O candidato do PSL à Presidência Jair Bolsonaro voltou a defender na terça-feira (28), em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, que a violência urbana deve ser combatida com uso da força. Capitão da reserva do Exército, afirmou que policiais que matarem com "dez ou trinta tiros cada (suspeito)", devem ser condecorados.
— Nós temos que fazer o que em local que você possa deixar livre da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade? Ir com tudo para cima deles (bandidos) e dar para o policial e agentes da segurança pública o excludente de ilicitude. Ele entra, resolve o problema. Se matar dez, 15 ou 20, com dez ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado e não processado.
Bolsonaro citou a atuação da missão do Exército brasileiro no Haiti como um exemplo e disse que lá os agentes de segurança atiravam primeiro e depois iam saber o que tinha acontecido.
— Qualquer elemento com arma de guerra, os militares atiravam dez, 15, 20, 50 tiros e depois iam ver o que aconteceu. Resolveu o problema rapidamente. Você vê bonde aqu no Rio de Janeiro, na Praça Seca, com 20 anos com fuzil. Como é que tem que tratar essas pessoas? Pedindo para levantar as mãos, dar uma florzinha para eles ou atirar? Tem que atirar. Se não atirar não vai resolver nunca.
O presidenciável também foi questionado por se apresentar como novo, embora tenha uma longa trajetória de 27 anos como parlamentar, com filhos também políticos, e disse que se diferencia dos colegas por ter sempre pertencido ao chamado baixo clero.
— Se tivesse, na forma de fazer política, ocupado altos postos, com toda certeza estaria envolvido na Lava-Jato hoje em dia. Então, mantive a minha linha em Brasília —, afirmou o candidato, que tinha uma “cola” na mão esquerda, a exemplo do que já havia ocorrido no debate da "Band", no dia 18.
Bolsonaro disse que questões omo a desigualdade de salários entre homens e mulheres, que chega a 25%, segundo o IBGE, não precisam de ações afirmativas para serem resolvidas, já que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) tem regras para essas questões e que eventuais distorções devem ser resolvidas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
— Por que o Ministério Público do Trabalho não age, no tocante a isso daí? Mas eu não tenho ingerência no Ministério Público do Trabalho, isso tá na CLT. Sáo as mulheres denunciarem e o MP do Trabalho resolve o assunto.
O candidato sugeriu que haveria diferença salarial entre os entrevistadores, os jornalistas Renata Vasconcelos e William Bonner.
— Tô vendo aqui uma senhora e um senhor, eu não sei ao certo, mas com toda certeza há uma diferença salarial aqui... São cargos semelhantes...
Bolsonaro foi interrompido pela jornalista.
— Poderia, como qualquer cidadã, fazer questionamentos sobre seus proventos porque ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E eu posso garantir ao senhor, como mulher, que jamais aceitaria receber um salário menor que um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu.
Bolsonaro já havia sido confrontado sobre o mesmo tema pela candidata Marina Silva, da Rede, no debate da “Band”.
O presidenciável voltou a afirmar que o trabalhador vai ter que decidir entre ter 'menos direito e emprego' ou “todos os direitos e desemprego", mas evitou excplicar quais direitos, caso eleito, os trabalhadores podem perder. Disse ainda que, se isso ocorrer, terá de ser uma decisão do Congresso.
Questionado por seu histórico de declarações sobre homossexuais, o candidato chegou a exibir o livro do projeto Escola Sem Homofobia, classificado por ele como “kit gay”, e pediu aos telespectadores que tirassem as crianças da frente da TV. Os jornalistas pediram, então, que ele não mostrasse o exemplar, conforme regras estabelecidas previamente com a campanha.
Ao final da entrevista, o presidenciável foi lembrado de declaração de seu vice, o General Hamilton Mourão (PRTB), que, no ano passado, defendeu que os militares teriam que “impor uma solução” à crise no país.
— As palavras dele estão em consonância como que a sociedade fala. Ele teve a coragem de externar. Agora ele é um militar da reserva. Nem eu, nem ele, não queremos nada pela força — disse o candidato, que disse “deixar para lá” a classificação de historiadores sobre o período como um golpe.
O candidato citou então um editorial do jornalista Roberto Marinho, em 1984, no GLOBO.
— Roberto Marinho foi um ditador ou um democrata? É História — perguntou Bolsonaro.
A respeito disso, o Grupo Globo emitiu a seguinte nota:
"O candidato Jair Bolsonaro disse há pouco que Roberto Marinho, identificado com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, apoiou editoralmente o que chamava, então, de revolução de 1964. É fato. Não somente O GLOBO, mas todos os grandes jornais da época. O candidato Bolsonaro esqueceu-se, porém de dizer que em 31 de agosto de 2013, O GLOBO publicou editorial em que reconheceu que o apoio editorial ao golpe de 1964 foi um erro. Nele, o jornal diz não ter dúvidas de que o apoio pareceu, aos que dirigiam o jornal e viveram aquele momento, a atitude certa visando ao bem do país.
E finalizava com estas palavras: 'À luz da história, contudo, não há porque não reconhecer hoje explicitamente que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editorias do período que decorreram deste desacerto original. A democracia é um valor absoluto e quando em risco ela só pode ser salva por si mesma'."
Privatização de estatais e educação
Ainda na noite de terça-feira, Jair Bolsonaro participou de uma entrevista no “Jornal das Dez”, da GloboNews, e prometeu, em poucos meses de um eventual governo seu, extinguir ou privatizar estatais criadas durante os 13 anos dos governos Lula e Dilma Rousseff, do PT.
— O PT, se não me engano, criou uma 50 estatais nesses 13 anos aí. Em poucos meses conseguimos extinguir ou privatizar com toda a certeza. Depois temos 100 (estatais) sobrando, vamos ver qual vai ser o modelo. Eu sou apaixonado pelo modelo golden share da Embraer — disse Bolsonaro, referindo-se ao modelo em que o governo mantém uma classe especial de ações (denominadas golden share) em empresas privatizadas.
O candidato defendeu ainda a extinção do Ministério das Cidades para que os recursos sejam descentralizados e enviados diretamente os municípios. Segundo Bolsonaro, esse modelo seria uma das soluções para resolver o déficit de saneamento básico no país.
— A questão do saneamento é o que eu falo da extinção do Ministério das Cidades, de mandar o dinheiro direto para os municípios para construir casas e para o saneamento também. Descentralização é mandar o dinheiro para onde ele tem que ir de verdade. Lá o prefeito vai usar essa verba no que achar melhor, no que precisar — disse.
Mais uma vez, Bolsonaro voltou a defender a educação a distância para a ensino fundamental. Segundo ele, o modelo poderia ser aplicado em áreas rurais e até mesmo por pais que querem ensinar os filhos em casa, porque, disse Bolsonaro, “na sala de aula nãos e aprende nada.”
— Isso funcionaria no primeiro momento para pequenas quantidades de crianças (em áreas afastadas). E mais ainda: tem muitos pais que querem educar os filhos em casa, tendo em vista, eu já fui em escola pública no Rio de Janeiro, em algumas é um caos em sala de aula, não se aprende nada, parece que a criançada está cumprindo tabela — disse Bolsonaro.
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Redação iBahia
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