Com tinta guache no rosto, um cartaz com frases de efeito em uma mão e um smartphone na outra, os manifestantes que movimentam o Brasil não só saíram diretamente das redes sociais para as ruas, como também publicaram, das ruas, enxurradas de fotos, comentários e tweets nas redes sociais. Mas, afinal, quem são e como se comportam essas pessoas? Especialistas ouvidos pelo CORREIO buscaram definir esse público. Segundo pesquisa divulgada pelo Ibope em várias capitais, 78% dos manifestantes saíram das redes sociais e 75% usaram essas redes para convidar amigos. Organizada a partir de redes como Facebook e Twitter e com o forte auxílio de aplicativos para smartphones como o WhatsApp, a onda de protestos que levou milhões de brasileiros às ruas foi considerada um dos maiores movimentos da história em volume de participantes. O especialista Davi Bertoncello, diretor-executivo da empresa de pesquisas em redes sociais Hello Research, afirma que a maioria jovem que foi às ruas faz parte do perfil “arroz de festa”. São os que mais usam as redes sociais e discutem sobre tudo: futebol, música, notícias e política, por exemplo. Esse é o perfil majoritário. Entre as características , ele destaca o exibicionismo. “São pessoas mais ávidas por ver e ser vista do que falar sobre algum tema específico”, diz. “Desejam construir relações pela internet mais do que as relações delas como pessoas no mundo físico”. O conceito “arroz de festa” vem de um estudo divulgado este ano pela Hello Research, chamado Papo Social, que traça outros três estereótipos entre os usuários das redes sociais: os “do contra”, que só gostam do que publicam e não guardam segredo disso; os “hooligans”, que discutem principalmente sobre futebol e as “maricotas”, que adoram falar de humor, autoajuda e novela. Entre os quatro perfis, os “arroz de festa” possuem a maior presença em redes sociais no Nordeste (30%). “O próprio movimento nas ruas reflete isso, pois cada um defende uma bandeira diferente”, endossa Bertoncello.
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