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"Vai ser uma ocupação militar", diz antropólogo sobre a Copa

"O governo não vai deixar nada ocorrer. Vai ser uma ocupação militar", declarou James Holston durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura

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18/04/2014 às 12:17 • Atualizada em 27/08/2022 às 7:39 - há XX semanas
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As manifestações de junho de 2013, durante a Copa das Confederações, e as recentes manifestações contra a Copa do Mundo - em uma delas um jovem foi baleado - não devem ocorrer com a mesma intensidade durante o Mundial. Para o antropólogo norte-americano, autor de A Cidade Modernista: uma Crítica de Brasília e sua Utopia, James Holston, as Forças Armadas brasileiras agirão de forma ostensiva para garantir a ordem durante os jogos. "Eu achava há uns meses que a Copa ia esquentar muito nas novas manifestações, mas eu sou muito pessimista, eu acho que as cidades brasileiras vão ser ocupadas pelo Exército", diz. O antropólogo desenvolveu estudos no Brasil, sempre focado na constituição da sociedade moderna por meio da análise de cidades. Atualmente, Holston desenvolve pesquisa no Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Para ele, a ocupação do local é um exemplo do que será feito na Copa do Mundo. Cerca de 3 mil homens do Exército entraram no local sob o pretexto de pacificação. A violência, no entanto, não acabou. Na quarta-feira (17), um menino de 4 anos de idade foi encontrado morto dentro de uma casa da comunidade da Baixa do Sapateiro. "O governo não vai deixar nada ocorrer. Vai ser uma ocupação militar. Isso já aconteceu, em 1992, no Rio de Janeiro [na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio 92]. A força militar ocupou. Maré é um exemplo [do que vai ser feito]", explica o antropólogo. Leia também: Retirada dos ingressos da Copa do Mundo já começou no Iguatemi Holston participou da mesa As Transformações nos Países Emergentes e as Alterações nos Padrões de Consumo e na Cultura, na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. O diplomata brasileiro, ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos e ex-alto representante-geral do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães, acredita que mesmo que os protestos ocorram, dificilmente vão gerar transformações efetivas no Brasil. "É possível que haja outras explosões [manifestações na Copa] e isso tem impacto político, mas não transforma", diz. Segundo ele, para que haja transformações é preciso participar do processo político. "É preciso que as pessoas se organizem, debatam, se reúnam para apresentar soluções e pressionar o estado, senão são explosões de raiva". O governo tenta aprovar no Congresso Nacional, antes dos jogos, que começam no dia 12 de junho, lei que regulamenta as manifestações de rua. Entre as alterações estão penas mais rigorosas para os casos de lesão corporal. A Bienal do Livro ocorre em Brasília, até segunda-feira (21). A entrada é gratuita. A programação está disponível na página do evento. Ontem, com a morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez, os debates ocorreram depois de uma salva de palmas em homenagem a ele.

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