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Tumor de Lula tem 'agressividade média', dizem médicos

Lula começou nesta segunda tratamento contra câncer na laringe. Equipe descarta cirurgia; segundo médicos, ele perderá o cabelo e a barba

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31/10/2011 às 12:53 • Atualizada em 27/08/2022 às 9:35 - há XX semanas
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Em entrevista coletiva concedida na manhã desta segunda-feira (31), a equipe médica que trata o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o resultado de uma biópsia realizada mostrou que o tumor na laringe de Lula tem "nível de agressividade médio". O ex-presidente começou nesta segunda no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, tratamento de quimioterapia contra câncer na laringe, diagnosticado no sábado (29).
O ex-presidente com a equipe médica do Hospital Sírio-Libanês nesta segunda
“É o tumor mais comum dessa região, tem agressividade clássica dos tumores dessa região. É considerado um tumor intermediário, que tem um crescimento razoável se não for tratado. (...) O tumor foi detectado em um estágio intermediário. Ele é relativamente inicial, mas não tão inicial que dê para resolver com uma pequena cirurgia, mas ele é localizado, para nós isso é muito importante”, disse Paulo Hoff, oncologista da equipe que trata o ex-presidente Lula. Ainda segundo a equipe, a decisão por fazer o tratamento sem cirurgia foi tomada por ser a mais adequada. Conforme os médicos, a cirurgia está descartada por enquanto. “Até 20 anos atrás ele seria tratado com cirurgia. Estudos agora mostram que o resultado da cirurgia e da quimio e radio em termos de cura são exatamente iguais. Além de oferecer as mesmas possibilidades de cura [o tratamento com radio e quimioterapia] tem uma possibilidade enorme de preservar a laringe em sua integridade, com preservação da voz”, explicou o cirurgião Luiz Paulo Kowalski. O cirurgião afirmou que Lula foi avaliado "no inicio dos sintomas" e que "a maioria dos pacientes tem um diagnóstico bem mais tardio". O oncologista Artur Katz disse que "a cirurgia é uma possibilidade remota, porque as chances de resposta [com a quimioterapia] são muito boas". "Se ele não regredir, há a possibilidade de cirurgia, uma cirurgia que preserva a voz, não como ela é hoje. Mas, pela localização do tumor, ele tem uma chance muito grande de não precisar dessa operação." SequelasDevido ao posicionamento do tumor, caso a opção dos médicos para o tratamento fosse pela cirurgia, seria necessário, por margem de segurança, retirar parte das cordas vocais. “Parte das cordas vocais teria que ser removida como margem de segurança, a cirurgia seria pior do ponto de vista de sequelas", afirmou Kowalski. De acordo com a equipe médica, porém, mesmo o tratamento com quimioterapia pode causar alterações na voz do ex-presidente, mas de uma maneira sutil. “O tratamento com quimio e radioterapia pode deixar uma pequena alteração de voz. Mas dando tudo certo, e é o que estamos trabalhando para que aconteça, seria uma alteração mínima e não haveria nenhum impacto nas atividades normais do nosso paciente”, explicou o médico Paulo Hoff. Ainda conforme os médicos, os primeiros resultados do tratamento poderão ser notados em cerca de 40 dias. Cabelo e barbaO oncologista Paulo Hoff disse que “é um tratamento agressivo, e sim, o paciente terá os efeitos colaterais usuais, incluindo a queda de cabelo.” Roberto Kalil Filho, médico que trata de Lula desde antes de ele se tornar presidente, disse que o ex-presidente perguntou para a equipe médica sobre os efeitos colaterais do tratamento, que levam à perda de cabelo e de pelos faciais, como a barba. Conforme Kalil, ao ser informado de que perderia cabelo e barba, Lula "reagiu normalmente" e disse "tá bom", afirmou o médico. Ainda segundo ele, a mulher de Lula, Dona Marisa, o acompanha 24 horas por dia. "Ele está bem tranquilo, óbvio que, no primeiro momento, há uma apreensão, um choque. Chegou de excelente humor, do mesmo jeito de sempre, extremamente confiante”, disse Kalil. De acordo com os médicos, o tipo de câncer que afeta o ex-presidente Lula atinge uma média de seis a sete homens para cada 100 mil no mundo. São Paulo é uma das cidades com maior incidência no mundo – 15 a 16 para cada 100 mil homens – provavelmente devido ao tabagismo e talvez consequência da poluição atmosférica, informaram os médicos. Paulo Hoff afirmou ainda que "certamente para esse tipo [câncer de Lula] os agentes mais associados são cigarro e quando combinado, cigarro e álcool". "Identificar o que causou em um individuo é mais difícil, mas essas são as causas mais prováveis." TratamentoNo fim da manhã, o ex-presidente foi encaminhado para o centro cirúrgico para a colocação do cateter pelo qual ele receberá a quimioterapia. No decorrer do dia o tratamento será iniciado, e ele passará a noite no hospital. Ele pode ser visitado à noite pela presidente Dilma Rousseff. Na manhã de terça-feira (1º), Lula passará por exames complementares e deve ter alta. O medicamento continuará sendo administrado pelo cateter por 120 horas. O ex-presidente passará por três rodadas de tratamento, com intervalos de 21 dias entre elas. De três a quatro semanas após o fim da terceira, será feita a radioterapia. O tratamento, segundo os médicos, pode ser estendido a depender dos resultados. Lula vai receber um coquetel com três medicamentos: taxotere, cisplatina e fluorouracila. Os remédios vão agir para interromper a multiplicação desordenada das células, o que caracteriza a existência do tumor. O tratamento pode causar queda de cabelo, descamação da pele e o sistema imunológico pode ser afetado. Um cateter, ligado a uma bolsa que ficará amarrada na cintura de Lula, será instalado do lado de direito do peito do ex-presidente para que seja injetada medicação direto na corrente sanguínea por cinco dias. O que levou Lula ao hospital foi uma rouquidão anormal, que surgiu há cerca de 40 dias. Ele passou por uma ressonância magnética e uma tomografia de pescoço, exames que acabaram por levar ao diagnóstico da doença. AgendaA doença, diagnosticada no último fim de semana, fez Lula suspender a agenda de viagens nacionais e internacionais até janeiro de 2012. Desde que deixou a Presidência da República, Lula tem viajado pelo Brasil e pelo mundo fazendo palestras e se encontrando com chefes de Estado e personalidades. Segundo nota divulgada pela assessoria do ex-presidente, a agenda foi revista para que Lula possa se concentrar no tratamento do câncer. A agenda internacional do ex-presidente incluía uma viagem à capital dos Estados Unidos, Washington, no dia 9 de novembro, para receber o Prêmio da ONG norte-americana Africare. No dia 10 do mesmo mês, Lula tem marcada uma palestra na República Dominicana, de onde seguiria para a Venezuela, para encontro com o presidente Hugo Chávez no dia 11.

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