bem antes de correr para a concessionária. E quem aconselha são os especialistas

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26/05/2012 às 16:15 • Atualizada em 29/08/2022 às 20:23 - há XX semanas
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IPI zerado, carro mais barato e, para completar, essa greve de ônibus que não acaba nunca! Tudo parece conspirar para quem está louco para comprar seu próprio automóvel. Mas nem tudo é tão lindo quanto parece. Você sabe quanto custa manter um carro? Muito, acredite. Para ser mais exato, cerca de R$ 900 por mês para um carro popular (veja tabela abaixo), fora as parcelas do financiamento e os gastos indiretos (explicarei o que isso significa mais abaixo). Assustado? Calma que ainda não terminou. Esqueceu da possibilidade de receber alguma multa ou se envolver em algum acidente? Pois é, caro amigo desmotorizado. É bom pensar bem antes de correr para a concessionária. E quem aconselha são os especialistas. "Não é proibido ter um carro. Carro é qualidade de vida, com certeza. Mas a pessoa tem que ter certeza de que pode arcar com os custos", lembra o consultor financeiro Reinaldo Domingos. Se você não tem certeza se pode ou não bancar um carro, ele dá uma mãozinha. E o principal requisito é bem objetivo: "Quem ganha menos de R$ 3 mil não deve comprar um carro. Isso para quem não tem filhos, porque o carro seria mais um filho. Ele significa um gasto de R$ 1.500 por mês". Sim, ele disse R$ 1.500. Mas não precisa voltar para o início do texto para conferir o valor. Lembra do financiamento, multas e os tais gastos indiretos? E para entender o que esse último item significa, vamos conhecer a história do publicitário Ricardo Brandão.
Era uma vez um jovem de 24 anos que não tinha carro. Dependendo de táxi, ele pensava duas vezes antes de sair à noite com os amigos ou ir ao cinema com a namorada. Mas depois que ganhou um Palio de presente da mãe, tudo mudou. "Muitas vezes deixava de sair porque tinha que pedir táxi, esperar. Aí desanimava. Se um amigo me chamasse para sair numa quarta-feira, por exemplo, eu não ia. Mas hoje é tudo mais fácil, pego meu carro e pronto", relata o publicitário, hoje com 28 anos e muito mais contas para pagar. Mas os gastos indiretos não ficam só nas baladinhas com os amigos. "Quem tem carro viaja mais e até compra mais quando vai ao mercado, porque agora tem um porta-malas onde cabem mais coisas", lembra o consultor Domingos. Segundo eles, esses gastos extras podem comprometer até 20% a mais no orçamento de uma pessoa. Isso fora aqueles R$ 900 já mencionados. DicasO professor de economia da pós-graduação da Unifacs, Luciano Lisboa, é menos benevolente que o colega, quando o assunto é quem pode ter um carro. "Todos os gastos com o veículo não podem ultrapassar 15% da renda familiar. Isto é, o salário do marido e da mulher, somados". Para economizar, ele sugere que as viagens, por exemplo, sejam programadas para o período de férias, porque assim, dá para aproveitar aquele um terço a mais do salário. Já Reinaldo Domingos, aconselha que se coloque no papel todos os gastos para poder dosá-los melhor. Além disso, ele atenta para a importância de lembrar que automóvel não é investimento, mas um bem de consumo. "A cada ano que passa, ele desvaloriza 10%", lembra. Outro conselho é comum para os dois especialistas: antes de comprar um carro, considere todos os gastos, e não só o valor do financiamento. Caso contrário, você pode entrar para as estatísticas do boxe ao lado, o da inadimplência. E se você leu esta reportagem e descobriu que não está no seleto grupo de pessoas que podem ter um carro, é melhor se contentar em continuar andando de ônibus.

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