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Para ONG, ação policial na cracolândia desarticulou trabalho de saúde e assistência social

Com a dispersão dos viciados para outras áreas da cidade, ONG tenta agora reencontrar as pessoas que estabeleceram contato nos últimos anos

• 21/01/2012 às 18:34 • Atualizada em 31/08/2022 às 21:27 - há XX semanas

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A operação policial iniciada na cracolândia do centro de São Paulo no início desse ano desarticulou as ações de saúde e assistência social que vinham sendo feitas na região, avaliam os especialistas da organização não governamental (ONG) É de Lei. A entidade faz desde 1998 um trabalho de redução de danos com usuários de drogas. Segundo psicólogo e coordenador da ONG, Thiago Calil, nos últimos dois anos a prefeitura havia intensificado a assistência às pessoas que fumam crack nas áreas próximas a Estação da Luz. "Nós últimos anos começou a crescer bastante (o trabalho). Por muito tempo, era só a gente", conta. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também começou no fim de 2010 um programa de aproximação com as crianças e adolescentes da região. Essas ações que buscam ganhar a confiança dos dependentes para que eles passem a se cuidar e eventualmente buscar tratamento, foram, na opinião de Calil, comprometidas com a ação policial. "Estava rolando alguma coisa que parecia ser um caminho mais interessante. Esse vínculo mais humano, com várias equipes. Mas isso se esvaiu totalmente", lamenta. Além disso, o psicólogo acredita que ação policial ostensiva cria um clima pouco propenso para a aproximação com os usuários. "Tem quase uma agressão do Estado contra eles, fica uma coisa tensa", ressalta. Ele disse que também foi prejudicado o trabalho da É de Lei, que se aproxima dos usuários para incentivá-los a cuidarem de si mesmos, evitando contrair doenças e outros riscos relacionados ao crack. Para isso, a ONG distribuí insumos, como preservativos e piteiras de silicone, para evitar a transmissão de doenças com o compartilhamento dos cachimbos. Com a dispersão dos viciados para outras áreas da cidade, após a ocupação das ruas pela Polícia Militar, Calil tenta agora reencontrar as pessoas com quem estabeleceu contato nos últimos anos. "Estou tentando achar as pistas para encontrar o pessoal, para não perder anos de trabalho que a gente veio construindo". Desde o começo da operação, a prefeitura contabiliza 2,3 mil abordagens de agentes de saúde e 2,2 mil de agentes da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. A atuação resultou em 436 encaminhamentos para serviços de saúde e 106 internações. Para a diretora da É de Lei, Camila Alencar, os números não indicam que a operação tenha obtido sucesso nas ações de saúde. "As pessoas eram internadas antes dessa ação. Se você for ver a história dos usuários, a maioria sofreu pelo menos uma internação. Eles são internados e voltam", disse. Camila aponta outros problemas, como a falta de uma estrutura de acompanhamento após as internações. "Quando elas saírem, elas vão para onde?", questiona. “Elas também podem se internar em um dia e sair em outro”, acrescenta. De acordo com ela, os relatos dos usuários dizem ainda que existem dificuldades para acessar os serviços de saúde e assistência social. "Eu ouvi dizer que o processo de cuidado está muito burocrático. Não são todos que vão procurar que conseguem", diz.

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