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'Ele me odiava e odiava minha mãe', diz Nayara sobre Lindemberg

Amiga de Eloá diz que o acusado a culpava por fim do namoro. Júri de Lindemberg Alves teve início nesta segunda em Santo André

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13/02/2012 às 19:28 • Atualizada em 30/08/2022 às 20:37 - há XX semanas
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Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que foi baleada durante o sequestro ocorrido em Santo André, no ABC, em 2008, afirmou nesta segunda-feira (13), no Fórum de Santo André, no ABC, que Lindemberg Alves a culpava pelo fim do namoro. "Ele achava que eu influenciava negativamente a Eloá. Ele achava que ela tinha terminado o namoro por minha causa. Ele me odiava e odiava minha mãe", disse. Ela falou por quase duas horas. Segundo ela, o acusado mudou o comportamento com ela após o término. Antes, segundo ela, a relação entre ela e o ex da amiga era "boa". Ela é a primeira testemunha de acusação a ser ouvida. Lindemberg foi retirado da sala a pedido da jovem. Apesar de toda a repercussão do caso, Nayara disse que conseguiu passar de ano. "Fiquei o resto do ano fora da escola, mas não perdi o ano porque fiz trabalhos em casa", afirmou. Ela contou também que fez tratamento "psicológico e psiquiátrico". "tomei remédio, mudei de escola. E ainda tenho cirurgias para fazer." Nayara disse que o namoro de Lindemberg e Eloá tinha "idas e vindas". Segundo ela, os dois terminaram "várias vezes". "Uma vez ela não quis voltar e aí ficou conturbado. Lindemberg começou a persegui-la e a agrediu em um ponto de ônibus." A amiga da garota morta afirmou ainda que ela se sentia ameaçada. "No dia do crime, ele ficou surpreso de ter mais gente no apartamento. Ele entrou já de arma em punho." Durante o depoimento, Nayara começou a chorar. "Ele batia nela o tempo todo dentro da casa, não largava a arma", disse, emocionada. Segundo ela, Eloá ficou "exausta" e "nervosa". "Ela disse que se era para morrer que fosse logo." "Ele se vangloriava, via tudo pela TV. Deu um tiro no PM e disse: 'É para mostrar que eu não sou bonzinho'." Nayara disse que Eloá ficou "toda roxa, muito machucada." Ela afirmou também que Lindemberg disse que ia matar Eloá desde o primeiro momento no apartamento. "ele não era confiável. Várias vezes ele prometeu coisas para os policiais que a gente sabia que ele não ia cumprir." RetomadaHouve um recesso para almoço das 13h às 14h30. Durante a manhã, houve a exibição de vídeos tanto do Ministério Público quanto da defesa do réu aos jurados. Seis homens e uma mulher compõem o conselho de sentença, definido no início do julgamento. Durante uma hora e meia, entre 11h36 e 13h06, a defesa de Lindemberg exibiu cerca de 15 vídeos jornalísticos que retratam a cobertura da imprensa e também a invasão da Polícia Militar ao apartamento onde a Eloá foi mantida refém por cinco dias, entre 13 e 17 de outubro de 2008. As imagens mostram entrevistas que criticam a postura de jornalistas que chegaram a conversar com o acusado por telefone enquanto ele mantinha quatro pessoas em cativeiro, impossibilitando que os policiais conduzissem a negociação com o réu. Em outras reportagens exibidas pela defesa, as criticas são direcionadas à invasão do Grupo de Ações Táticas e Especiais (Gate) da Polícia Militar ao imóvel. O material sugere que Lindemberg atirou em Eloá após a incursão dos policiais. Entre as reportagens jornalísticas apresentadas pela advogada Ana Lúcia Assad, que representa Lindemberg, há entrevistas do réu logo após a prisão, em imagens divulgadas por uma emissora de TV, na qual ele diz que “gostaria de voltar o tempo”. Há também entrevistas com Nayara Rodrigues da Silva, mantida refém e baleada por Lindemberg, na qual diz que só efetuou os disparos após a entrada da PM no apartamento. A promotora Daniela Hashimoto também exibiu um vídeo retratando o comportamento agressivo de Lindemberg Alves. TestemunhasA mãe de Eloá Cristina Pimentel, Ana Cristina Pimentel, e o irmão mais novo da jovem de 15 anos morta em 2008 irão depor como testemunhas de defesa no julgamento. Eles substituem duas testemunhas convocadas pela advogada do acusado e que não apareceram no júri – no total, quatro dos convocados faltaram. A pedido da advogada Ana Lúcia Assad, a mãe de Eloá substituiu uma jornalista e o irmão entra no lugar do perito Nelson Gonçalves, que fez os laudos do caso pelo Instituto de Criminalística (IC). O pedido para a mãe da jovem ser testemunha seria uma estratégia da defesa para tirá-la do plenário e evitar manifestações de emoção que poderiam influenciar a decisão dos sete jurados – seis homens e uma mulher. Início do júriO julgamento de Lindemberg Alves Fernandes começou por volta 10h50 desta segunda-feira. O júri presidido pela juíza Milena Dias ocorre mais de três anos após um dos sequestros mais longos do país - cerca de cem horas - acompanhado ao vivo pela TV, que terminou com a morte da estudante, com 15 anos à época. O réu chegou algemado, mas ficou definido que ele não usará algemas durante o julgamento. Relembre o casoConforme denúncia do Ministério Público, movido por ciúmes de Eloá porque a ex não queria mais reatar o romance de três anos, o então auxiliar de produção Lindemberg, com 22 anos na época, invadiu armado o apartamento em que a estudante morava com os pais em Santo André no dia 13 de outubro de 2008. Lá, Lindemberg manteve Eloá e outros três colegas de escola dela como reféns - Nayara, Iago e Victor Campos. Depois, os dois meninos foram libertados. Após cem horas de cárcere privado, a polícia invadiu o apartamento. Durante a confusão, Lindemberg atirou na cabeça de Eloá e na de Nayara. Eloá foi atingida por dois disparos e teve morte cerebral no dia 18 de outubro. Alguns dos órgãos de Eloá foram doados. Nayara foi baleada no rosto, mas sobreviveu. Doze crimesLindemberg responde por 12 crimes. Além da morte de Eloá, são duas tentativas de homicídio (contra Nayara e o sargento Atos Antonio Valeriano, que escapou do tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor, Iago e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro). Segundo o Ministério Público, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos. O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

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