Uma mulher deu à luz sozinha, neste domingo (9), por volta de meia-noite, no chão da recepção do Hospital municipal Pedro II, após ter aguardado por mais de uma hora atendimento. De acordo com relatos de funcionários da unidade, não havia médico nem enfermagem no plantão, apenas recepcionista, maqueiro e segurança. O número de faltas nos plantões tem sido alto. Os funcionários estão com o salário de novembro atrasado e sem previsão para receber o 13º.
Em um vídeo gravado por pessoas que também aguardavam atendimento é possível ver a preocupação da mãe com a criança, que demorou a chorar. Sentada no chão, sobre uma poça de sangue, ela tenta massagear as costas do recém-nascido, até que chega uma profisisonal de enfermagem e leva a criança.
- O quadro de funcionários estava escasso no domingo. A gestante chegou e ficou esperando atendimento por uma hora ou mais e nada de médico atender. O bebê desceu pelas pernas dela, que pariu no chão - relata um funcionário, que prefere manter o anonimato por medo de represália.
Segundo ele, no domingo, só havia recepcionista, maqueiro e segurança na entrada da emergência do hospital de Santa Cruz, que administrado pela organização social (OS) SPDM. A técnica de enfermagem responsável pela triagem havia sido remanejada para outro setor, para cobrir a falta de funcionários.
- Quando chegava alguém grave, a recepcionista ficava chamando a técnica de enfermagem. A palavra que resume a situação, neste domingo, no Hospital Pedro II é caótico. E se continuar sem pagamento, a tendência será só piorar - afirmou ele.
De acordo com funcionários do hospital, o bebê foi levado para a UTI neonatal do Pedro II.
Em nota enviada pela Secretaria municipal de Saúde, a direção do Hospital Pedro II informou que a "gestante chegou ao hospital no período expulsivo do trabalho de parto, sem que houvesse tempo para que fosse levada ao centro obstétrico". Ainda segundo a nota, o bebê nasceu com 36 semanas e se encontra sob cuidados médicos. O recém-nascido e mãe passam bem.
A direção do hospital afirma que, "na hora em que a mãe estava aguardando atendimento, quatro médicos obstetras estavam na unidade atendendo outras gestantes, além de três pessoas da equipe de acolhimento".
Visualizar esta foto no Instagram.Uma publicação compartilhada por Jornal O Globo (@jornaloglobo) em 10 de Dez, 2018 às 8:18 PST
Prefeitura atrasa repasses para pagar funcionários de OSs
Na última quinta-feira, o Tribunal Regional do Trabalho tentou negociar um acordo para que a Prefeitura do Rio repassasse às organizações sociais que administram unidades de saúde o valor referente ao salário de novembro e ao 13º. O resultado foi insatisfatório, já que o Município propôs pagar os vencimentos de novembro apenas no dia 14 de janeiro, dezembro e janeiro no dia 14 de fevereiro, e o 13º e salários de fevereiro em 14 de março. A desembargadora Rosana Salim não aceitou a proposta e marcou nova audiência para a próxima terça-feira.
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Redação iBahia
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