icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
BRASIL

Fisioterapeuta é morta com facada no pescoço por vizinho

Segundo polícia, ela foi vítima de violência sexual e tortura; familiares divulgam carta pedindo justiça

foto autor

Redação iBahia

06/04/2017 às 21:17 • Atualizada em 28/08/2022 às 14:22 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
A fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, 28 anos, foi abusada sexualmente e morta com facada no pescoço em Recife (PE), na manhã da quarta-feira (5). O vizinho dela, o comerciante Edvan Luiz da Silva, 32, foi preso em flagrante pelo crime. Amostras de pelo coletadas debaixo das unhas da vítima coincidiram com o DNA do suspeito. Sangue da vítima também foi achado no apartamento dele e em duas de suas camisas. Ele vai responder por homicídio triplamente qualificado.
Foto: Reprodução
Tássia foi achada sem roupas na sala de casa, um flat em Boa Viagem, onde morava há quatro meses. O corte no pescoço foi tão profundo que ela quase foi decapitada. A arma do crime até o momento não foi localizada pela polícia, que, no entanto, afirma que a quantidade de provas contra Edvan é avassaladora. Um exame que analisou a planta do pé do suspeito, comparando a pegadas no apartamento da fisioterapeuta, confirmou que ele esteve no local, segundo a Polícia Civil de Pernambuco.
"Não temos dúvida disso. Ela foi barbaramente torturada, estuprada, teve a roupa arrancada violentamente e morta com o corte profundo no pescoço. Foi um crime premeditado", afirmou o chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle do Amaral, em coletiva. O suspeito não confessou o crime. Ele alegou que arranhões que tem no braço foram fruto de uma briga com um flanelinha no mesmo dia que Tássia foi morta. "Ela gritou por socorro. Foi um crime bárbaro. A motivação era manter relações sexuais com a jovem. Identificamos cabelos do suspeito nas mãos dela e marcas de defesa", acrescenta Joselito. Ele acredita que o crime foi premeditado.
Crime
Vizinhos ouviram por volta das 7h de ontem gritos vindos do apartamento da fisioterapeuta, que vivia só. Um funcionário do prédio foi acionado e chamou a polícia. O corpo de Tássia foi encontrado na sala, sem roupas, e com um ferimento no pescoço e cortes nas mãos. O apartamento estava revirado, mas a porta não tinha sinais de arrombamento.
Foto: Divulgação/Polícia Civil
O vizinho foi preso pouco depois no apartamento dele, que tinha marcas de sangue inclusive na maçaneta - um chaveiro ajudou os policiais a entrar no local. O suspeito foi encontrado deitado, só de cueca, e com arranhões nos braços. "Ele estava, nitidamente, fingindo que estava dormindo com os braços na altura dos olhos. Nesse momento, observei os arranhões e uma mancha de sangue nas pernas dele", afirmou na coletiva o delegado Francisco Océlio, que investiga o caso.
Agora, a polícia investiga se Edvan tem envolvimento com outros atos libidinosos envolvendo outras vizinhas do prédio. Uma das moradoras relatou que já havia sido filmada enquanto tomava banho.
Enterro
O corpo de Tássia foi velado na manhã desta quinta, em Santo Amaro, no Recife. Houve leitura de um manifesto em frente ao local falando sobre a luta da vítima contra o feminicídio. O corpo foi sepultado pouco antes de meio dia, sob gritos de "justiça".
Familiares e amigos estavam com rosas brancas e vermelhas nas mãos. "Levaram um pedaço de mim. A gente tem que ir para a rua brigar, porque hoje eu estou acabada. Minha filha indo embora com essa morte trágica e eu não consigo me conformar. Como é que a gente faz agora, para voltar para casa com saudades da nossa filha? Sei que não estou sozinha, só Deus vai confortar, mas essa tragédia acabou com a minha vida e a da minha família", disse emocionada a mãe da vítima, Isabel Ulisses. Formada pela Unicap, Tássia Mirella trabalhava como vendedora de produtos hospitalares.
A família também divulgou uma carta pedindo justiça pela morte de Tássia Mirella, convocando para um protesto no fórum de Recife onde a prisão preventiva do suspeito foi decretada. De acordo com a decisão da juíza Blanche Maymone Pontes Matos, Edvan foi autuado por homicídio qualificado, "realizado à traição, emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima". O suspeito não se pronunciou durante a audiência.
Leia a carta dos familiares da vítima:
“Em meio a este turbilhão de tristeza e dor, quando queríamos silenciar e acalentar nossos corações - tanto da família quanto dos amigos - sentimos, por outro lado, a necessidade de trazer um pouco do que era Mirella.
Mirella, ao contrário dos julgamentos machistas que buscam justificar esse ato brutal e violento, causado pelo suspeito Edvan Luiz, homem que não tinha nenhum envolvimento com com ela (sabendo que mesmo que houvesse não há justificativa cabível para tal barbárie) era uma mulher jovem e destemida a viver independente e livre.
Sabemos - lamentavelmente - que esse não é um caso isolado, pois todos os dias mulheres são vítimas de feminicídio. Mulheres da periferia, mulheres negras, mulheres mães, mulheres lésbicas, mulheres trans, mulheres...
Mirella conquistou sua formação de fisioterapeuta, trabalhava nume empresa multinacional da área médica e como toda jovem buscava a experiência de mais autonomia morando sozinha. Mirella lutou na vida e pela sua vida, literalmente, até o fim.
Não existe crime passional, o que existe aqui é um FEMINICÍDIO! Mirella não tinha nenhuma relação com o suspeito que, mesmo como disse o delegado em suas entrevistas às TVs, o suspeito afirmou ter visto Mirella apenas uma vez.
Os indícios existem e estão sendo apurados. E hoje haverá uma coletiva para tentar esclarecer tudo. É o que esperamos. Mas o que não podemos esquecer é que queremos justiça. O assassino de Mirella não pode ficar impune. Precisamos evitar de forma veemente que mais uma Mirella, Maria ou Ana seja morta dessa forma tão brutal.
Por isso, convocamos toda a sociedade para comparecer hoje às 13h em frente ao Fórum Joana Bezerra para a mobilização da audiência de custódia e impedir que o suspeito responda em liberdade.”
#SOMOSTODOSMIRELLA"

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

Redação iBahia

AUTOR

Redação iBahia

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Brasil