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Não é de hoje que os brasileiros sofrem com os impostos altos, nos produtos nacionais, além dos preços altos, outra dificuldade é a baixa qualidade da oferta aos consumidores. O setor de alimentos é onde se encontram os casos mais emblemáticos: do café à carne, da soja à cachaça. Porém, o produto que melhor ilustra essa diferença é o suco de laranja. Mesmo sendo o maior exportador mundial, com uma produção anual de mais de 850 mil toneladas, o Brasil comercializa, sobretudo, bebidas com pouca fruta e muitos ingredientes artificiais. O consumo do suco verdadeiro — aquele feito com 100% da laranja e sem conservantes ou corantes — é ínfimo: não passa de 59 milhões de litros por ano (o equivalente a um copo de 300 ml por habitante, por ano) enquanto na Grã-Bretanha, por exemplo, chega a 634 milhões. O país europeu é um dos grandes compradores do suco brasileiro, ao lado da Alemanha e da França. Segundo levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) aponta que o valor médio da caixinha ultrapassa 6 reais, impedindo o maior consumo dos brasileiros. Na França, por exemplo, um litro de suco integral pode sair por menos de 1 euro (algo em torno de 3 reais). A alta carga tributária, de 27,5% (apenas em ICMS, PIS e Cofins, sem contar os tributos cobrados ao longo do processo produtivo), e a margem de ganho dos varejistas (mark up, no jargão do setor), de 51%, transformam a bebida num verdadeiro artigo de luxo. Na França, esses dois porcentuais são de 5% e 25%, respectivamente.