Joilson Viana Nascimento, Pedro Cruz Nogueira, Gilson Arlindo da Silva, Elinalva Martins dos Santos... A imensa lista, que parece de chamada, em vez de presença, contabiliza mortos. Assassinados. Na sua, na nossa cidade. Só este ano. Os nomes da triste relação vão passando e é como se, a cada linha, se ouvissem os tiros, as facadas, os gritos de pânico. Uma, duas, três... Mil vezes. Ao ser assassinado ontem, Wesley Morais Oliveira, 23 anos, passou a ocupar a milésima linha da relação de mortos por homicídio em 2011, em Salvador e Região Metropolitana (RMS), segundo boletim diário disponibilizado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) desde 17 de janeiro.
O corpo de Wesley foi encontrado com perfurações de bala na cabeça, mão e axila esquerda, na 1ª Travessa Luciano Gomes do Jardim Cajazeiras, em Pau da Lima. O CORREIO coletou os dados da SSP, analisou-os dia a dia e produziu uma série que começa a ser publicada hoje. estatísticas No estudo, constata-se que, em média, uma pessoa é assassinada a cada 4 horas e 12 minutos em Salvador e RMS, que 90% dos mortos são homens, que a região recordista em assassinatos é o Subúrbio Ferroviário e que o dia da semana mais violento é o domingo. Entre os cinco dias com mais mortes no ano, quatro são de fim de semana. O mês com mais mortes é maio, mas fevereiro tem média diária mais alta - 6,54 assassinatos/dia. As vítimas têm aproximadamente 28 anos, em média, e a lista de mortos inclui ainda 67 menores de idade e 10 idosos.CLIQUE AQUI E VEJA DADOS ESTATÍSTICOS CALCULADOS PELO CORREIO A relação nominal dos primeiros 16 dias do ano foi solicitada à SSP, mas o pedido não foi atendido. Em balanço mensal, a Secretaria informa que em janeiro morreram 179 pessoas. Descontando desse número as 87 mortes da lista nominal divulgada desde 17 de janeiro no site da SSP (www.ssp.ba.gov.br), somam-se, então, mais 92 pessoas mortas. Comparação As estatísticas colocam a capital baiana (isolada da RMS) à frente da maior cidade do país - em números absolutos. Mesmo com uma população de 11,2 milhões de pessoas (contra 2,6 milhões em Salvador), São Paulo registrou, de janeiro a maio deste ano, 414 vítimas em homicídios. Em Salvador, no mesmo período, foram 642 mortos - 55% a mais. Estudo realizado em 2008 pelo Instituto Sangari, vinculado ao Ministério da Justiça, mostrou que, naquele ano, Salvador, com taxa de 60,1 homicídios por 100 mil habitantes, era a quarta capital mais violenta do país, atrás somente de Vitória (73,9), Recife (85,2) e Maceió (107,1). O cálculo realizado pelo CORREIO com base nos dados do IBGE e em relatórios de homicídios da SSP de 2010 mostra que no ano passado essa taxa aumentou para 61,26 homicídios/100 mil habitantes. Este ano, porém, a tendência é de uma pequena queda. Considerando os números de 17 de janeiro até ontem, Salvador encerraria o ano com 57,37 homicídios/100 mil habitantes. Na RMS, a taxa é maior - 65,82. Extremos Dia 23 de junho. Naquela quinta-feira, a promessa de os fogos pipocarem no interior acalmou os ânimos na capital, e a véspera de São João, também feriado de Corpus Christi, ostenta hoje o título de único dia do ano sem nenhum homicídio. Na outra ponta da tabela está o ensolarado domingo de 1º de maio, Dia do Trabalho. Rubro-negros e tricolores acordaram no clima do sarro - e da tensão: era dia do Ba-Vi que definiria vaga na final do Baianão. Em Roma, João Paulo II era beatificado e, em algum lugar no fundo do Atlântico, os destroços e os cadáveres do Air France 447 eram revirados em busca da caixa preta, que seria encontrada naquela tarde. Alheia - ou não - a isso tudo, Margareth Menezes cantava na Praça Municipal e a banda LevaNóiz fugia fugia com milhares de pessoas em show na Castro Alves. Mas não teve Super-Homem nem Mulher Maravilha certos para salvar os 15 mortos do dia com mais homicídios (13 homens e duas mulheres). A multidão em festa na pirambeira musical ou na classificação do Vitória abafou as famílias que, elas sim, alheias a tudo, choravam. contando... Até as 22h de ontem, mais uma morte havia sido registrada, somando cinco em todo o domingo, 1.001 mortos na lista nominal e 1.093 no total. E assim, entre números e mais números, se foram este ano 16 Antônios, uma Antônia, 15 Josés, 15 Carlos, 12 Paulos, 10 Andersons, 3 Marias, 9 Jefersons (um deles com dois “f”)...
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