Os estudantes brasileiros estão entre os que ficam mais tempo na internet quando não estão na escola. Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), divulgados nesta quarta-feira (19), revelam que os adolescentes brasileiros da faixa de 15 anos passam mais de três horas diárias, durante a semana, navegando na rede. O país perde apenas para o Chile, onde os estudantes ficam 195 minutos por dia conectados.
Nos finais de semana o tempo de uso é ainda maior, chegando a 209 minutos no Brasil. Entre os estudantes brasileiros, 47,% afirmaram usar a internet para jogar on-line todo dia ou quase todo dia. Entre as meninas, o percentual foi de 22,4%. No que diz respeito às redes sociais, 68,7% dos meninos disseram acessar redes sociais todos ou quase todos os dias. A porcentagem foi maior entre meninas: 72,6%. Cerca de 52,4% dos alunos afirmam participar de chats on-line frequentemente. No caso das meninas, o percentual é de 47,5%.
"Não dá para pensar em abandonar o acesso a essa tecnologia. O que se pode pensar é em um movimento de mais equilíbrio entre o uso da internet e outras atividades. Não se trata de ver a internet como uma vilã, ela pode ser um recurso de conhecimento e socialização, mas é importante que estudantes e família possam pensar em administrar esse tempo e tomar cuidado com o mau uso desse recurso", alerta Patrícia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Itaú Social.
Segundo o Pisa, o uso de internet por mais de seis horas diárias está relacionado negativamente ao bem estar do adolescente. Em quase todos os países, os estudantes extremamente conectados se sentem menos satisfeitos com a própria vida quando comparados aos demais. Entre os que gastam menos de uma hora por dia na internet, um uso baixo, o percentual é de 14% de satisfação. A taxa é de 13% entre aqueles que utilizam a rede entre duas e seis horas por dia, e de 12% entre os usuários moderados ( entre uma e duas horas).
ATIVIDADES FÍSICAS
Se os alunos brasileiros estão entre os que mais gastam tempo com internet, a realidade não é a mesma no que diz respeito às atividades físicas. Em meio a 56 países e economias que tiveram dados disponibilizados no estudo, o Brasil fica em 43º entre os com maior índice de estudantes que praticam alguma atividade fora da escola.
O Pisa afirma que a falta da prática de exercícios pode ter reflexo no desempenho dos alunos. De acordo com a pesquisa, estudantes que praticam mais atividades físicas moderadas tendem a se sair melhor na avaliação.
BULLYING
Dos alunos brasileiros na faixa dos 15 anos que participaram da avaliação, 17,5% são alvo de algum tipo de bullying algumas vezes no mês. "Mais de 10% dos estudantes em 34 países e economias relataram que seus colegas zombam deles pelo menos algumas vezes por mês. Uma proporção similar de estudantes em 13 desses locais relataram que são excluídos frequentemente por outros colegas, enquanto em 16, mais de 10% dos alunos relatam que são frequentemente objetos de boatos desagradáveis", descreve o relatório.
ANSIEDADE
A tranquilidade e o bom humor para lidar com as adversidades, estereótipo constantemente atribuído aos brasileiros, está longe de ser realidade para uma parcela da população em idade escolar. Os estudantes brasileiros da faixa de 15 anos estão entre os mais ansiosos e inseguros avaliados pelo Pisa. De acordo com o relatório "Bem-Estar dos Estudantes: Resultados do Pisa 2015", 80,8% dos brasileiros avaliados responderam que se sentem muito ansiosos mesmo quando estão preparados para o teste.
Entre os fatores gerais que podem contribuir para aumentar a ansiedade dos estudantes em relação aos exames, a pesquisa indica o medo de tirar notas baixas. Escolas com altos padrões de desempenho e com ambiente altamente competitivo também influenciam nisso. Mas o estudo ressalta que o ponto central da equação é a relação dos estudantes com seus professores e seus pais. O estudo detalha ainda que o índice de ansiedade diminui quando o professor oferece ajuda individual durante a resolução de problemas.
"Os resultados do Pisa mostram que as práticas, comportamentos e a comunicação dos professores na sala de aula estão associadas ao nível de ansiedade dos alunos", diz o relatório, acrescentando: "Alunos que relataram que seus professores de ciências adaptavam a lição às necessidades e conhecimento da turma eram menos propensos a se sentirem ansiosos quando estavam preparados para o teste, ou reportar que ficavam muito tensos quando estudavam".
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Redação iBahia
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