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BAHIA

Produtores do Oeste perdem fortunas em fretes pelas estradas

Os fertilizantes e defensivos que farão a correção do solo já trazem embutidos os preços dos fretes multiplicados por quilômetros percorridos nas rodovias do país até as fazendas

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05/12/2012 às 9:21 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:50 - há XX semanas
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Quando fecha as porteiras das três fazendas da família no município de Luis Eduardo Magalhães, no Oeste baiano, e embarca nos caminhões a safra de soja, milho ou algodão, o produtor Rubens Franciosi sabe que o trajeto será longo. Com as estradas que cortam a Bahia esburacadas e os portos defasados e sobrecarregados, os produtores baianos já buscam no Sudeste o caminho para escoar a safra. Além do tempo, a nova rota eleva o custo logístico da produção. “Da porteira pra dentro, a gente garante, mas, daqui pra fora, só Deus sabe”, diz o produtor, com forte sotaque gaúcho apesar dos quase 20 anos em solo baiano. À frente da Sociedade Franciosi, ele se reveza no cultivo de grãos e de algodão nos 10.500 hectares que a família possui. Os entraves começam antes do plantio, com as primeiras chuvas na região Oeste, em meados de outubro e novembro. Os fertilizantes e defensivos que farão a correção do solo já trazem embutidos os preços dos fretes multiplicados por quilômetros percorridos nas rodovias do país até as fazendas. “Os insumos que utilizo na soja chegam da Suíça de navio, param no porto e vêm pra cá em caminhões. São quase mil quilômetros de estrada”, avalia Franciosi. O produtor do Oeste baiano estima entre R$ 800, no caso do milho, e R$ 2.400, para o algodão, o custo por hectare com insumos em uma safra. Com a soja, o custo com insumo fica em torno de R$ 900. Desse total, em torno de 45% do custo é com o frete. O produtor explica que esse valor vai impactar diretamente no preço dos grãos produzidos. “O transporte ferroviário, apesar de mais lento, faria o frete de forma mais barata, pela metade”, diz o empresário. Franciosi consegue atenuar o custo logístico, no escoamento da produção, com a manutenção do produto em suas próprias terras. Com um armazém, estoca até 60% da safra e espera o melhor momento para vender o produto, e assim negocia um preço maior. A maioria dos produtores do Oeste improvisa nos caminhões uma espécie de depósito. Os armazéns podem representar economia de R$ 5 no valor final da saca de soja. Clique na imagem para ampliá-la
PortosEntre seguir em uma linha quase reta até o porto de Salvador pela BR-242, alguns produtores do Oeste já buscam os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) para embarcar a tempo dos contratos a safra. “Ficamos isolados de Salvador. É difícil escoar a produção por lá, o que seria mais óbvio. O porto é muito defasado, os guindastes e maquinários não têm capacidade de transportar tudo”, diz Franciosi. Se pudesse embarcar por Salvador, o produtor reduziria à metade a distância que tem de percorrer atualmente para exportar. Assim, o custo, em torno de R$ 3 mil e R$ 4 mil que paga pela carga de algodão, poderia ser reduzida proporcionalmente à metade, segundo avalia. A mesma redução valeria para a soja. O custo para o transporte ficou em torno de R$ 2,50 por saca de soja, perto de 6% do gasto total. Vantagem chinesaAlém disso, o custo da navegação entre um porto e outro no Brasil faz com que o transporte fique restrito ao frete rodoviário. “Um frete marítimo entre um porto do Sudeste e outro no Nordeste chega a ser mais caro do que levar essa carga para a China”, explica o consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet, palestrante do seminário de Agronegócio deste ano do Agenda Bahia, que debate o Código Florestal e a Logística no Campo. A sobrecarga faz com que muitos terminais marítimos enfrentem apagões. É o caso dos portos de Santos e Paranaguá, que sofrem constantes engarrafamentos de embarcações. “Navio parado é custo para o dono, mas esse valor vai ser absorvido pelo produtor, que vai repassar para o consumidor no valor final”, explica Fernando Pimentel, consultor da Agrosecurity. Esses custos adicionais podem chegar a 40 mil ou 50 mil dólares por dia. “No momento em que conseguirmos resolver saída portuária, a ideia é que os produtores ganhem R$ 4 mais por cada saca de soja e milho”, diz Fayet. Quase três milhões de toneladas deixaram de ser produzidas na última safra em função de problemas com os portos, segundo Fayet. Mato Grosso O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estimou em R$ 186 o custo, por hectare, com operações agrícolas no Nordeste no mês de setembro. Em comparação, o Mato Grosso, estado que produz 20% da soja nacional, teve custo de R$ 145 por hectare com mão de obra, colheita, secagem, entre outros processos. “A evolução na qualidade dos equipamentos que fazem a colheita do grão diminui muito a perda na colheita, mas ainda existe”, afirma Fernando Pimentel. Matéria original: Correio 24h Produtores do Oeste perdem fortunas em fretes pelas estradas da Bahia

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