Trabalhar por conta própria, ter horários flexíveis e ganhar dinheiro com uma boa ideia. Esse é um cenário profissional ideal, mas nem todo mundo nasceu com um talento imprescindível para isso dar certo: senso de empreendedorismo, o que sustenta a boa administração e a inovação de um produto ou serviço. Hoje, porém, as facilidades para formalizar empresas e sair da informalidade tem revelado bons casos de empreendedores, que além de se darem bem no mundo dos pequenos negócios ainda geram empregos e renda, contando com orientações de entidades como o Sebrae.Se a pretensão não for abrir uma mega empresa, o novo empreendedor pode contar com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que presta consultoria e instrui novos empreendedores em todas as fases do processo de abertura de um negócio. Isabel Ribeiro, assessora da superintendência do Sebrae, conta que as maiores dificuldades encontradas pelos novos gestores é a falta de clareza e vocação empresarial, além da repetição de abertura dos empreendimentos “da moda”, sem um estudo prévio de mercado, desconhecimento dos investimentos necessários e a escolha inadequada dos sócios. Muitos empresários pretendem montar empresas confiando no serviço de financiamento do Sebrae. “Eles ficam decepcionados quando percebem que a nossa missão é 'promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das Micro e Pequenas e fomentar o empreendedorismo' com a transferência de informações confiáveis que possam subsidiar a tomada de decisão pelos empreendedores”, afirma Isabel.
Negócio de Beleza - Ela foi babá, faxineira, lavadeira e doméstica. Nunca trabalhou com carteira assinada. Hoje, Heloísa Assis, 50 anos, mais conhecida como Zica, é sócia de uma rede de salões de beleza com onze filiais espalhadas pelo país e fatura mais de R$80 milhões por ano. São 1.300 colaboradores trabalhando com registro em carteira. Eles atendem cerca de 70 mil clientes por mês e ainda dão conta de caravanas de regiões, que se deslocam até às unidades em busca de tratamento. A receita de todo esse sucesso? Força de vontade, espírito empreendedor, apoio familiar e uma fórmula química 'secreta' que deixa cabelos crespos soltinhos e naturais. Essa é a história da cabeleireira e empresária Zica, um exemplo de empreendedorismo brasileiro. A carioca estendeu sua ideia e talento em três estados e já tem planos para ampliar o número de unidades pelo país. Atualmente, são nove salões no Rio de Janeiro, um no Espírito Santo e outro na Bahia, sendo em Salvador a mais recente das filiais. Cerca de 350 clientes são atendidas por dia no instituto da capital baiana, que recebeu um investimento de R$4 milhões e foi inaugurado em janeiro de 2010. Zica e seus três sócios já desfrutam de muito sucesso na área de negócios, incluindo prêmios como o "Empreendedores do novo Brasil" , da Endeavor (@endeavorbrasil), ONG que trabalha no intuito de tornar o país referência mundial em empreendedorismo. Mas o começo não foi tão fácil. Hoje, a rede Instituto Beleza Natural desenvolve soluções para cabelos crespos, cacheados e ondulados, porém, foi da cabeça de Zica que a primeira mecha de cabelos caiu primeiro.
