Não tem greve de professores que adie. Às 13h dos dias 3 e 4 de novembro deste ano, todos os estudantes que pretendem participar da edição 2012 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deverão estar na sala de provas. E é bom ficar atento: as inscrições começam às 10h de hoje e vão até dia 15 de junho, no site do Enem. A taxa de inscrição é de R$ 35. A expectativa do Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) responsável pela realização do exame, é que 6 milhões de pessoas se inscrevam. Os candidatos serão distribuídos em 140 mil salas de aula em todo o país. O Ministério da Educação divulgou na quinta-feira, 24, que a nota mínima para obter a certificação de ensino médio através do Enem aumentou de 400 para 450 pontos em cada área do conhecimento. A pontuação mínima na redação continua em 500 pontos. E esse ano, aliás, os candidatos terão que ter ainda mais atenção com a redação. Os textos serão corrigidos com base em cinco itens de competência: domínio da língua portuguesa, compreensão do tema proposto, capacidade de selecionar e organizar ideias, demonstração de conhecimento sobre o tema e apresentação de solução para a proposta dissertativa. Veja no quadro da página ao lado, montado pelo CORREIO com ajuda de especialistas, o que se espera do candidato em cada uma das competências. “Esses cinco itens são uma forma de orientar o aluno de como deve ser elaborada uma redação, eles já dão um roteiro”, analisa o professor Jorge Portugal, do cursinho Grandes Mestres. “Na minha aula não muda nada, porque eu já dava o curso em cima disso, mas facilita para o aluno que não teve professor de redação”, pondera. O professor Israel Mendonça, também do Gregor Mendel, elogia o novo método dividido em ares de competência. “Isso aí é importante. Na produção do texto, o estudante deve ser avaliado na sua capacidade de ler. Muitas vezes sabe ler, mas não tem domínio da gramática, então vai ter dificuldade de escrever. Quem não domina isso vai ter que procurar melhor. Sabendo as áreas, vai saber investir em suas dificuldades”, diz. Correção Há mudanças também no sistema de correção. Assim como no ano passado, cada texto passará pelas mãos de dois corretores. Mas a diferença entre as duas notas agora não pode ser superior a 200 pontos (essa tolerância era de 300) – a nota máxima da redação é mil pontos. Se isso acontecer, um terceiro corretor fará outra avaliação. Caso a diferença entre as três notas seja superior a 200 pontos, a dissertação passará para uma banca examinadora de mais três professores, que então darão a nota final Até o ano passado, a revisão da nota ia somente até o terceiro avaliador. Há ainda uma discrepância máxima de 80 pontos dentro de cada uma das cinco competências avaliadas. Por exemplo, mesmo que um aluno receba notas finais com diferença inferior a 200 pontos, se numa das cinco competências receber 200 pontos do primeiro e 100 do segundo, a dissertação irá para uma terceira análise. Para conseguir entregar o resultado final no dia 28 de dezembro, o Ministério da Educação (MEC) aumentou de 3 mil para 4,2 mil o número de corretores. As mudanças na correção das redações foi elogiada pelos professores. “Antigamente havia espaço muito grande da primeira e segunda nota, chegava até a 800 pontos. Agora já tinham baixado para 300, mas caiu ainda mais, para 200. É mais rigoroso e mais justo. Agora, em último caso, tem até uma banca de consenso”, pondera Jorge Portugal. Outra novidade é que, devido a um acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os alunos terão acesso às redações corrigidas. A ideia é que o candidato possa ter o direito de saber onde errou e por que teve a nota diminuída. Isso não permite, porém, que o estudante recorra da nota. Com tantas mudanças, o MEC irá divulgar em julho um guia com exemplos de textos que mereceriam a nota máxima, acompanhados de detalhamentos sobre o que se espera em cada uma das cinco competências exigidas. Entenda como sua prova será corrigida Um aluno que obteve notas 500 e 680 na redação terá como pontuação final a média dos dois valores, ou seja: 590. Caso as notas dos avaliadores sejam 500 e 710, a diferença estará extrapolando o limite de 200 pontos. Neste caso, um terceiro professor também irá corrigir a prova. Caso conceda nota 600 (que não está distante 200 pontos de nenhuma das duas notas iniciais), sua análise será somada com a maior pontuação e a média final do candidato será de 655. Na hipótese de o terceiro avaliador estabelecer nota acima dos 710 pontos, uma banca examinadora de três professores, enfim, dará a nota final do candidato. De acordo com a previsão do MEC, os gabaritos das provas serão divulgados no dia 7 de novembro, três dias após a realização do exame em todo o país. As cinco competências exigidas Domínio da língua portuguesa Serão descontados na nota erros na escrita, como pontuação, acentuação, ortografia, semântica e concordância. Compreensão do tema proposto Será analisado se o aluno conseguiu extrair dos textos o tema da redação, em seu exato recorte. Por exemplo: um único texto sobre violência urbana pode falar sobre a relação da criminalidade com o uso das drogas e a ineficiência do poder público. Caberá ao aluno entender, ao ler o texto, qual o enfoque principal está sendo exigido. Capacidade de selecionar e organizar ideiasDiante do tema violência urbana, o aluno pode ter uma enxurrada de ideias sobre o assunto, mas tem de saber escolher os argumentos que sejam coerentes entre si, e que melhor vão conduzir a uma conclusão coerente. É preciso saber relacionar as informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista, além de aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema. Demonstração de conhecimento sobre o tema O aluno tem que estar bem informado sobre temas da atualidade e possuir boa bagagem cultural. Apresentação de solução para a proposta dissertativaTer nota boa neste item depende da boa capacidade de selecionar e organizar as ideias, bem como ter conhecimento sobre o tema. A conclusão argumentativa tem de respeitar os valores humanos e considerar a diversidade sociocultural.
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