Os baianos Vivaldo Marques e Pedro Santos denunciaram, na segunda-feira (15), terem sido vítimas de racismo na zona sul de São Paulo. De acordo com informações divulgadas pelo jornal Correio, o caso teria iniciado quando um motorista por aplicativo se recusou a realizar uma corrida com os jovens por eles serem negros.
"A gente estava em uma das nossas reuniões e depois fomos ao Parque Ibirapuera para almoçar. Na hora de ir embora, a gente parou em um posto de gasolina que fica a uns vinte e cinco minutos do parque. Nesse posto, a gente parou em uma loja de conveniência, ficamos lá um tempo e solicitamos o Uber... Quando o motorista se aproximou e viu a gente ele deu ré. A gente continuou indo até ele, mas o motorista arrastou o carro. Quando eu fui até o carro e o chamei, ele abaixou o vidro e falou para mim: 'não vou te levar'", relatou Vivaldo ao jornal Correio.
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No momento do ocorrido, dois frentistas do posto e um cliente foram até onde os baianos estavam e prestaram apoio. "Falaram: 'meu Deus foi isso mesmo que eu vi?'. Tocaram na nossa mão, dando um apoio, e nos chamaram para dentro da loja, para tentar nos acalmar. Depois a gente solicitou um outro carro, em outro aplicativo, e chegamos em casa", conta.
"Acredito que foi pelas nossas vestimentas, ele estava com uma bermuda jeans, camiseta preta e boné e eu com uma calça preta, regata preta e um boné preto para trás... Acredito que quando ele nos viu ficou um pouco com medo porque viu duas pessoas negras vestidas de preto, de boné, e automaticamente achou que a gente eram bandidos", comentou Vivaldo.
Na terça (16), Vivaldo registrou um boletim de ocorrência no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo. "Fui ouvido e eles já identificaram o carro, só que o veículo é alugado. A dona já foi acionada para que ela dê o paradeiro do motorista", relatou.
Vivaldo entrou em contato com a Uber pelas redes sociais e foi informado que a plataforma já investiga o caso. "Sentimos muito em saber do ocorrido. Estamos verificando o seu caso, assim que tivermos mais informações te notificaremos e daremos continuidade com seu atendimento através do seu app/e-mail", declararam.
Impacto da ação
Natural de Salvador, Vivaldo Marques é um dos principais bookers do país - responsável por encontrar e lançar modelos. Os principais modelos do Afro Fashion Day, com carreira internacional, foram encontrados por ele. Pedro Santos, também de Salvador, já trabalhava como modelo, mas foi contatado por Vivaldo e levado para São Paulo para ser lançado na Fashion Week.
"Eu fiquei bastante chocado porque eu nunca passei por isso diretamente assim. A gente sabe que isso existe, mas por eu trabalhar com moda o racismo é um pouquinho mais velado, é um racismo estrutural. É bem bizarro a gente ser confundido com bandido pela nossa cor de pele", refletiu.
Procurada pelo Correio, a Uber declarou que "não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. Além disso, em parceria com o MeToo, a Uber disponibiliza um canal de suporte psicológico que será disponibilizado ao usuário."
Confira a nota na íntegra:
A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. Além disso, em parceria com o MeToo, a Uber disponibiliza um canal de suporte psicológico que será disponibilizado ao usuário.
Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber lançou, por exemplo, o podcast Fala Parceiro de Respeito, em parceria com a Promundo, com conteúdos educativos sobre racismo. Além disso, em parceria com as advogadas da deFEMde, a empresa revisou o processo de atendimento na plataforma, a fim de facilitar as denúncias de racismo e acolher melhor o relato da vítima. Em 2021, a Uber também lançou uma campanha que convida usuários e motoristas parceiros para serem aliados no combate ao racismo. A iniciativa tem o objetivo de promover um conteúdo educativo dentro do próprio aplicativo e é parte de um compromisso global assumido pela empresa em 2020 com o objetivo de combater o racismo e criar produtos igualitários por meio da tecnologia
Redação iBahia
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