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"Aqui você não entra" teria dito diretora a criança |
A diretora da Escola Municipal Francisco Campos, no Rio de Janeiro, foi considerada inocente após a apuração de um suposto crime de intolerância religiosa praticado contra um aluno de 12 anos que teria sido impedido de entrar no colégio por estar usando guias de candomblé. Segundo a família da criança, ele foi barrado por usar bermudas brancas e guias por baixo do uniforme. O caso aconteceu em agosto.De acordo com o inquérito conduzido pelo delegado titular da 20º DP (Vila Isabel), Herald Espínola, “não houve intolerância religiosa por parte da diretora Cinthya Purper Freitas”. O resultado das investigações será encaminhado ao Ministério Público no início da próxima semana.A mãe do menor poderá responder ainda por desacato contra a diretora, uma vez que confessou, em depoimento, ter ofendido a diretora. Ela informou que acionará um advogado por não concordar com o resultado do inquérito.A advogada de defesa de Cynthia Purper Freitas, Luciana Portella, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o mais grave foi o fato de a diretora ter sido impedida de falar com a imprensa pela Secretaria Municipal de Educação e, portanto, não ter tido a possibilidade de defesa. De acordo com ela, o pedido de desculpas feito por Eduardo Paes teria sido reflexo da falta de sensibilidade da prefeitura e provocou o engradecimento da questão perante a opinião pública. Apesar disso, a advogada garante que não há intenção de processar a prefeitura.
Relembre o caso Tudo começou quando a criança, após passar um mês afastada das salas de aula, tentou retomar os estudos. “Eu levei o meu filho e, na porta da escola, ela [diretora] não viu que eu estava atrás e colocou a mão no peito dele e disse: ‘Aqui você não entra’. E eu expliquei que ele teria que usar as guias e o branco por três meses e aí ela respondeu: "O problema é seu’”, disse Rita de Cássia. Indignada, a mãe do menino disse que o filho se sentiu muito humilhado diante dos colegas e chorou muito. “Se ela estivesse esperado todo mundo entrar e me chamasse no canto para tentar encontrar uma forma para colocar ele pra dentro seria uma coisa. Mas, não. Ela barrou ele na frente de todo mundo. Eu discuti, falei palavrão feio pra ela, eu admito, mas ela não poderia ter feito isso com ele. Ele foi muito humilhado”, desabafou a mãe. Rita disse ainda que entrar para a religião foi escolha do filho. “A escolha de entrar para o candomblé foi dele. Ele sabe o que quer, é muito firme nas decisões. Por nada ele larga a religião dele. Quando aconteceu isso tudo ele disse: ‘Se eu fosse muçulmano ou qualquer outra coisa eu deveria ser respeitado, isso é discriminação. Se o meu filho estivesse com drogas, se tivesse arma tenho certeza que eles iam tampar os olhos”, reclamou ela, que contou que o filho está muito triste e sem vontade de voltar à escola. O caso ocorreu no dia 25 de agosto. Quatro dias depois, o jovem foi transferido para a Escola Municipal Panamá, também no Grajaú, onde foi bem recepcionado por todos. “Depois que eu fui lá para pedir a transferência a diretora disse que não gostaria que eu levasse ele porque ele era um ótimo aluno. Mas o que ela não poderia era ter feito meu filho passar vergonha. Depois que ele foi tão humilhado, meu filho foi muito bem aceito na escola nova. Todo mundo me apoiou. Pra quem é mãe é muito difícil ver um filho sofrendo esse preconceito”, concluiu a mãe do jovem.
Matéria original: Correio 24h Diretora de escola acusada de barrar aluno com guias de candomblé é inocentada