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Dois integrantes da quadrilha de Gordo presos |
Quando traficantes assassinaram o soldado PM Tiago Serra Gonçalves, 24 anos, compraram briga com toda a polícia. E, na caçada aos criminosos, uma força-tarefa formada por policiais civis e militares fechou o cerco aos criminosos ligados ao traficante Gordo. Na operação, realizada na tarde de quinta-feira, em Simões Filho, um dos assassinos foi morto e um adolescente de 16 foi apreendido. O menor também participou do crime. Outros dois comparsas, inclusive o autor dos tiros, Elton Carlos Souza, 22 anos, o Carcunda, estão foragidos. Ainda nas incursões, dois integrantes do mesmo bando foram presos: um em Simões Filho e o outro em Vila de Abrantes. A caçada aos bandidos em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), aconteceu por volta das 15h. Uma denúncia anônima à 22ª Companhia Independente dava conta de que havia um homem armado numa casa de alvenaria no bairro do CIA. “Como a gente também estava à procura dos assassinos do policial, decidimos averiguar. Foi então que cercamos o imóvel”, contou o major Ricardo Albuquerque, comandante da 22ª CIPM. O homem que portava um revólver calibre 38 era Ginevaldo Brito dos Santos, 19 anos, o Gil. Ele e o adolescente estavam escondidos no imóvel desde o dia do crime. Ainda na casa estava Edvando Nascimento Ferreira, o Cajá, que faz parte do bando de Gordo, mas não estava na hora que o PM foi morto. Segundo o major, policiais avançaram e o adolescente e Cajá se renderam. Já Gil deixou o imóvel pelos fundos, abrindo fogo contra as guarnições. “Ele acreditou que o fato de estar armado iria facilitar a fuga”, conta o major. Gil foi alcançado e morto. Cajá – que tinha mandado de prisão em aberto por tráfico - e o adolescente foram levados para a 26ª Delegacia, em Vila de Abrantes, onde foi instaurado o inquérito que apura a morte do PM. Na unidade, outro integrante da quadrilha já havia sido preso por agentes da unidade: Leonardo Gonzaga Santos, o Léo Pequeno, tinha mandado de prisão decretada também por tráfico. Foragido, Carcunda teve a prisão preventiva solicitada pelo delegado Marcos Tebaldi. Além dele, um outro integrante do bando, cujo nome é mantido em sigilo, está sendo procurado.
História Contestada - A versão para o crime apresentada pelo major Ricardo Passos, da 40ª Companhia Independente (Nordeste), foi contestada pelo delegado Marcos Tebaldi, da 26ª Delegacia (Vila de Abrantes). Segundo o major, o PM morto na noite de quarta-feira foi vítima de uma cilada armada pela amante de 16 anos, por ordem do traficante Gordo. O motivo seria passional, já que a jovem mantinha um relacionamento amoroso com o bandido. O major disse que o PM retornava para casa, na Saramandaia, mas algumas ligações da jovem fizeram desviar o caminho, rumo à casa da moça, em Vila de Abrantes, onde foi morto. No entanto, o delegado Tebaldi afirmou que Tiago foi assassinado por ter sido identificado pelos traficantes. Disse ainda que ele havia ido à casa da jovem para devolver um molho de chaves que ela tinha deixado em seu gol branco e de vidros escuros no último encontro. Quando Tiago chegou à casa da amante foi abordado por um grupo armado. Os bandidos, segundo o delegado, revistaram o veículo e encontraram a farda de Tiago. O PM estava de joelhos quando foi morto. Tebaldi confirmou que o soldado mantinha um relacionamento extraconjugal com a jovem. O delegado chegou a essas conclusões após interrogar a jovem horas após o crime, além de ter ouvido o adolescente que participou do assassinato e que confirma as declarações da moça. O inquérito, no entanto, ainda não está encerrado. A adolescente deve ser ouvida novamente. Sem dar detalhes, ele quer ter certeza de que ela não está envolvida na morte do PM. A adolescente está sob custódia do Ministério Público Estadual. A mãe dela também será ouvida posteriormente. Ela confirmou que a filha ainda se encontrava com o policial.
Fichas extensas - Todos os envolvidos na morte do PM são velhos conhecidos da polícia. O Carcunda, apontado como o autor dos disparos, responde a três inquéritos e um processo por tráfico, homicídio e assalto. No dia em que matou Tiago, deixou a delegacia de Camaçari, após ter sido beneficiado com um alvará de soltura. Já Ginevaldo, morto no confronto, também já foi fichado várias vezes. Só na 26ª Delegacia foram idas e vindas por tráfico e assalto. Depois de Gordo, o comando é dele. Segundo a polícia, ele passou de mero usuário a dono de “bocas” após a saída de um traficante conhecido como Jack, que foi expulso da área por rivais.