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Coluna ValoRH: Por uma educação moderna

Especialista faz uma análise sobre o Exame Nacional do Ensino Médio

• 13/11/2014 às 9:10 • Atualizada em 27/08/2022 às 13:13 - há XX semanas

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Esta foi a semana do Enem, que mobilizou milhões de estudantes em todo o Brasil e que aos olhos de muitos pode parecer a mais grave deformidade educacional que se poderia conceber. Esta confluência de milhões de estudantes em busca de uma nota que os qualificaria para buscar uma vaga em uma “Universidade Pública e Gratuita” constitui um verdadeiro monstro educacional, o qual infelizmente, já tomou conta do sistema de ensino. É um monstro educacional porque ao criar um único parâmetro balizador, o critério único, e o índice de aferição de qualidade das escolas, para o qual, queiramos ou não, acabamos por considerar como critério de escolha, empareda o sistema de ensino. É a morte da diversidade educacional e a distorção dos objetivos. O objetivo da escola não é mais educar, ou preparar para o futuro que a todo momento se modifica. Sim, o futuro se modifica a todo o momento, dado que o que projetamos como carreira ou profissão, a todo momento se altera. A escola brasileira se transformou em um curso preparatório para o Enem desde o ensino fundamental, ainda que algumas tentem manter algum tipo de personalidade, o fato é que o monstrengo balizador termina por enquadrar todos os estudantes em um mesmo parâmetro de ensino. Sem termos acesso aos critérios que as sumidades de Brasília recorreram para determinar o que todos os estudantes, isto mesmo, de norte a sul do país, o que todos os estudantes devem saber, vamos aos poucos destruindo a diversidade educacional. Quem tem gosto para ver novelas, e ainda que não goste, talvez tenha se detido um pouco na inovadora proposta de roteiro apresentada pela Geração Brasil. Afora gostos e padrões estéticos, a novela levantou um tema interessante acerca dos desafios que esperam as novas gerações. Sem dúvida alguma, saber programar, ou codificar um programa, ou mesmo entender o seu funcionamento e sua lógica, será determinante para o sucesso das próximas gerações. Não se observa, na grande maioria das escolas, um olhar antenado sobre a importância da codificação, ou seja, saber implementar códigos, entender o que é um algoritmo. Para quem acha esta preocupação um tanto high-tech, convém dar uma olhada para fora da janela usual e buscar algumas informações adicionais no Code.org. Existe uma preocupação imensa nos USA com a formação de novos programadores. Para quem se preocupa apenas com a carreira de medicina e imagina que a computação nada tem a ver com sua área de atuação, valeria a pena dar uma olhada no projeto Watson, da IBM. Neste projeto um computador é capaz de, a partir do exame do paciente, de determinar o melhor tratamento e local de referência para tratar determinado tipo de câncer, em uma velocidade e precisão que superam a capacidade do ser humano. Muitos poderão não gostar do que dizemos aqui, mas é muito provável que o médico do futuro, no que concerne à medicina diagnóstica, muito provavelmente será um robô. Não o robô androide, com braços e pernas, mas super-máquinas conectadas que, a partir de sintomas e exames serão capazes de emitir diagnósticos e tratamentos precisos. Por outro lado, o ensino da lógica e a forma como a matemática vêm sendo ensinadas, para o mundo moderno, requer o uso da máquina, do computador. E se alguém levantar o braço para contestar pelo seu custo, poderemos contrapor com o custo logístico e material de imprimir milhões de livros de qualidade duvidosa que versam sobre assuntos que estão amplamente disponíveis na Web, em variados formatos e com diferentes níveis de qualidade, muitos excelentes, apenas para atender interesses de uma parte da indústria editorial. O ensino de matérias como física vem sendo completamente negligenciado, sendo entendido, do ponto de vista do Enem, como submatéria, já que vale poucos pontos em comparação com outras. Este sistema de avaliação pode literalmente condenar à ignorância milhões de estudantes que poderiam evoluir muito mais na carreira de exatas. Ao jogar todos no mesmo saco e com o mesmo critério de avaliação, muitos engenheiros poderão deixar de ser formados. Por fim, para evoluir neste novo mundo, que nem é tão novo assim, o conhecimento pleno da língua inglesa há muito deixou de ser acessório e deveria ser considerado tão importante quanto o de português. Vários grupos de nacionalistas de defensores da cultura nacional poderiam criticar esta informação, mas basta uma rápida sessão de pesquisa sobre os mais variados assuntos para constatar que o conteúdo em português relativo a novos conhecimentos é muito limitado. Sem o conhecimento pleno da língua inglesa, não se pode avançar. Talvez não seja possível mais mexer com o monstro do Enem, mas seria possível retornar à lógica da diversidade se algumas provas fossem eletivas e outras fossem ponderadas por área, ao menos isto. Por fim, a destruição do mito da Educação Universitária Pública e Gratuita precisa ser extirpado de uma vez por todas. Este mito contribui para a desigualdade e deveria ser substituído por um sistema mais justo, onde quem pode pagar, paga, e quem não pode, não paga. Simples assim.

Sérgio Sampaio
E-mail: [email protected]
Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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