Ao ressaltar que todos os partidos têm bons quadros, o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, defendeu nesta quarta-feira, em entrevista ao Jornal Nacional, sua aliança com os partidos do centrão, que abriga investigados na Operação Lava-Jato.
— Precisamos ter maioria para fazer as mudanças de que o Brasil precisa. Quem prometer mudança sem construir maioria é conversa fiada — disse o ex-governador de São Paulo.
Apesar do envolvimento de integrantes do PSDB, do qual é presidente, em escândalos de corrupção, Alckmin insistiu no discurso de defesa da ética e tentou diferenciar o partido do PT:
— Não vamos para a porta de penitenciária contestar a Justiça, não transformamos réu em vítima, não desmoralizamos as instituições.
Cobrado sobre a permanência do senador Aécio Neves e do ex-governador de Minas Eduardo Azeredo nos quadros do PSDB, Alckmin disse que o primeiro está sendo investigado e não foi condenado, e que o segundo “está afastado da política há muito tempo”.
Aécio é réu em ação penal, no Supremo Tribunal Federal (STF), por corrupção passiva e obstrução da Justiça. Ele é acusado de receber propina de R$ 2 milhões da JBS e também de tentar atrapalhar as investigações da Lava-Jato. Já Azeredo foi preso em maio, depois de ser condenado a 20 anos em regime fechado, por desvio de cerca de R$ 3,5 milhões de estatais mineiras para caixa 2 de sua campanha à reeleição ao estado em 1998, no que foi chamado de mensalão mineiro.
— Ele está afastado da política. Aliás, ele vai sair do PSDB, não precisa nem expulsar — disse Alckmin.
O tucano negou ainda o recebimento de contribuições da Odebrecht em caixa dois, por meio de seu cunhado, Adhemar Ribeiro, nas eleições de 2010 e 2014. O ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal relatou, em acordo de colaboração premiada, ter sido levado a uma reunião com Alckmin em seu escritório político, quando teria sido orientado a procurar o cunhado do tucano para viabilizar um pagamento à campanha política. Segundo o delator, Alckmin teria entregue um cartão com o número do parente.
— Isso é mentira. As minhas campanhas sempre foram feitas de maneira simples e rigorosamente dentro da lei. Nunca teve cartão nenhum. Aliás, a própria pessoa que fez essa delação, ela nem participou da reunião, ela mesma diz. Na minha família ninguém participa de governo. A minha mulher trabalha comigo há quase 40 anos como voluntária. Então, é importante separar o joio do trigo.
Laurence 'injustiçado'
Alckmin também fez uma defesa veemente de seu ex-secretário de Logística e Transportes Laurence Casagrande Lourenço, preso preventivamente desde junho e investigado por desvios na Dersa, a estatal paulista responsável por obras viárias. O ex-governador disse na entrevista que Laurence é “sério” e “correto”:
— Acho que o Laurence está sendo injustiçado. Espero que amanhã, quando ele for inocentado, tenha o mesmo espaço.
Questionado sobre a expansão de uma facção criminosa paulista para outros estados e países, Alckmin defendeu a política de segurança implementada por ele em São Paulo e disse que é “um exemplo”:
— Temos a melhor polícia do Brasil, a melhor tecnologia do Brasil. Tínhamos, em 2001, 13 mil assassinatos por ano. Reduzimos, no ano passado, para 3.503 com 45,5 milhões de habitantes.
Ele defendeu ainda o sistema penitenciário de São Paulo, onde surgiu essa facção criminosa:
— Um dos líderes do crime organizado ficou cinco anos em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Você sabe o que é RDD? Ficar 22 anos na cana, não toma nem sol, não tem visita íntima, isolamento absoluto. Isso... (crime organizado dentro da cadeia) são coisas que vão sendo repetidas e acabam virando verdade.
Nesta quinta-feira, o Jornal Nacional entrevistará a candidata da Rede a presidente da República, Marina Silva.
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Redação iBahia
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