Diego Archanjo, de 17 anos, começou a usar batom para ir para a escola no começo do ano. Nesta quarta-feira, o aluno do Sistema Elite de Ensino de Nova Iguaçu foi até a coordenação da unidade para tirar uma dúvida e acabou sendo chamado por uma das coordenadoras para conversar sobre o batom. Ela pediu que ele não usasse mais a maquiagem quando fosse para a escola, porque não era permitido e poderia despertar preconceito de outras pessoas.
— Na hora eu fiquei sem saber o que fazer e fui para a sala. Aí eu pensei comigo mesmo: por que ao invés de orientar a pessoa que oprime a não oprimir, ela orientou o oprimido a mudar? Foi aí que fiz um desabafo no Twitter — contou.
Diego marcou um perfil na rede social administrado por alunos do Sistema Elite de Ensino, voltado para dar voz aos estudantes dentro da instituição. O que ele não esperava era que sua publicação iria viralizar e se transformar numa campanha contra a homofobia. A hashtag #BatomPodeHomofobiaNAO foi a segunda mais comentada no Twitter no Brasil.
— Quando eu cheguei na escola hoje de manhã, vi que a maioria dos alunos estava de batom. Tinha até gente de turma militar, fiquei impressionado! Depois acabaram hostilizando a coordenadora, mas ela só se preocupou que eu poderia sofrer algum tipo de repressão. Essa orientação veio de um machismo enraizado. Ela teve boa intenção, mas de maneira errada — disse.
Além dos colegas de Diego, alunos de outras unidades da escola aderiram ao movimento e postaram fotos usando batom nas redes sociais. Diego contou que foi chamado para conversar novamente com a coordenadora, que pediu desculpas pela colocação. O aluno disse que o diretor inclusive se propôs a fazer um debate entre os alunos.
— O movimento é muito mais do que batom. É sobre machismo, sexismo e homofobia dentro da escola. E eu acho incrível as pessoas terem aderido desse jeito porque realmente abre espaço para o debate. Isso não é sobre mim, é sobre as pessoas que vem depois. A escola precisa estar preparada para receber esses alunos — avaliou.
Em nota enviada ao EXTRA, o Sistema Elite de Ensino esclarece que não houve nenhuma atitude discriminatória dentro da instituição. A escola ressaltou ainda que preza pelo acolhimento à diversidade e respeito ao ser humano.
Veja a nota do Sistema Elite de Ensino na íntegra:
O Sistema Elite de Ensino esclarece que já apurou internamente o mal entendido ocorrido com um aluno em uma de suas unidades. Conforme esclarecido pelo próprio aluno em um vídeo nas redes sociais, em nenhum momento houve atitude discriminatória da escola. Os princípios e valores do Elite, nos quais se embasa não só nossa proposta educativa mas também inspiram nossos modos de ser escola e nossos educadores, preza pelo acolhimento à diversidade e respeito ao ser humano. “O batom é livre para todos”!
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Redação iBahia
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