"Eu queria cachos com balanço e não fios alisados. Fiz várias tentativas e também errei muito. Comecei a levar a sério e pesquisei bastante. Procurava quem pudesse emprestar matérias-primas para criar misturas que facilitassem o pentear. Testava as fórmulas no meu próprio cabelo e também no do meu irmão, Rogério, que é um dos sócios do Beleza Natural", recorda. Ela conta que tinha um cabelo muito crespo e volumoso, mas que não ficava satisfeita com nada que os salões faziam. "Era impossível domá-lo. Lembro que minhas patroas pediam para que eu usasse um lenço na cabeça, pois a rebeldia dos fios causava má-impressão". Quando ainda tinha 21 anos, a ex-doméstica fez um curso de cabeleireiro para encontrar a solução. Foram 10 anos até chegar à fórmula certa. Foi aí que ela percebeu que tinha nas mãos a receita para o sucesso de um negócio próprio e que podia levar transformação à mais mulheres. Só que ela não tinha dinheiro para investir. A família, então, entrou no jogo. O marido precisou vender o único bem da família, na época, um Fusca 78. “O meu irmão Rogério e a amiga Leila também juntaram algumas economias e investiram em nosso primeiro salão. O local escolhido foi uma casa antiga na região da Muda, Zona Norte do Rio. Isso foi em 1993. Hoje, nós, os quatro sócios, ficamos muito felizes com o crescimento do Beleza Natural”, explica. A unidade de Salvador abriga ainda um Centro de Treinamento, com 19 lavatórios, onde há equipes em aprendizado constante, e é considerada um mercado estratégico para os planos de expansão do Beleza Natural. Segundo Zica, o sucesso imediato, em menos de um ano, é atribuído ao estudo de geomarketing e a natureza da população soteropolitana. “Assim como as demais empresas, fazemos pesquisas de geomarketing e também ficamos atentos em saber de onde nossos clientes têm vindo. Chegamos ao Nordeste em grande estilo, em uma cidade que concentra o maior potencial de clientes para o Beleza Natural. Dos quatro milhões de habitantes de Salvador, 90% se encaixam no nosso perfil, pois têm cabelos crespos ou ondulados em diferentes níveis”, pontua.
Na casquinha - Francisco de Carvalho abriu sua primeira lanchonete há 11 anos, quando tinha apenas 22. A ideia surgiu com o projeto de conclusão do curso de Turismo, onde ele pretendia criar um point para turistas que gostassem de uma alimentação saudável e trazer à Salvador,a novidade do açaí. “Naquela época, só existia uma lanchonete que vendia açaí na Barra. Quem morava na região da Pituba e Itaigara tinha que enfrentar o trânsito da cidade”, lembra o empresário.
O espírito empreendedor de Carvalho foi além do projeto da faculdade. Com o dinheiro da rescisão do antigo trabalho, ele abriu sua primeira lanchonete e incluiu no cardápio mais de 100 tipos de sucos, açaí com frutas diferentes, entre outras opções de lanches. O sucesso foi tanto que o turismólogo passou a ser convidado para abrir filiais por toda a cidade, inclusive, em um grande shopping de Salvador e em uma rede de supermercados. Para se destacar na concorrência, Carvalho procurou formas de inovar no cardápio e criou o açaí frozen, o buffet de salada de frutas, e é o único a comercializar a casquinha de açaí na Bahia. No final de 2010, a primeira franquia do Açaí & Saúde foi aberta em Praia do Forte, no município de Mata de São João, completando a quinta loja. “Nunca me vi como um empreendedor. Montei meu negócio a partir de uma necessidade que eu enxerguei em Salvador, um lugar que oferecesse alimentação saudável”, conta. Hoje, com 33 anos, o empresário já está com a vida financeira mais do que consolidada e com novos projetos para expandir ainda mais a empresa.
Doce - Anailton Jataraiba Ferreira, de 43 anos, era vendedor ambulante, quando foi tentar a vida no Rio de Janeiro. Sem obter sucesso, voltou para Salvador, sua cidade natal, para vender cocadas feitas na hora. “Conheci um amigo que me ensinou a fazer, e eu achei que seria interessante fazer os doces da hora com diversas opções de sabores”, relembra. Para abrir a banca que fica em Itapuã, no largo da sereia, Jataraiba fez um empréstimo de R$ 33 mil no Banco do Brasil. Hoje, ele fatura cerca de R$ 3 mil por mês. Na época de vendedor, sua renda mensal era de R$ 800. “Hoje, tenho uma renda liquida de R$1.800 e arrecado cerca de R$ 33 mil durante todo o ano”, conta. Para se tornar um empreendedor individual, o trabalhador deve obter renda anual de até R$ 36 mil, e se cadastrar no programa do Sebrae, através do Portal do Empreendedor.
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