Guilherme Martins mede 1,93m e malha todo dias para manter bem distribuídos seus 92kg. Marcelo França, com 1,88m, corre e joga futebol, além de fazer musculação, para deixar o corpo sarado. Thiago Freitas, que tem 1,90m, investe numa dieta rígida, associada a exercícios, para conservar o condicionamento físico. Todos têm rotina e porte de modelos, mas exercem um ofício bem diferente: são garçons. Ou top waiters, como preferem ser chamados.
A demanda por garçons bonitões em festas e eventos tem crescido. A moda pegou entre famosas, como Anitta, que causou frenesi nas redes sociais ao tirar uma foto com o barman do seu aniversário, há um mês. Para atender a esse nicho de mercado, fornecedores de staff estão criando suas tropas de elite. Os critérios variam, de acordo com a empresa. Umas exigem altura mínima, outras favorecem a prática de exercícios. Um requisito é básico: a beleza.
— Existe aquela máxima de que também se come com os olhos. Não basta os drinks serem gostosos, toda a apresentação tem que ser bem feita. Isso inclui os recursos humanos. Ninguém vai para o bar só porque o garçom é bonito, mas, em eventos, esse pode ser um diferencial na atração dos clientes — explica Diogo Carvalho, sócio-proprietário da empresa Drinkings, que fornece bartenders para todo o estado.
— A qualidade do nosso bufê era boa, mas percebi que alguns garçons eram mal-educados, velhos e barrigudos. Chamei meu filho para trabalhar e, como os universitários estão sempre precisando de um trampo, ele chamou amigos. Começou assim e, hoje, além da beleza, exijo que eles sejam educados e bem articulados. Alguns são bilíngues, para atender eventos com estrangeiros — conta.
Na Staff Eventos, a altura mínima para os garçons é 1,82m. Eles passam por uma entrevista e, se contratados, podem aproveitar as parcerias da empresa com barbearias e fotógrafos. Em média, eles faturam R$ 1.800 por mês por carca de três festas por semana. Mas os valores variam de acordo com o número de eventos. Muitos pensam em seguir o ramo de modelo.
— A maioria pensa assim. Eu mesmo já fiz vários trabalhos fotográficos. É uma boa porta de entrada — conta Thiago Freitas, que entrou para a equipe da empresa enquanto cursava Economia e, depois de formado, continua trabalhando lá.
Se Anitta, que é Anitta, não resistiu a tirar uma foto com o barman, imagine o que não acontece nas festas quando a mulherada exagera nos drinks. O assédio é tão comum entre os top waiters, que eles recebem instruções de como se comportar nessas situações.
Os garçons contam que não fazem um evento sequer sem passar por pelo menos uma situação de assédio. Em alguns casos, a situação esquenta tanto que uns precisam ajudar os outros a despistar as investidas.
— Tem umas bem tranquilas, que são aquelas brincadeiras e elogios. Outras, quando estão mais alteradas, tentam agarrar e abrir a blusa. Tem que tentar, com toda a simpatia, sair daquela situação — diverte-se o estudante de marketing Guilherme Martins.
‘Protesto’ de garçom das antigas
A novidade não é vista com bons olhos por Osvaldo Agapito. Aos 59 anos, ele segura a bandeja há 37, sendo 32 no restaurante Galeto 183, no Centro. Para ele, outros atributos são mais importantes que beleza.
— É como diz o ditado: beleza não põe a mesa. O garçom precisa ter desenvoltura para equilibrar os objetos, ser atencioso para atender várias pessoas ao mesmo tempo e entender o que o cliente fala. Com o tempo, você aprende a ler os lábios. Isso é o mais importante. É conquistar o cliente com um serviço eficiente — afirma.
Diversidade
Embora a demanda maior seja por homens, as empresas também fornecem garçonetes bonitas para festas e eventos. No caso delas, a procura maior é para eventos corporativos externos, quando a empresa precisa atrair a clientela.
— Hoje, 90% da demanda é por homens. Mas as meninas recebem o mesmo treinamento dos homens e têm requisitos semelhantes: beleza, educação e boa articulação — diz Eliana.
A diversidade também é levada em conta.
— Temos negros e brancos na equipe. O importante é ter boa apresentação para que o cliente seja, de fato, conquistado pelo serviço — diz Diogo, da Drinkings.
Cresce a demanda por ‘top waiters’, garçons bonitões para servir em festas e eventos
Critérios variam, de acordo com a empresa
Tags:
Brasil, top garçons, top waiter, bonitos, Bonitões