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Empresário cria página no Facebook para denunciar assaltos vistos

Criada há menos de três meses na rede social, uma página mostra jovens assaltando pedestres

Redação iBahia • 15/05/2016 às 20:23 • Atualizada em 01/09/2022 às 13:30 - há XX semanas

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Cenas que fazem parte de uma triste rotina do Rio ganharam destaque no Facebook. Criada há menos de três meses na rede social, uma página mostra jovens assaltando pedestres no Centro, do Largo da Carioca até a Avenida Nilo Peçanha, passando por trechos da Avenida Rio Branco e da Rua da Assembleia. Toda essa área é vista da janela do escritório de um empresário, de onde ele passou a flagrar, com uma câmera, roubos a partir de dezembro de 2015.
Desde fevereiro, os registros já atraíram mais de 215 mil seguidores de 44 países e, até quinta-feira passada, tinham mais de 27 milhões de visualizações. Com mais de mil vídeos gravados, o empresário não economizou na indignação ao batizar a página de 'Rio de Nojeira'.
"Devo ter visto da janela mais de mil bandidos diferentes. Sou contra a violência e acho que muitos dos jovens que filmo têm chance de serem recuperados. Tem gente que me escreve dizendo que tem que matar, que tem que bater. Eu não curto essas mensagens porque não aprovo isso", comentou o empresário, que já recebeu mais de 500 ofertas de apoio e ajuda, incluindo salas em outros pontos do Centro para que ele faça mais flagrantes.
No mês passado, a equipe de uma TV japonesa o procurou, pedindo para fazer imagens de assaltos no Centro. Ele usou uma sala emprestada por um de seus seguidores, na Avenida Presidente Vargas. O material captado foi exibido no Japão e repercutiu mundialmente.
Para a antropóloga Alba Zaluar, professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, ao escolher o nome da página o empresário quis chamar a atenção de outros indignados. Mas faz uma ressalva: "O carioca adora botar o Rio para baixo. Todos os outros estados e capitais têm problemas como os nossos, mas ninguém fala mal de sua cidade. O autor da página quer causar um impacto emocional. Tanta procura não me surpreende. A exploração do crime como algo atrativo é antiga".
Foto: Reprodução/Facebook
Segundo Marcos Breta, professor do Instituto de História da UFRJ, a página contém ingredientes de violência que muita gente, apesar de exposta, nunca vivenciou: "As pessoas costumam materializar a insegurança que sentem vendo ações como essas. As imagens apresentam dois lados: alimentam a insegurança, ao mostrar o que as pessoas sentem, e fazem uma crítica ao estado. Hoje, iniciativas pessoais como esta estão acontecendo o tempo todo. O celular está fazendo isso".
A página também abriu um espaço inédito para os próprios alvos das filmagens reclamarem ou justificarem suas ações criminosas. Dois deles chegaram a gravar um vídeo mostrando seus rostos e ameaçando o empresário de morte.
Na quinta-feira passada, um outro tipo de cena deixou o empresário ainda mais indignado. Por volta das 10h, uma equipe da PM fez uma operação no local, com agentes da prefeitura. Ao chegar ao Largo da Carioca, um funcionário da Secretaria municipal de Desenvolvimento Social desceu de uma caminhonete repleta de adolescentes em situação de vulnerabilidade e, num gesto obsceno, mostrou o dedo para o empresário, que filmava a ação da janela.
"Essa cena me deixou tão ou mais indignado do que as outras que fiz. Por que ele fez isso? Será que acha que estou botando ele para trabalhar demais?", questiona. Em nota, a secretaria repudiou a atitude e informou que demitiu o funcionário, que era contratado.
Para o subcomandante do 5º BPM (Praça da Harmonia), major Alan de Luna Freire, a iniciativa do empresário foi bem recebida pela corporação, que propôs uma parceria. Ao flagrar jovens em atitudes suspeitas, a PM é chamada para fazer o policiamento ostensivo no trecho. Segundo o major, deter jovens em flagrante ou em situação de risco permite, por exemplo, identificar a origem deles: "Eles são de áreas como Jacarezinho, Manguinhos, Madureira, Centro e até de outros municípios, como Nova Iguaçu, Caxias e São João de Meriti".
Segundo o Instituto de Segurança Pública, o número de roubos a pedestres no Centro subiu 21,3% em março, em comparação ao mesmo mês do ano passado. Foram 358 casos contra 295 na Área Integrada de Segurança Pública 5.

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