Rondônia, Paraíba, Goiás, Amazonas, Acre, Roraima e Piauí são os estados que ainda não têm hospitais credenciados para fazer a cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É o que aponta levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O Ministério da Saúde reduziu de 18 para 16 anos a idade mínima para realização da cirurgia na rede pública, nos casos em que há risco de morte para o paciente. De acordo com comunicado da pasta, a decisão foi tomada com base em estudos que apontam o aumento da obesidade entre adolescentes. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2009 (POF) indicam que, na faixa de 10 a 19 anos, 21,7% dos brasileiros apresentam excesso de peso. Em 1970, o índice era 3,7%. De acordo com o Ministério da Saúde, existem 80 unidades habilitadas no país, porém não informou se presentes em todos os estados. Ainda segundo a pasta, para habilitar novos serviços de Assistência de Alta Complexidade ao Portador de Obesidade Grave, o gestor local deve organizar e implantar linha de cuidados ao paciente obeso, procedimento que está sob consulta pública. Os hospitais, inclusive os credenciados, terão um ano para se adaptar aos novos critérios. Para Irineu Rasera, cirurgião e gestor do Hospital dos Fornecedores de Cana de Açúcar de Piracicaba e membro da SBCBM, o governo deve criar um cadastro único para candidatos à cirurgia bariátrica e também autorizar a videolabaroscopia, que é uma forma menos invasiva de intervenção. Atualmente, o SUS autoriza três técnicas: a gastroplastia com derivação intestinal; a gastrectomia com ou sem desvio duodenal; e a gastroplastia vertical em banda, que será substituída por apresentar significativo índice de novo ganho de peso pelo paciente. No lugar desse procedimento, está prevista a inclusão da gastroplastia vertical em manga (sleeve). Quanto aos novos exames autorizados pelo ministério, Rasera acredita que serão vantajosos se “vierem como apenas uma possibilidade, mas se for obrigatório é preocupante”. Ele explica que nem todos os pacientes precisam passar pelos novos, o que pode atrasar a execução da cirurgia. Rosana Radominski, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), acredita que a mudança na idade mínima é positiva. “Esta modificação vai fazer toda a diferença para os adolescentes. Se for caso cirúrgico, ele não vai ter esperar dois longos anos pra ter uma redução considerável de peso.” Ela alerta para os cuidados nos casos dos adolescentes. “Eu acho que o grupo precisa de uma equipe multidisciplinar, porque ele precisa ter um bom entendimento sobre o procedimento, precisa de maturidade para entender o tratamento pós-cirurgia. Eles têm a vida pela frente e têm que entender, por exemplo, as restrições de alimentação”. Sobre a proibição da venda e uso de inibidores de apetite anfetamínicos, Rosana Radominski acredita que a retirada desses produtos do mercado não é causa do aumento de obesos, mas destaca que os medicamentos fazem falta para alguns grupos de pacientes. “No Brasil, tem aquele grupo de pacientes que perdem peso com dieta e atividade física, tem aquele grupo que vai fazer cirurgia bariátrica e tem aquele grupo, no meio, que não consegue emagrecer com dieta e nem tem indicação para cirurgia. Esses pacientes ficaram desassistidos. Aqueles que já tinham um bom resultado com o tratamento [com os remédios vetados] com a suspensão ficaram sem o remédio. Não se tem uma outra opção por enquanto. Tiraram e não deram uma outra opção,” argumentou.
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