O juiz da comarca de Uauá, Dário Gurgel, suspendeu com uma liminar expedida na quinta-feira (6) o São João da cidade, a pedido do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). A justificativa é que a cidade passa por momento difícil por conta da seca e não deve investir dinheiro em dez dias de festa. Caso a prefeitura não cumpra a decisão, vai pagar multa de R$ 10 mil por dia. A prefeitura da cidade já recorreu no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). O pedido do MP era para impedir a prefeitura de usar recursos municipais na realização da festa, destinando o dinheiro às ações emergenciais contra a seca que atinge a região. O MP informou que a prefeitura não comprovou ao órgão que os investimentos nos festejos juninos partiriam da origem privada e de parcerias com governos estadual e federal. O secretário de relações institucionais da cidade, Marco Aurélio Guimarães, lamentou a decisão. "Na verdade, houve alguns atropelos. Quando celebramos o convênio com o Ministério do Turismo, por exemplo, já era no dia 29, que foi justamente o dia que o promotor entrou com a ação. Não tínhamos como conceder essas informações antes desses acordos serem homologados", explica. Segundo Guimarães, cerca de 90% da festa seria financiada com convênios e também com ajuda da iniciativa privada. "Estamos gastando o mínimo do ordinário. O Ministério do Turismo exige que sejam em torno de 7,5%, 8%, do valor do convênio seja investido pela cidade", diz. Segundo ele, as verbas são apenas para o São João. "Não dá para aplicar em outra coisa." O secretário diz que a cidade também firmou convênio com a Petrobras, mas ainda não sabe o valor que será cedido, pois este só é divulgado dez dias depois da homologação do acordo. O governo do estado e empresários locais também irão ajudar. "Vários empresários se mobilizaram. Não é só a festa em si. As pessoas têm uma avaliação de que é uma festa, na verdade ela movimenta a economia do município. Tem gente que se mobiliza o ano todo para o São João, independente da seca. Estamos em seca há três anos", diz. RecursoAlém de entrar com recurso no TJ-BA, o município pretende também recorrer ao próprio juiz da comarca, com a documentação comprovando os convênios. "A gente respeita a decisão do juiz. Liminar você não descumpre. Você cumpre. Hoje, o São João está cancelado", diz Guimarães. O procurador de Justiça do município, Euder Cardoso Ferreira, explica. "Entramos com o agravo e também na segunda-feira vamos pedir a revogação da liminar". O juiz também mandou bloquear todas as contas do município afora as da saúde e da educação. "Hoje o município está parado, não pode fazer nada", diz Ferreira. O promotor do MP Rui Gomes Sanches Junior, que fez o pedido à Justiça para evitar gastos públicos no São João, acredita que a situação da cidade é caótica, citando a falta da água potável na zona rural, mas mesmo assim o prefeito Olímpio Cardoso Filho pretende seguir a "intenção desarrazoada de promover dez dias de festas juninas". O promotor cita ainda que a cidade acumula débitos e descontos automáticos promovidos pelo INSS na conta do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "Ou seja, em pleno estado de emergência e depois de reconhecer, nunca é demais repetir, que ‘não dispõe de recursos próprios para arcar com a ajuda humanitária imprescindível’, a entidade pública resolveu direcionar parcela significativa de seu frágil patrimônio para patrocinar evento de caráter festivo", diz Sanches na ação. São dez dias de festa. Confira as atrações abaixo.
Matéria original: Correio 24h Por conta da seca, juiz determina suspensão de São João de Uauá; prefeitura recorre
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