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O ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) Bernardo Figueiredo afirmou, ontem, que os acessos ferroviários aos portos localizados na Baía de Todos os Santos deixaram de ser prioritários no planejamento logístico brasileiro. “O projeto era dotar Salvador de um conjunto de conexões ferroviárias eficientes que aumentasse a competitividade do porto. Este ano foram modificadas as prioridades de investimentos em ferrovias. Os projetos ferroviários que estão para sair não atingem Salvador”, disse ele, que participa hoje de um almoço em comemoração ao aniversário de 10 anos da Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport), no Hotel Pestana, no Rio Vermelho. “Isso tirou o atendimento a Salvador da condição prioritária. Havia uma previsão de ligações com Belo Horizonte e com o resto do Nordeste”, explicou Figueiredo, que atualmente trabalha como consultor na área de atração de investimentos logísticos, em entrevista exclusiva ao CORREIO. Para Figueiredo, os portos de Salvador e Aratu precisam de acessos ferroviários para ser competitivos em relação a outros terminais. “Se não tiver uma logística que permita chegar em Salvador e colocar essa carga na área de influência que pode ter no resto do Nordeste ou do Sudeste ficará limitado a Salvador. E vai perdendo competitividade. Suape vai ter ligações com o interior de Pernambuco, com o Ceará e o Piauí”, lembra. De acordo com o ex-presidente da EPL, foi feita uma escolha no sentido de direcionar os investimentos logísticos da Bahia para a região Sul, no município de Ilhéus. Lá, o governo do estado pretende construir o Porto Sul, um complexo que contará com um terminal privativo e um porto público estadual. O empreendimento atualmente aguarda a licença de implantação para o início das obras.
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Ligando o Litoral ao Centro-Oeste está sendo construída a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). “Eu não sei como foi o processo de decisão, mas, objetivamente, vendo o que está desenhado, Ilhéus passa a ter uma ligação ferroviária com o restante do Brasil, que Salvador não vai ter. Talvez isso aconteça numa segunda etapa, mas aparentemente deram prioridade para o Sul”, analisou. Para o vice-presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Adari Oliveira, um especialista em questões portuárias, é um equívoco colocar em contraposição os investimento em infraestrutura na região Sul da Bahia e os na Baía de Todos os Santos. “Uma coisa não pode excluir a outra. Existe um conjunto de investimentos em mineração que dependem do Porto Sul. Então, que se construa lá. Agora, não se pode, de maneira alguma, deixar de se investir onde já existem indústrias instaladas e uma demanda por uma infraestrutura de escoamento mais eficientes”, afirmou. Segundo Oliveira, a falta de investimentos em Aratu, além de prejudicar as indústrias que já operam no local, ainda dificultam a atração de novos investidores. “Quem quer vir para o Nordeste procura um local em que tenha a melhor operação. Hoje não é na Bahia”, garantiu.
Matéria original: Correio24hPortos de Aratu e Salvador estão excluídos de plano ferroviário