Ônibus, trens e metrôs são ambientes onde muitas vezes mulheres ouvem comentários obscenos, recebem olhares libidinosos, intimidações e até importunações de teor sexual. Muitas vezes, essas abordagens são vistas por homens como brincadeiras e elogios, mas não são. Para as mulheres, são intimidações ou agressões. Com objetivo de evitar esses atos, foi lançada hoje (8) uma campanha que exibirá vídeos nos ônibus urbanos da cidade do Rio de Janeiro no mês de março.
A campanha foi pensada a partir de denúncias e de pesquisas sobre o assédio no espaço público e é resultado de uma parceria entre a ONG Think Olga, dedicada ao empoderamento feminino, a concessionária que opera os BRTs (ônibus expressos) e a Sububsecretaria de Políticas para Mulheres, do governo do Rio. Os vídeos trazem depoimentos de mulheres sobre a violência nos espaços públicos.
Uma das entrevistadas do filme cobra que vias sejam seguras e livres de qualquer forma de assédio.”Estou me colocando na rua como alguém que merece estar ali”, declara outra entrevistada. Os trechos da campanha são do documentário “Chega de Fiu Fiu”.
Mudança de mentalidade
Por causa dos assédios e importunos em horários de pico, os trens e o metrô separam um vagão exclusivo para as mulheres, uma medida controversa, segundo as feministas, por proteger mulheres em apenas um vagão. Com a nova campanha nos ônibus, a ideia é estimular uma mudança de mentalidade entre os passageiros e impedir os constrangimentos, disse a subsecretária de Políticas para as Mulheres, Duva Lopes.
“É importante ter os carros [reservados a mulheres], mas sabemos que só um carro não resolve”, reconheceu. “Temos que acabar com o assédio em todo o transporte, no ônibus, em todos os carros do metrô, nos trens, é uma questão de conscientização. As mulheres não devem sofrer nenhum tipo de incomodo em nenhum lugar. Elas têm o direito de estar ali”, completou.
Além da campanha nos ônibus do BRT, o governo do estado vai circular com o Ônibus Lilás, uma unidade móvel, que fará ações de conscientização, com panfletagens contra a violência doméstica. A unidade oferecerá atendimento especializado a mulheres, em pontos de grande circulação, por meio de uma equipe formada por psicóloga, assistente social e advogada.
Defensoria no metrô
No metrô, a abordagem será feita pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro na Estação Carioca, no centro. Para chamar a atenção e auxiliar na conscientização, a ação apresenta imagens da exposição“Nunca me calarei”, do fotógrafo Márcio Freitas, com fotos de mulheres que sofreram alguma forma de assédio, violência ou abuso sexual.
“Ao unir arte e orientação jurídica, queremos fazer as pessoas refletirem contra o machismo – sentimento que faz homens acreditarem ter poder sobre as mulheres-- que deságua na violência”, disse a defensora pública Arlanza Rebello, coordenadora de Defesa dos Direitos da Mulher.
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Redação iBahia
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