Uma comissão formada por 12 representantes de nações indígenas brasileiras, liderada por Romancil Cretã, coordenador político da Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Apinsul), foi recebida nesta segunda-feira (18) pelo vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Carlos Ferraz, e manifestou o seu repúdio aos projetos financiados pela instituição que “levam morte aos povos indígenas, em vez de vida”. Ficou acertada a criação de uma nova comissão, com a participação de cinco representantes dos índios, que será recebida pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, no próximo mês de julho, em data ainda a ser marcada. Cretã disse que os índios falaram sobre os prejuízos e impactos causados pelos projetos financiados pelo banco às terras indígenas. Eles citaram as grandes hidrelétricas, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), ferrovias, os portos, as plantações de eucalipto e pinus, as usinas de cana-de-açúcar. “Todos esses empreendimentos afetam as terras indígenas direta e indiretamente. E isso é um financiamento de morte para nossos povos. Porque é a perda da terra, a perda da identidade, é a questão social indígena dos acampamentos que acontecem nas regiões, com esses empreendimentos financiados pelo BNDES”, disse. Romancil Cretã sustentou que todos os programas de financiamento do banco para esses projetos são contrários aos direitos dos índios. “Vocês têm que financiar a vida, não a morte. Foi isso que a gente passou para eles”, declarou o líder indígena, que também é diretor nacional da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). O vice-presidente do BNDES considerou importante a chance de o banco ter contato direto com os líderes indígenas. Ferraz espera que a nova reunião possibilite que os índios e a instituição possam elaborar uma agenda de trabalho conjunta. Os integrantes da comissão estão participando, no Parque do Flamengo, do Acampamento Terra Livre (ATL), promovido pela Apib. O ATL faz parte da Cúpula dos Povos, evento organizado pela sociedade civil que ocorre paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Antes da reunião no BNDES, os índios comandaram uma marcha de protesto pelo centro da cidade, contra o uso do dinheiro público para financiar grandes empreendimentos que afetam as terras indígenas em todo o país.
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