Num vídeo gravado logo depois de ter sido preso, o ex-assessor Marcos Venício Moreira Andrade, 66 anos de idade, confessou ter matado com um tiro de pistola o ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata (MDB-ES) . Numa conversa informal com policiais, o ex-assessor confirma que cometeu o crime depois que o ex-governador disse que teria mesmo que sofrer com as consequências de um processo judicial por calúnia, injúria e difamação. Pelo processo, movido por Camata contra Andrade, o ex-assessor foi condenado a pagar indenização de R$ 60 mil.
Um policial, que conduziu o interrogatório informal, perguntou se ele tem costume de andar armado. A polícia suspeita que Venício premeditou o crime . Ele teria saído de casa com a intenção deliberada de matar o ex-governador. Andrade respondeu, então, que saiu de casa armado porque precisava renovar o registro da pistola. O policial insiste para que o ex-assessor confesse a premeditação. Ele diz que se o policial levantasse informações saberia que ele é um "homem idôneo".
Andrade foi assessor do ex-governador por 19 anos. Os dois romperam relações em 2005. Em 2009, numa entrevista concedida ao GLOBO, Venício denunciou Camata por cobrança de propina de empreiteiras, entre elas a Odebrecht, e apropriação indevida de parte de salários de seus funcionários. O ex-governador rechaçou as acusações. Depois de perder uma eleição, Camata processou Andrade por calúnia, injúria e difamação. Em outubro, a 5ª Vara Criminal de Vitória condenou Andrade.
A condenação resultou no bloqueio de R$ 60 mil em uma conta de Andrade. Ontem, por volta das 17 horas, o ex-assessor decidiu cobrar explicações do ex-chefe. Os dois se encontraram numa calçada entre uma banca de jornais e o bar Motor Rockers, na rua Joaquim Lírio, na Praia do Canto, bairro de classe média de Vitória. Depois de uma breve troca de palavras, Andrade se afastou um pouco de Camata, sacou a pistola e disparou um tiro no alto do peito do ex-governador. Camata caiu sangrando pela boca e morreu logo depois.
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Depois do crime, Andrade atravessou a rua, levantou a camisa, colocou de volta a pistola na cintura e desapareceu. Ele disse à polícia que foi até a imobiliária de um amigo tomar um remédio. Momentos depois, ele foi preso pouco antes de chegar em casa, a menos de um quilômetro de distância do local do assassinato. Em aparente tranquilidade, ele confessou o crime.
Veja o vídeo do depoimento: